Derrotar a direita não permite vacilação!
06/10/2014
- Opinión
Concluímos o primeiro turno das eleições gerais com um Congresso Nacional mais conservador. A onda reacionária fortaleceu as bancadas ligadas à grupos evangélicos fundamentalistas, lideranças contra a ampliação de direitos e a chamada "bancada da bala", defensora da intensificação de medidas repressivas. Mas fortaleceu principalmente as bancadas patronais ligadas aos grandes grupos econômicos.
Votos nulos, em branco e a abstenção apresentaram um significativo crescimento, permitindo concluir que também canalizaram a insatisfação dos eleitores.
A conjunção entre um quadro recessivo na economia e o momento eleitoral sempre fragiliza a situação e fortalece o discurso oposicionista. Neste contexto, as forças neoliberais percebem a possibilidade de vitória e jogarão todas as suas fichas nos próximos dias. O confronto entre Dilma Rousseff e Aécio Neves será uma batalha decisiva, duríssima, que exigirá a mais ampla mobilização de todos os setores populares e de esquerda em nosso país.
Neste momento, assistimos o esforço da candidatura de Aécio Neves para disputar o espólio eleitoral de Marina Silva, em especial os setores mais reacionários que haviam enxergado uma possibilidade de vitória através da candidata do PSB. Para isso, contará com o apoio infalível da grande mídia que também se prepara para utilizar toda sua artilharia de denúncias nas próximas semanas.
Mais do que nas outras eleições em que a candidatura do PT enfrentou-se com o PSDB, a vitória de Dilma Rousseff dependerá da mobilização militante. Uma eleição a ser decidida com o trabalho voluntário, de casa em casa, nas ruas, como nos melhores momentos da história do PT. E dependerá, muito mais, da ousadia em aprofundar o programa de mudanças, deixando claro para a juventude trabalhadora e a militância popular seu compromisso e disposição concreta em enfrentar os complexos desafios das mudanças sociais.
O segundo turno favorecerá o debate político entre dois projetos distintos. O significado do retorno do neoliberalismo, com suas privatizações, alinhamento com os EUA e redução de investimentos sociais de um lado e a necessidade da frente neodesenvolvimentista avançar no enfrentamento dos problemas estruturais que foram relegados em nome da manutenção da unidade com setores burgueses, de outro.
A proposta de uma Plataforma dos Movimentos Sociais, elaborada por 60 organizações sociais de todo o país é uma alternativa concreta, possível e imediata da necessária radicalização que deve ser acolhida pela candidatura de Dilma para enfrentar a ofensiva neoliberal neste segundo turno.
O momento histórico não permite vacilações. É preciso derrotar o neoliberalismo. Silenciar num momento tão decisivo ou esconder-se com o pretexto da coerência num discurso sectário é cometer um grave erro político.
Permitir uma derrota para o projeto do neoliberalismo significa uma tragédia não só para as forças populares em nosso país, mas para todos os governos progressistas de nosso continente, fortalecendo o imperialismo com implicações geopolíticas mundiais.
Porem, mesmo vitoriosa Dilma governará com uma correlação de forças desfavorável no Congresso Nacional, com os setores médios, também chamados de "classe média alta" extremamente rancorosos e com uma parcela do eleitorado muito desconfiada de seus reais compromissos em aprofundar as mudanças.
Este cenário reforça, mais ainda, a necessidade de lutar por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. Sem enfrentar o atual sistema político estaremos condenados a assistir o fechamento de um verdadeiro cerco político reacionário.
É fundamental enfrentar a ofensiva neoliberal e apoiar a candidatura Dilma, mas não de forma subordinada, apenas reproduzindo os slogans e frases de campanha. Erguer com força a bandeira da 'Constituinte Já', exigir que seja Exclusiva e Soberana, trabalhar a 'Plataforma dos Movimentos Sociais', aproveitar o momento eleitoral para o debate político com povo são os caminhos de um apoio político que compreende que não basta ganhar, será preciso ser ousado para exigir mudanças políticas que se não forem realizadas permitirão que se feche o cerco conservador.
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