Grotesca despedida

16/01/2009
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O presidente George Bush deixa a Casa Branca depois de oito anos de uma desastrosa (para nós) atuação. É claro que para os banqueiros, milionários, mega-empresários e os mercenários de plantão não houve presidente melhor. Ao longo destes tristes anos ele provocou guerras, empanturrou as burras da indústria de armas, manipulou o tabuleiro da geopolítica ao bel prazer das armas, da violência e do que o estadunidense John Perkins chamou de assassinos econômicos. Assim, o que não conseguiu com seu exército armado, garantiu na dependência econômica. Tudo isso, é claro, com a conivência das elites entreguistas dos países onde meteu o nariz. Os traidores estão sempre prontos a entregarem suas almas a troco de algum punhado de dólares.
 
 Não bastasse isso, no interior dos Estados Unidos também aprontou das suas. Em nome da segurança nacional, depois do 11 de setembro – que muita gente boa diz ter sido provocado pelas agências secretas do próprio país – aboliu direitos individuais, acabou com o habeas corpus, institui a caça às bruxas e anunciou uma guerra sem trégua contra o “terrorismo”, leia-se aí, qualquer povo que não aceite o domínio dos Estados Unidos. Destruiu países, matou gente, tudo baseado em mentiras.
 
Assim, o encerramento de seu mandato não poderia ter sido mais paradigmático. Para agradecer os chacais que garantiram seu domínio sobre os “de abajo”, ofereceu a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do país, a três dos seus mais importantes aliados. Tony Blair, da Inglaterra, John Howard, da Austrália e o latino-americano Álvaro Uribe, da Colômbia.
 
Para os latino-americanos esta medalha é uma provocação. Condecorar o presidente colombiano - responsável pela ocupação do país por tropas estadunidenses, terrorismo de estado, violência, crimes de toda ordem – com uma medalha que leva o nome de “liberdade” é tripudiar sobre todo um povo. “Estes homens foram responsáveis por levar esperança e liberdade aos povos”, disse Bush. Sim, é verdade. Esperança e liberdade para os empresários da construção civil que estão re-construindo (?) o Afeganistão e o Iraque. Esperança e liberdade para os donos das indústrias de armas, de alimentos, e até de filtro solar. Enfim, esperança e liberdade para os mesmos de sempre, que têm dominando o planeta apoiados na força dos canhões.
 
No caso da América Latina, a presença maciça dos marines e dos treinadores de soldados na região amazônica é uma clara ameaça para a segurança das gentes. O governo da Colômbia foi, nestes anos de Bush, um fiel servidor, um vassalo escrupuloso que não hesitou em assassinar e desalojar sua gente para garantir o domínio estadunidense na região. Serve de base para a espionagem à Venezuela, à Bolívia e ao Equador, o qual atacou numa ação de guerra, com a desculpa de buscar “terroristas” das Farcs. Assim, do ponto de vista do poder, nada mais justo do que espetar o peito destes criminosos com medalhas de mérito.
 
Agora, os Estados Unidos terão um novo presidente. Mas, pelo que se vê, nada de novo acontecerá. A política imperialista seguirá seu curso, e os servos de plantão já preparam suas bajulações. O ataque genocida à Gaza, o silêncio dos governantes - com raras exceções - mostra que nada mudou. A única esperança de liberdade, para os que estão sob as botas, continua sendo a organização e a luta renhida. No mundo dos “felizes”, como diria Wittgenstein, as medalhas vão para os assassinos. Já no nosso mundo, o único metal que nos chega ao peito é a bala dos matadores. Por isso há que recuperar o ódio, “o ódio são, aos vilões do amor”, como dizia o poeta Cruz e Souza.
 
Não é à toa que uma organização de direitos civis dos Estados Unidos, a Washington Peace Center, promete exigir, durante a posse de Obama, a prisão de Bush como criminoso de guerra. “Prendam Bush”, é o grito de guerra de uma minoria valente que se expressa lá dentro, nas entranhas do império. Mas, não há dúvida de que o presidente Obama fará ouvidos moucos.
 
O que resta é a luta. Com sapatos, poemas e balas.
 
Para acompanhar a batalha dos estadunidenses pela prisão de Bush, basta acessar a página na rede mundial de computadores. http://arrestbush2009.com
 
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