Avenida Paulista clama pela defesa de Lula, da democracia e contra a agenda de Temer
- Opinión
São Paulo – Milhares de manifestantes ocupam a Avenida Paulista, em frente ao Masp, em São Paulo. Os presentes criticam a agenda de reformas do governo de Michel Temer (PMDB) e, sobretudo, estão em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pelo juiz Sergio Moro no âmbito da operação Lava Jato relativo ao processo envolvendo o tríplex do Guarujá.
Entre os militantes, jovens e idosos, integrantes da população LGBT, negros, ativistas de movimentos de moradia, de sindicatos, entre outros. Os manifestantes fazem uma verdadeira festa na Paulista com batuques e bandeirões. “Eleição sem Lula é fraude” são as palavras desenhadas no maior deles.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, destacou que o ato era contra todas as expressões do golpe. "A resposta que temos a dar é o fora Temer, o fora Maia, diretas já e Lula presidente. O Lula é a cara desse povo trabalhador, das mulheres, dos estudantes, que não querem que o país seja só para alguns", afirmou. Freitas disse ainda que os sindicatos e movimentos sociais vão articular uma nova ida a Curitiba, durante o depoimento de Lula marcado para setembro.
O objetivo da condenação de Lula foi a pauta do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos. "Moro age como um promotor acusador. Quando isso acontece não podemos falar em democracia. Não podemos aceitar essa postura do judiciário, porque o que eles querem é resolver a eleição de 2018 no tapetão. Eleição se ganha é no voto", afirmou.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou estar "indignado com tanta destruição que quero dar alguns recados. Moro, você é um covarde. Juiz não é isso, juiz é imparcial. Moro, você é um fantoche da Globo. Quero ver bloquear as contas do Aécio com as malas de R$ 500 mil. Também quero dar um recado para a Fiesp e para a Globo, o Temer é um personagem menor. Quem comanda é o capital e a Globo, a turma do pato amarelo, os irresponsáveis que se aliaram a Cunha e Aécio".
"Diziam que era só tirar a Dilma que tudo se resolvia. Hoje temos 14 milhões de desempregados, o Brasil voltando para o mapa da fome. Eles não ligam para o povo, a cabeça deles é escravocrata. Querem só reduzir salário e não reduzir o lucro deles. Nunca aceitaram pobres em universidades, pobres em aeroportos. Querem agora fazer uma a eleição sem o Lula. Pensam que somos bestas. Arrumem um candidato e venham disputar nas urnas", completou.
Por fim, o senador mandou um recado ao ex-presidente: "Lula, eu sei que não está fácil. Você perdeu dona Marisa. Para mim, foram eles que a mataram porque ela não aguentou tanta pressão. Mas quem precisa do senhor são os pobres deste país. Antes do senhor ser presidente, morria uma criança a cada cinco minutos no país. Hoje, acabamos com isso".
Já a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, disse que "hoje é mais um capítulo da luta em que o povo ocupa as ruas do Brasil para dizer que o povo não aceita os ataques à democracia no nosso país. O Judiciário condenou o Lula sem provas e de forma injusta. O Brasil não é um país onde o povo abandona sua nação. Por isso, estamos nas ruas para defender Lula e a democracia. Não queremos reforma trabalhista e da Previdência, queremos novas eleições".
A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, a Bebel, disse que "estamos aqui por que não abdicamos dos nossos direitos nem da democracia. E condenar Lula é atacar a democracia. O piso dos professores foi uma conquista nacional do presidente Lula. Foi o ponto de partida, e o Alckmin paga, até hoje, 10% a menos do que o piso. A vitória do Lula é a vitória de todos os direitos da classe trabalhadora. Não vamos nos curvar diante deste 'juizeco'".
O cantos e compositor Chico César disse, entre duas canções, que "não se pode ignorar a importância de Lula para a cultura. A cultura tem que estar presente em um ato como esse porque Lula fez do Ministério da Cultura um ministério de verdade. Esse país é outro depois do Lula".
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) destacou que "as elites brasileiras não aceitaram a vontade do povo em 2014, que pela quarta vez derrotou os conservadores brasileiros. Agora temos que defender a democracia brasileira. E a democracia brasileira se chama Lula. O crime de Lula foi tirar 22 milhões de pessoas da pobreza, foi fazer a primeira mulher presidenta, fazer o país ser reconhecido e respeitado no mundo todo. Com o Temer, o Brasil passa vergonha".
Presidente da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, disse que “a condenação de Lula é mais um passo do golpe que começou com o impeachment da presidenta Dilma, passa pela retirada de direitos através das reformas trabalhista e da Previdência. Tudo isso é um golpe contra o povo trabalhador desse país. Não podemos aguentar isso”.
Presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores, Luiz Gonçalves, o Luizinho, afirmou que “queremos Lula em 2018 como candidato. Queremos o maior presidente da história deste país nas eleições de 2018. Vamos nos organizar para defendê-lo. Não queremos mais alianças com golpistas. Queremos uma grande aliança com partidos e movimentos que defendem o povo, a cultura e os programas sociais”.
Presente no ato, a vendedora ambulante Maria da Luz, que veio há 15 anos do interior do Piauí para a capital paulista, também deixou suas palavras de defesa ao ex-presidente. “A condenação do Lula é injusta. Ele trabalhou muito, fez muito pelo Brasil. O povo não reconhece. O Brasil não vai para frente do jeito que está. Ele fez muito pelos pobres e pelos ricos, mas os ricos não veem. Então, eles falam do Bolsa Família, chamam os pobres de miseráveis que não querem trabalhar. Eles querem tirar isso para ver o pobre na miséria”, disse.
Já a professora Carmen Perl disse estar "entrando em depressão" com o atual cenário político brasileiro. "Quero o Brasil de volta, quero voltar a sorrir, quero acordar tranquila. Chega, estou ficando deprimida com tudo que está acontecendo no Brasil. Injustiças. Fora Temer, Moro canalha e Aécio na cadeia. Vamos resgatar nossa democracia", disse.
"Convivi com a ditadura e vivi o FHC. Períodos de trevas, desemprego. As pessoas viviam na miséria, as crianças nas ruas. Ninguém lembra disso. Até nas músicas falavam, era horrível. Crianças abandonadas. Tudo muito difícil. Estamos vendo que agora vamos voltar para esse sistema de castas, como era na época do FHC", completou Carmen.
Com reportagem de Rodrigo Gomes
20/07/2017
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