Na segunda-feira (15) milhares de pessoas ocuparam as ruas do centro de San Juan, capital de Porto Rico, pelo terceiro dia consecutivo, para exigir a renúncia do governador Ricardo Rosselló por roubo de recursos destinados à educação e saúde. O protesto também se realizou na frente do Capitólio, sede da Assembleia Legislativa, e os participantes foram reprimidos pela polícia com golpes e gás lacrimogêneo.

O escândalo provocado pelo desvio de 15,5 milhões de dólares dos repasses do governo dos Estados Unidos para a Educação e a Saúde levou um júri federal a estender as acusações à ex-secretária de Educação Julia Keleher e à ex-diretora da Administração de Serviços de Saúde, Ángela Ávila, assim como a outras quatro pessoas.

“Ricky renuncia”, “Que vá embora, que renuncie” e “Chega de roubalheira” foram as exigências que acompanharam as manifestações.

Sob as leis de Washington, Porto Rico é definido como “um ‘território não incorporado dos Estados Unidos’”, situação rejeitada pela população que reivindica sua independência. A ilha do Caribe se declarou em bancarrota em maio de 2017 devido à dívida pública inflada pelos colonizadores. A seguir, em setembro de 2017, sofreu a enorme devastação causada pelo furacão Maria.

Os protestos pela renúncia do governador cresceram após ficar público um chat da plataforma Telegram no qual Rosselló faz troça em conversa com seu círculo íntimo, sobre as mortes causadas pelo furação e das exigências de que o governo cumpra com as promessas de atender a população atingida pelo desastre.

“A crise do regime colonial se aprofunda com as acusações de corrupção e a divulgação de conversações do governador e outros representantes do regime. Os Comitês da Resistência Boricua reivindicamos com mais força a renúncia do governador e de todo o gabinete do regime colonial, isso acompanhado com a exigência de transferência de Poderes, Soberania, Liberdade e Independência de nossa Pátria”, afirma em documento a Frente Independentista Boricua, organização que nucleia os porto-riquenhos que moram em outras regiões dos EUA.  “Denunciamos a metrópole, EUA, pela sua anuência, responsabilidade e cumplicidade na corrupção generalizada depois de 121 anos de regime colonial”, denuncia a Frente.

Nas 900 páginas de conversas, revelado pelo Centro de Jornalismo Investigativo, tem mensagens sexistas e depreciativas sobre jornalistas, políticos e ativistas de oposição.

16 de julho de 2019

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