Fim das utopias e ditadura dos mercados?
21/04/2012
- Opinión
O tema da mesa de debate na Bienal do Livro em Brasília colocou dois temas conexos. O alegado fim das utopias abriria caminho para a ditadura dos mercados.
O fim das utopias se ancoraria no fim do campo socialista e na redução do mundo ao horizonte do capitalismo, segundo a visão de Fukuyama, para quem tudo o que existisse no mundo se daria no marco da democracia liberal e da economia capitalista de mercado.
A passagem de um mundo bipolar para um mundo unipolar sob hegemonia imperial norteamericana expressaria esse cenário sem lugar para as utopias. Todos e tudo teria que ser reciclado para esse universo. Além dos que se valeram da circunstância para se bandear diretamente para as hostes vencedoras da direita, outros se refugiaram no liberalismo, como se fosse a versão mais “civilizada” do capitalismo.
O fim da URSS e do campo socialista fez com que Cuba conseguisse sobreviver, mas numa situação de defensiva, buscando sobreviver e, posteriormente, buscando os caminhos da readequação.
Para os que abandonaram qualquer possibilidade de ruptura com o sistema dominante, se reinserindo no seio do capitalismo, as utopias teriam terminado. Trata-se de convencer os demais. Mas principalmente contar com que as contradições inerentes ao capitalismo não aflorem de maneira aguda, desmentindo previsões e esperanças.
O fim das utopias trouxe consigo o abandono da esfera pública, do Estado, da política, de toda forma de ação coletiva e a entrega ao mercado. Desembocou assim na centralidade deste, diante de um Estado mínimo que renunciava a regulamentar a economia, a garantir os direitos elementares dos trabalhadores, a proteger o mercado interno, a induzir as modalidades de investimento.
O neoliberalismo produz isso – a ditadura dos mercados, considerados “os melhores alocadores de recursos”, entregando-se à lei da oferta e da procura a definição da repartição dos recursos econômicos. A crise de 2008 e seu segundo ciclo em 2011 desmistificaram esse clichê e quem, como a Europa, busca remédios de mercado aos males do mercado, aprofunda e estende sua crise.
Nem por isso as utopias voltam mecanicamente. Suas possibilidades residem nos que resistem às politicas neoliberais e a América Latina é o território privilegiado da construção de alternativas ao neoliberalismo. Reagindo contra o recorde negativo de ser o território mais desigual do mundo, pela primeira vez contando com uma maioria de governos progressistas, o continente promove políticas que priorizam as questões sócias e atacando a desigualdade e a miséria.
A construção de sociedades de igualdade, de solidariedade, de cooperação, é a via das utopias na era neoliberal.
O fim das utopias se ancoraria no fim do campo socialista e na redução do mundo ao horizonte do capitalismo, segundo a visão de Fukuyama, para quem tudo o que existisse no mundo se daria no marco da democracia liberal e da economia capitalista de mercado.
A passagem de um mundo bipolar para um mundo unipolar sob hegemonia imperial norteamericana expressaria esse cenário sem lugar para as utopias. Todos e tudo teria que ser reciclado para esse universo. Além dos que se valeram da circunstância para se bandear diretamente para as hostes vencedoras da direita, outros se refugiaram no liberalismo, como se fosse a versão mais “civilizada” do capitalismo.
O fim da URSS e do campo socialista fez com que Cuba conseguisse sobreviver, mas numa situação de defensiva, buscando sobreviver e, posteriormente, buscando os caminhos da readequação.
Para os que abandonaram qualquer possibilidade de ruptura com o sistema dominante, se reinserindo no seio do capitalismo, as utopias teriam terminado. Trata-se de convencer os demais. Mas principalmente contar com que as contradições inerentes ao capitalismo não aflorem de maneira aguda, desmentindo previsões e esperanças.
O fim das utopias trouxe consigo o abandono da esfera pública, do Estado, da política, de toda forma de ação coletiva e a entrega ao mercado. Desembocou assim na centralidade deste, diante de um Estado mínimo que renunciava a regulamentar a economia, a garantir os direitos elementares dos trabalhadores, a proteger o mercado interno, a induzir as modalidades de investimento.
O neoliberalismo produz isso – a ditadura dos mercados, considerados “os melhores alocadores de recursos”, entregando-se à lei da oferta e da procura a definição da repartição dos recursos econômicos. A crise de 2008 e seu segundo ciclo em 2011 desmistificaram esse clichê e quem, como a Europa, busca remédios de mercado aos males do mercado, aprofunda e estende sua crise.
Nem por isso as utopias voltam mecanicamente. Suas possibilidades residem nos que resistem às politicas neoliberais e a América Latina é o território privilegiado da construção de alternativas ao neoliberalismo. Reagindo contra o recorde negativo de ser o território mais desigual do mundo, pela primeira vez contando com uma maioria de governos progressistas, o continente promove políticas que priorizam as questões sócias e atacando a desigualdade e a miséria.
A construção de sociedades de igualdade, de solidariedade, de cooperação, é a via das utopias na era neoliberal.
https://www.alainet.org/de/node/157353
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