Encontro Nacional de Direitos Humanos 2005
Carta de Brasília
18/08/2005
- Opinión
Direitos humanos devem ser prioridade
Após dois dias de Encontro, em que nós, militantes, defensoras e defensores de
direitos humanos, parlamentares comprometidas (os) com as causas populares,
servidoras e servidores públicos de instituições federais, estaduais e
municipais, compartilhamos experiências e produzimos subsídios para a
formulação de políticas públicas destinadas a consagrar o direito à
comunicação como direito humano fundamental e de fazer avançar a implementação
do conjunto de direitos humanos; avaliamos o Encontro como um valioso momento
de convergência e projeção de idéias para o planejamento e a construção de um
sistema de comunicação livre e plural, que assegure a difusão das muitas vozes
deste País.
Declaramos que:
1. A Comunicação é um direito humano que deve ser tratado no mesmo nível e
grau de importância que os demais direitos humanos. O direito humano à
comunicação incorpora a inalienável e fundamental liberdade de expressão e o
direito à informação, ao acesso pleno e às condições de sua produção, e avança
para compreender a garantia de diversidade e pluralidade de meios e conteúdos,
a garantia de acesso eqüitativo às tecnologias da informação e da comunicação,
a socialização do conhecimento a partir de um regime equilibrado que expresse
a diversidade cultural, racial e sexual; além da participação efetiva da
sociedade na construção de políticas públicas, tais como conselhos de
comunicação, conferências nacionais e regionais e locais. A importância do
direito humano à comunicação está ligada ao papel da comunicação na construção
de identidades, subjetividades e do imaginário da população, bem como na
conformação das relações de poder.
2. O direito de ter voz e de se fazer ouvir vincula-se à necessária existência
de um sistema que viabilize o exercício da liberdade de expressão mediante o
acesso à uma mídia livre e pluralista que faça distinção entre a opinião e o
relato dos fatos; respeite e incorpore as diversidades étnicas, raciais,
sexuais, culturais, regionais e das pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida; que atue na educação em direitos humanos e na difusão de informações
sobre as questões políticas, sociais, econômicas e culturais de maneira veraz
e ética, em processos institucionais que tenham efetiva participação da
sociedade e controle social.O monopólio e o oligopólio em todas e em quaisquer
partes dos ramos institucionais e empresariais das comunicações é impedimento
e barreira para o exercício do direito humano à comunicação.
3. É necessário o reconhecimento do racismo, sexismo, xenofobia, homofobia e
lesbofobia, preconceito religioso e as outras formas de intolerância
existentes na cultura brasileira, que se reproduz nos meios de comunicação e
nas instituições educacionais, para exigir mudanças radicais no estatuto das
comunicações, na publicidade e nos instrumentos de difusão e educação. É
imperiosa a presença efetiva, global e representativa da diversidade cultural
e da riqueza intelectual e simbólica dos homens e das mulheres afro-
descendentes e indígenas.
4. Verificamos que os direitos humanos ainda não estão considerados como base
para a formulação das prioridades governamentais e um conjunto muito
significativo de atividades, ações e programas de direitos humanos essenciais
para a sociedade não têm recebido prioridade na formulação do orçamento da
União nem estão incorporados na preocupação dos dirigentes governamentais.
5. Consideramos atentados aos direitos humanos e à dignidade humana os atos de
corrupção, de desvio de recursos públicos e a má aplicação do orçamento e a
alocação de 70% dos recursos da União para o pagamento do serviço da dívida
pública. A corrupção retira recursos que poderíam estar salvando vidas,
garantindo a alimentação saudável, a segurança pública, a educação universal,
a saúde, empregon e as reformas urbana e rural. O controle e a participação
social, o acesso à comunicação, à informação e aos documentos e o Estado laico
são garantias fundamentais para a construção de políticas de efetivação dos
direitos. E a superação desse quadro requer a construção de um novo modelo
econômico e político, pautado na promoção dos direitos humanos.
6. A sociedade brasileira terá em outubro a grande oportunidade para reafirmar
o direito à vida, sinalizando, com o voto a favor do desarmamento, que o
Brasil pode ter políticas públicas que privilegiem a paz e uma cultura de não-
violência. São jovens, na maioria negros, que estão perdendo as vidas,
assassinados com armas de fogo e pelo acesso fácil a armamentos e munições.
Votamos Sim e conclamamos todos e todas a votarem em favor da vida.
7. O rebaixamento da condição institucional da Secretaria Especial de Direitos
Humanos representa simbolicamente a falta de prioridade dos direitos humanos
na agenda governamental e dificulta a ação de articulação programática da
Secretaria dentro do Poder Executivo. Apelamos ao presidente da República que
reveja sua posição neste sentido e faça retornar a Subsecretaria de Direitos
Humanos à sua condição política anterior.
8. Reafirmamos a imprescindibilidade da construção do Sistema Nacional de
Direitos Humanos conforme deliberado na IX Conferência Nacional de Direitos
Humanos, realizada em 2004.
Brasília, Câmara dos Deputados, 18 de agosto de 2005.
https://www.alainet.org/de/node/112785
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