Governo responderá Via Campesina até fim de semana
23/08/2011
- Opinión
Após ocupar o Ministério da Fazenda, movimento reuniu-se por mais de três horas com o governo federal. Mobilização continua nesta semana
Brasília (DF).- Na noite desta terça-feira (23), a Via Campesina Brasil foi recebida no Palácio do Planalto, em Brasília, pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, o representante da Secretaria do Tesouro Nacional, Arno Hugo Augustin Filho e o presidente do Incra, Celso Lacerda.
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“O governo afirmou que todas as nossas demandas, com exceção da construção da usina de Belo Monte, são possíveis de serem atendidas. A partir desse ponto foi possível construir um calendário de reuniões para poder ir encontrando soluções para os diversos pontos”, disse Valdir Misnerovicz, da coordenação nacional do MST e da Via Campesina.
De acordo com Valdir, o grupo inter-ministerial irá levar as pautas para a presidenta Dilma ainda na manhã desta quarta-feira (24). O desfecho das negociações acontecerá quinta (25) ou sexta-feira (26).
Pautas
As principais pautas de negociação da Via Campesina refere-se ao assentamento imediato das 60 mil famílias acampadas, a recomposição do orçamento do Incra para obtenção terras – cujos R$ 530 milhões para desapropriações no ano já foram executados e o orçamento para o ano que vem é ainda menor, com um corte de R$ 65 milhões -, e a renegociação das dívidas da agricultura familiar, composta em R$ 30 bilhões.
A luta pela educação no campo também é uma das principais pautas em discussão, pois nos últimos oito anos foram fechadas mais de 24 mil escolas no meio rural, segundo dados do Censo Escolar do INEP/MEC (2002 a 2009), e da Pesquisa de Avaliação da Qualidade dos Assentamentos da Reforma Agrária INCRA (2010).
Pressão da direita
Ainda nesta terça (23), a senadora Kátia Abreu (TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), solicitou uma reunião com a presidente Dilma Rousseff. A senadora disse condenar "fortemente" as invasões do MST a fazendas, mas afirmou desconhecer que os sem-terra haviam ocupado o Ministério da Fazenda. "Eu não sabia que tinham invadido o ministério, vocês estão me contando agora. Ela [presidenta Dilma] não comentou nada", afirmou.
No mesmo dia, a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado realizou audiência com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa Lacerda. A comissão convocou a audiência para “explicar denúncias de venda irregular de lotes destinados a assentamentos de reforma agrária”.
"As primeiras denúncias surgiram em 2003, quando o Incra abriu sindicância para apurar desvios de recursos, constatando a ocupação irregular das parcelas", esclareceu o presidente do Incra. Lacerda disse que também foi feito levantamento ocupacional, com a instauração de processos administrativos, e a Justiça foi acionada para a retomada dos lotes. Após as explicações, coube aos senadores tucanos cobrarem mais transparência da autarquia.
Mobilizações continuam
Mesmo após a reunião com o governo, a Via Campesina garantiu que seguirá mobilizada na capital. “Tudo o que será feito vai depender do retorno das negociações. Estamos com expectativa e esperamos que por parte do governo tenhamos retorno a contento. Nós estamos dizendo que continuaremos mobilizados, de plantão, avaliando a cada reunião, a cada retorno, o que fazer”, disse o dirigente Misnerovicz.
Na manhã desta quarta, a Via Campesina se junta a centrais sindicais e a outros movimentos populares para uma marcha na Esplanada dos Ministérios. Na pauta estão a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação, o fim dos leilões de concessão de petróleo e gás, entre outras.
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