Bush, que fizeste com teus irmãos?
21/03/2003
- Opinión
E de repente o Cristo do Corcovado estremeceu e se animou. O que era
cimento e pedra se fez corpo e sangue. Erguendo os olhos, viu multidões que
enchiam ruas e praças do mundo interiro, carregando bandeiras brancas e
clamando: queremos paz e nunca mais a guerra. Então, cheio de
enternecimento, abriu a boca e disse:
"Bem-aventurados sois todos vós, operadores da paz porque sereis chamados
filhos do Altíssimo e amigos da Terra. Benditos sois vós porque guardastes
a memória do arco-iris, a aliança que selei com toda a vida para sempre".
E olhando mais ao longe viu cidades milenares destruidas, monumentos da
cultura humana reduzidos a pó, corpos estraçalhados, crianças calcinadas
pelo fogo, mulheres mutiladas pelos estilhaços de bombas e sangue, muito
sangue pelas paredes fumegantes. E cheio de iracundia sagrada, com voz
cortante, falou e disse:
"Ai de vós, senhores da guerra, inimigos da vida e da natureza e
assassinos de meus irmãos e irmãs do Islam. Raça de víboras peçonhentas,
por que não escutastes o clamor da humanidade suplicando diálogo,
negociação e paz?
Blasfemos, usais o nome do Deus da vida para tirar a vida dos outros.
Hipócritas, desprezastes as leis que vós mesmos criastes para conter a
vontade de agredir e de matar. Por que desrespeitastes as normas
internacionais que salvaguardam a justiça mínima e a humanidade elementar?
Por que com sacos de dinheiro vil fizestes tudo para comprar as
consciências e extorquir a licença para atacar e matar? Covardes,
escolhestes um pais sitiado, humilhado e extenuado para mostrar a vossa
capacidade de devastação como jamais vista na face da Terra.
Ai de vós, terroristas do medo, que a pretexto de desarmar um tirano que
vós mesmos armastes com armas de destruição em massa, mentistes ao povo,
alegando perigo iminente de ataque. Contra todo o sentido do direito, vos
antecipastes com uma guerra sem qualquer proporção. Mais que petróleo,
quereis destruir a quem não se submeter aos vossos interesses estendidos a
todo o Planeta.
Maldita a guerra preventiva que vos trouxe o medo preventivo. Não vedes
que fizestes vossos povos reféns do medo, medo de entrar num avião, medo de
cartas, medo de árabes, medo de muçulmanos, medo de vós mesmos? Malditas as
bombas inteligentes. Mais maldita ainda a "mãe de todas as bombas" cuja
destruição só fica atrás das armas nucleares.
Ai das inteligências que excogitaram essa máquina de morte contra todas
as formas de vida. Abristes as portas do inferno e liberastes os demônios
com terror e massacres. Que fizestes com meus e vossos irmãos? Que
fizestes? Pai Santo, olha para os humanos, meus irmãos e irmãs menores.
Dai-lhes o cuidado de uns para com os outros a fim de que nasça a paz
verdadeira. Que zelem pela única Casa Comum, a Terra, que se enxugem
mutuamente as lágrimas, que se apertem as mãos, que se beijem na face, que
sentem à mesa e sintam a generosidade da comida suficiente para todos. E
riem e cantem e amem e venerem sob o mesmo arco-iris da graça divina que se
estende sobre todos, expressão de teu e nosso Reino de benquerença e paz.
* Leonardo Boff. Teólogo
https://www.alainet.org/de/node/107139
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