Memórias do ano que vem
10/12/2002
- Opinión
O Brasil terá mudado daqui a uma ano se:
- Não tivermos mais que ler colunas econômicas que se jactam de gozar da privacidade das
autoridades econômicas.
- Se não houver mais autoridades econômicas que convivam promiscuamente com esse tipo
de colunista.
- Se a cotação do dólar da Bolsa de Valores não fizer mais parte integrante indispensável dos
noticiários.
- Se Ricardo Teixeira, Caixa d'Água e Farah não forem mais os donos do futebol brasileiro.
- Se os noticiários não ficarem o tempo todo ouvindo gente como Gustavo Franco e Mailson
da Nóbrega, além de uma infindável lista de "operadores de mercado", para que revelam
mais os seus interesses do que decifrem o que acontece.
- Se acabarem as "publicações especializadas em economia", assim os programas de televisão
que separam a economia do resto e a endeuzam.
- Os ministros mais importantes do governo forem os de educação, saúde, cultura, esportes, e
não os econômicos, a ponto que ninguém mais saiba o nome do presidente do Banco
Central.
- O porta-voz do presidente seja uma pessoa normal, com sotaque e gestos de um ser humano
como os outros.
- O então ex-presidente FHC não fique sendo ouvido todas as semanas sobre os mais
diferentes assuntos, inclusive sobre o novo governo, comparado com o seu.
- O mesmo para a então ex-primeira dama.
- Não tenhamos todos os meses novos livros de biografia de empresários "de sucesso".
- As ruas e praças deixem de ser a casa de tanta gente.
- Os alunos das escolas públicas tenham aulas, de boa qualidade, todos os dias e no ano todo.
- Não se continue a abrir farmácias, lojas de telefones celulares e igrejas evangélicas nos
espaços em que funcionam cinemas e livrarias.
- A economia seja uma disciplina como as outras e não aquela que permitiria decifrar a
realidade.
- Vamos deixar de ter nos jornais pesquisas sobre o que os leitores acharam do jornal do dia
anterior.
- Vamos deixar de ter, em cada fim de ano, previsões sobre a economia no ano seguinte, para
que as pessoas se esqueçam as previsões erradas do ano anterior.
- Deixaremos de ter distribuição de medalhas e condecorações para os novos integrantes do
governo.
- Terão desaparecidos personagens como Inocêncio de Oliveira, Roberto Jefferson, Francisco
Dornelles, Moreira Franco, entre outros.
- Os programas sensacionalistas deixarão de ocupar espaços cada vez maiores na
televisão, a lista dos livros mais vendidos não será mais liderada pelos livros de auto-ajuda e
de esoterismo.
- Os filmes nacionais com maior bilheteria deixarão de ser os da Xuxa.
Algo de importante terá mudado no Brasil, se não tivermos que fazer um artigo como este
no final do primeiro ano do governo Lula.
https://www.alainet.org/es/node/106734
Del mismo autor
- Hay que derrotar políticamente a los militares brasileños 07/04/2022
- China y Trump se fortalecen 04/03/2022
- Pandemia e Ucrânia aceleram decadência da hegemonia norte-americana no mundo 28/02/2022
- Pandemia y Ucrania aceleran la decadencia de la hegemonía norteamericana en el mundo 28/02/2022
- La anti-política generó la fuerza de extrema derecha 22/02/2022
- Las responsabilidades del PT 10/02/2022
- Estados Unidos, más aislado que nunca en América Latina 03/02/2022
- Memoria y olvido en Brasil 27/01/2022
- 2022: tiempos decisivos para Brasil y Colombia 05/01/2022
- Brasil: una historia hecha de pactos de élite 18/12/2021
Clasificado en
![Suscribirse a America Latina en Movimiento - RSS](https://www.alainet.org/misc/feed.png)