Um mês entre a esperança e o medo
29/01/2003
- Opinión
São três meses desde aquele domingo de outubro, quando 52 milhões de
brasileiros fizeram a esperança triunfar sobre o medo. Este primeiro mês
de governo demonstra como a vitória não foi definitiva e o combate entre
o medo e a esperança foi transladado para dentro do próprio governo. Um
combate que coincide com aquele entre a mudança e a continuidade
Este primeiro mês teve, antes de tudo, a alegria de não ter mais que
topar com FHC, Malan, Paulo Renato, Wefort e seus porta-vozes e
ventríloquos. Já dá pra dizer que estamos melhor.
Mas também é preciso dizer que houve caras novas com idéias novas, de
mudança, felizmente a grande maioria e outras, novas na cara, velhas nas
idéias e nas políticas. A esperança está na sensibilidade social de Lula
e a prioridade social do seu governo. O medo está em que a política
econômica corre como Sísifo atrás de índices – dólar, bolsa de valores,
risco Brasil – para baixar a taxa de juros, nunca busca que nunca
terminará e ameaça, se continua nessa toada, de levar o governo ao
fracasso.
A esperança está na lista de gente boa no governo, do Zé Dirceu ao Márcio
Thomaz Bastos, do Miguel Rossetto ao Samuel Pinheiro Guimarães, do Olivio
Dutra ao Tarso Genro, do Nilmário à Dilma, do Pinguelli ao Carlos Lessa,
do Eugênio Bucci ao Miro Teixeira, da Marina ao José Eduardo Dutra, do
Humberto Costa ao Cristovam – tantos, que certamente me escaparam vários
ou tornariam estas linhas um catálogo de nomes. O medo está no presidente
do Banco Central e na manutenção da mesma equipe anterior, inclusive
Tereza Grossi.
A esperança está em que os primeiros são uma grande maioria, o medo em
que estes últimos têm a chave do cofre.
A esperança está na mobilização popular, maravilhosa na posse em Brasília
e na abertura e no fechamento do Fórum Social Mundial de Porto Alegre. O
medo está no abraço de urso que o capital financeiro tenta dar no
governo, retribuindo o conservadorismo econômico com índices de mercado
favoráveis, para fortalecer as tendências de submeter a ação do governo
ao mercado e poder manter sua capacidade de chantagem sobre o governo.
Se triunfar a cara social, triunfa a esperança. Se triunfar a cara
financeira, triunfará o medo, perderá a esperança. A luta continua.
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