Um novo MERCOSUL

26/11/2002
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Quem for a favor do chamado "livre comércio", deve realmente ser contra o Mercosul. Este, para ser coerente, deve proteger os países que o integram, da mesma forma que, por exemplo, os países da Comunidade Econômica Européia se privilegiam entre si. Com a integração européia, a Bélgica ficou mais perto de Portugal, mas ambos ficaram mais longe do Brasil. É o mesmo mecanismo – de proteção e de regulamentação econômica - que possibilitou, a nível nacional, que países como o Brasil pudessem se industrializar, ainda que de maneira parcial e deformada, ao longo do século XX. Se se tivesse mantido a política de "livre comércio" existente até 1930, teríamos seguido sendo uma economia primário exportadora. É o mecanismo de integração regional, com proteção interna a cada espaço integrado, que pode permitir que países como o Brasil possam conseguir uma integração soberana e não subordinada, como a atual. Por que o Mercosul entrou em crise? Pelas políticas de abertura econômica – de "livre comércio" – dos governos FHC e Menem, incompatíveis com processos de integração regional, que requerem formas de regulamentação e de proteção, que foram justamente combatidos e enfraquecidos por aqueles governos. Como superar essa crise? Fortalecendo e não enfraquecendo o Mercosul, a começar pela criação de uma moeda comum, que resgate a Argentina do risco da dolarização e crie um espaço de integração, inicialmente para a América do Sul, que ao mesmo tempo projete o Brasil como líder regional. Ao mesmo tempo, desenvolver uma política externa multipolar, rejeitando a Alca, na direção da Europa, da China, da Índia, do sudeste asiático. O "livre comércio" significa a política do "vale-tudo", do "quem pode mais, chora menos", isto é, o triunfo dos mais fortes, neste caso, das grandes potências econômicas, que além de tudo criaram seus mega-mercados de integração regional, como a CEE e o Nafta – na Europa ocidental e na América do Norte. A crise atual tem revelado como cada governo – como o de Bush, antes de tudo – se protege dos seus efeitos mediante formas de proteção. Não devemos critica-lo por fazer isso, mas por fazer um discurso de "livre comércio" e na prática atuar de forma protecionista. O que precisamos é proteger nossos interesses, rompendo com a atual política passiva do governo brasileiro diante da crise internacional e colocar em prática uma política ativa de reorganização do Mercosul, aprofundando e estendendo-o, ao invés de aceitar seu definhamento e até raciona-la. Ao contrário, devemos lugar contra o "livre comércio" e a favor do Mercosul.
https://www.alainet.org/es/node/106729?language=es
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