Robotizaçao

15/09/2002
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Em 1998, o Time concedeu o título de "Homem do Ano" a um robô. Agora, exibiu-se no Japão um robô como manequim e, na Inglaterra, outro como apresentadora de TV. A vantagem do robô sobre o ser humano é que funciona sem contradições, não sofre interferência de emoções e sentimentos, possui inteligência computadorizada, sua consciência não tem história e ele é desprovido de sofrimento e moral. O robô não pergunta nem reclama, não engravida e fala o que está programado. Destituído de vontade própria, não se move por ambições e enquadra-se perfeitamente na categoria de "escravo cibernético", sem que os defensores da liberdade exijam a sua alforria. Aliás, robô vem do francês robot que, por sua vez, deriva do checo robota, que significa "trabalho forçado". Estamos sendo robotizados pela sociedade neoliberal, que se caracteriza pela penúria lingüística. A TV se impõe sobre nossas próprias imagens, rouba-nos sonhos e histórias, projetos e utopias. Somos paulatinamente transformados em felizes analfabetos quanto aos significados das coisas e da vida. Aos poucos, o fluxo de imagens, a abundância de informações, a enxurrada de entretenimentos desprovidos de conteúdoŠ tudo isso ameaça a nossa capacidade de reflexão própria, de consciência crítica, de indignação e solidariedade. Somos acomodados por não ter consciência de nosso analfabetismo filosófico. Vemos os fatos e os signos, mas não sabemos como alinhavá-los em significado coerente, que nos aponte um rumo de futuro. Robotizados pelos modismos, dedicamos ao corpo cuidados que não dispensamos à alma. Eis a contradição: nossa exuberância exterior não coincide com a nossa penúria interior. * Frei Betto é autor de "Entre todos os homens"
https://www.alainet.org/es/node/106416
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