Artistas e políticos defendem reforma agrária e agroecologia em feira do MST
- Opinión
São Paulo (SP).- A Conferência "Alimentação Saudável: um Direito de Todos e Todas", que ocorreu neste sábado (6), se transformou em ato político em defesa da reforma agrária e da agroecologia. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cerca de 10 mil pessoas acompanharam, presencialmente, a atividade — que é parte da programação da 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária.
O ex-presidente do Uruguai José Mujica; a atriz Letícia Sabatella; o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha; a apresentadora Bela Gil e; o dirigente nacional do MST João Pedro Stedile, participaram do evento.
Na abertura da conferência, Stedile destacou a importância do MST e do evento para a soberania alimentar no país. O movimento é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, com mais de 600 mil sacas produzidas pelo movimento. "A reforma agrária e o apoio à população camponesa são fundamentais para a política da soberania alimentar", pontuou o dirigente.
Bela Gil falou sobre importância da agricultura familiar para a base alimentar do país. Segundo dados do extinto Ministério do Desenvolvimento Agrário, em 2015, a agricultura familiar respondia por cerca de 70% dos alimentos consumidos em todo o país. Ainda assim, por causa da presença extensiva do agronegócio e o uso de venenos na produção, a apresentadora avalia que o Brasil está atrasado no tema.
"A gente precisa do apoio da sociedade civil porque, se depender do apoio do governo e do Estado, a gente fica totalmente dependente do agronegócio. O brasileiro precisa enxergar a importância do trabalho do MST e da importância de uma reforma agrária urgente", declarou a apresentadora.
Para a ativista, as alternativas ao agronegócio passam pelo cuidado com a terra, a agricultura familiar e o menor consumo de produtos ultraprocessados. E, para driblar grandes empresas e diminuir os agrotóxicos nos alimentos, Gil aposta na criação de uma taxação para compra e uso de venenos no país.
Na mesma linha, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha defendeu uma aliança entre a saúde pública e a agricultura familiar. Para ele, a questão essencial do direito à alimentação, atualmente, é a proteção da cultura e diversidades locais. Entre os dez países do mundo que têm menor taxa de obesidade, a explicação é o menor consumo de produtos padronizados, analisou o ex-ministro, .
"Ou seja, onde a comida afeta menos a saúde das pessoas é exatamente aqueles países com pratos tradicionais, uma comida diversificada, onde as pessoas não caíram na fantasia do fast food e dos produtos ultraprocessados", disse o ex-ministro.
Já a atriz Letícia Sabatella se posicionou pelo empoderamento dos pequenos agricultores. "São muito bacana iniciativas como essa [a Feira da Reforma Agrária], que nos lembra que somos uma comunidade, que nos colocam em sintonia com a sustentabilidade", disse a atriz.
O ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica também participou da conferência. Mujica afirmou que a crise ecológica é uma consequência de uma crise política e cultural. "A civilização baseada na ganância produz o consumidor que trabalha permanentemente; ele não tem tempo para os afetos e para o amor", disse.
No evento, o ex-presidente do Uruguai elogiou o MST: "Lutam por uma causa justa em um país feudal". Antes da conferência, o político havia participado de uma entrevista coletiva com jornalistas de veículos independentes.
A Feira Nacional da Reforma Agrária ocorre até este domingo (7) no Parque da Água Branca, São Paulo (SP).
Edição: Anelize Moreira
06 de Maio de 2017
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