Texto de domínio público distribuído pela ONU
Carta do Cacique ao grande chefe branco
19/09/2002
- Opinión
Esta carta foi escrita em 1854, pelo chefe Seatle ao presidente dos EUA,
Franklin Pierce, quando este propôs comprar grande parte das terras de
sua tribo, oferecendo em contrapartida, a concessão de uma outra
"reserva". O texto da resposta do cacique da tribo Duwamish tem sido
considerado, através dos tempos, como um dos mais belos e profundos
pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente.
"Como è que, se pode compra ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia
nós parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da
água, como è possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra è sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de
um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta
densa, cada clareira e inseto são sagrados na memória e experiência do
meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as
lembranças do homem vermelho. Os mortos do homem branco esquecem a sua
terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos
jamais esquecem esta bela terra, pois ela è a Mãe do homem vermelho.
Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são
nossas irmães, o servo, o cavalo, a grande água, são nossos irmãos. Os
picos rochosos , os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro
e do homem, todos pertencem a mesma família.
Portanto, o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar a
nossa terra , pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nós rezervará um
lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos
seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa
terra, mas isso não será fácil. Esta terra è sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não è apenas água ,
mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra , vocês
devem lembrar-se de que ela è sagrada, e devem ensinar ás suas crianças
que ela è sagrada e cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de
acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas è
a voz dos meus ancestrais Os rios são nossos irmãos, saciam nossa cede.
Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes
vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os
rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos
rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de
terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois è um
forasteiro que vem a noite e rouba da terra aquilo de que necessita. A
terra não è sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista,
prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e
não se incomoda. Rapita da terra aquilo que seria dos seus filhos e não
se importa. A sepultura do seu pai e os direitos dos seus filhos são
esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o seu irmão, o céu como
coisas que possam ser compradas , saqueadas, vendidas, como enfeites
coloridos. Seu apetite devora a terra deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas
cidades fere os olhos do homem vermelho . Talvez seja porque o homem
vermelho è um selvagem e não compreenda. Não há um lugar quieto nas
cidades do homem branco. Nenhum lugar onde possa se ouvir o desabrochar
de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja
porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente
insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o
canto solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa a
noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o
suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, a
música da chuva e o perfume dos pinheiros.
O ar è precioso para o homem vermelho, pois todas as criaturas
compartilham o mesmo sopro, o animal, a árvore o homem, todos
compartilham do mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar
que respira. Como um homem agonizante a vários dias, è insencível ao mal
cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar
que o ar è precioso para nós, que o ar compartilha seu espirito com toda
a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar
também recebeu seu ultimo suspiro. Se lhe vendermos nossa terra , vocês
devem manté-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem
branco possa ir saborear o vento perfumado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre a sua oferta de comprar nossa terra. Se
decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deverá tratar os
seres desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um
milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco
que os alvejou de um trem ao passar .Eu sou um selvagem e não compreendo
como è que a fumegante maquina de ferro pode ser mais importante que o
búfalo, que sacrificamos somente para manternos vivos.
O que è o homem sem a natureza? Se todos os animais se fossem ,o homem
morreria de uma grande solidão de espírito .Pois o que ocorre com animais
,breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo. Vocês devem
ensinar as suas crianças que o solo a seus pés è a cinza de nossos avôs.
Para que respeitem a terra ,digam a seus filhos que ela foi enriquecida
com as vidas de nosso povo. .Ensinem as suas crianças o que ensinamos às
nossas ,que a terra è nossa mãe Tudo o que acontece à terra ,acontecera
aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si
mesmos.
Sabemos que a terra não pertence ao homem :o homem pertence a terra.
Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família .Há uma
ligação em tudo O que ocorrer com a terra ,recairá sobre os filhos da
terra. O homem não tramou o tecido da vida :ele è simplesmente um de
seus fios .Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo ..Mesmo o homem
branco não pode estar isento do destino comum.. E possível ,que sejamos
irmãos ,a pesar de tudo De uma coisa estamos certos ,e o homem poderá vir
a descobrir um dia nosso Deus è o mesmo Deus. Vocês podem pensar que o
possuem, como desejam possuir nossa terra ,mas não è possível. Ele è o
Deus do homem e sua compaixão è igual para o homem vermelho e para o
homem branco .A terra è preciosa ,e feri-la è desprezar seu criador Os
homens- máquina também passarão ,talvez mais cedo que todas as outras
tribos. Contaminem suas camas ,e, uma noite, serão sufocados pelos
próprios dejetos .Não compreendemos ,que todos os búfalos sejam
exterminados ,os cavalos bravios sejam todos domados ,os recantos
secretos da floresta contaminados ,Onde está o arvoredo ? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu? .
~E o final da vida e início da sobrevivência.
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