Em busca de sentido

11/05/2003
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Estamos em plena crise da racionalidade moderna. O Muro de Berlim ruiu, as utopias evaporaram, os paradigmas entraram em parafuso e a esperança exige, hoje, a lanterna de Diógenes. Neva em nossos corações e mentes. Vitória da economia de mercado? O fracasso é o do capitalismo implantado, há pelo menos um século, na África e na América Latina. O único país de nosso continente que logrou assegurar condições mínimas de vida ao conjunto de sua população foi Cuba. Graças ao socialismo. E se em Cuba as coisas não estão melhores não é porque Fidel Castro nega ouvidos aos patronos de ditaduras que insistem em lhe dar lições de democracia, mas devido ao bloqueio imposto pelo governo dos EUA e à desintegração da União Soviética. Há um duplo aspecto na atual onda de misticismo. De um lado, a idolatria do capital e do mercado. Já que não se pode mudar o mundo, o negócio é ganhar dinheiro e, se possível, mudar a si mesmo: um novo penteado, uma plástica, uma tatuagem... E, para muitos, o barato é mergulhar no mistério, seja pela via dos aditivos químicos, como as drogas, seja pela via dos modismos religiosos e esotéricos. Ao contrário das tendências esotéricas, em geral voltadas para o próprio umbigo, o cristianismo faz do outro uma referência divina. E proclama o amor como experiência de Deus. Nessa linha, a esperança ressurge: Deus servido e contemplado lá onde Jesus se identifica ao reconhecer "tive fome e me destes de comer" (Mateus 25, 35-41): nos meninos e meninas de rua, nos desempregados, nos aposentados, nos enfermos, nos oprimidos. O amor como desafio místico e político. E a oração como estímulo da ação. Enfim, estamos todos em busca de um sentido mais profundo para esta breve existência. * Frei Betto é autor de "A Obra do Artista"
https://www.alainet.org/de/node/107525?language=es
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