As imagens do horror
07/04/2003
- Opinión
É difícil falar em montagens fotográficas quando se tem notícias de
milhares de mortos na invasão terrorista/imperial do Iraque. E mesmo
as redes de tevê comprometidas e sob as ordens do Pentágono, vez por
outra, deixam escapar imagens, ainda que fugidias, de uma ou outra
ação dos zumbis de Bush
Foi o caso, por exemplo, da imagem gerada pela CNN, de um trator de
grandes proporções, enterrando corpos de militares e civis mortos,
até porque, é difícil também determinar quem é civil e quem é
militar do lado iraquiano, levando em conta que a resistência ganhou
reforços que o terror/imperial não imaginava, como os xiitas no sul
do país
Ou a forma como os zumbis se dirigem aos cidadãos e cidadãs do
Iraque, para procedimentos de revista. Humilhante, é o mínimo que se
pode dizer
Sobre isso há depoimentos de soldados e oficiais ingleses, apavorados
com a brutalidade dos norte-americanos
Mas existem, sobretudo, fotos, muitas fotos, mostrando a extensão do
horror terrorista/imperial. E há relatos de _lembranças_ da invasão
em mochilas de soldados americanos, como de pelo menos um caso de
estupro
Se prestarmos atenção ao noticiário dos quatro últimos dias iremos,
com frieza, concluir que houve uma acentuada mudança na linguagem do
comando terrorista/imperial. A ação sobre Bagdá sugere muito mais
necessidade de exibir uma vitória à custa de imagens, algumas até
quem sabe montadas, para evitar reflexos negativos no principal
templo de Washington, a bolsa de New York. Fica claro e claro está
que, tudo o que Bush não quer é qualquer tipo de critica interna.
Isso pode vir a significar mudanças de opinião dos eleitores e a
coisa aí complica
As entrevistas dos comandantes terroristas/imperiais são pródigas em
relatos de ações bem sucedidas, em números elevados de baixas
iraquianas e em _não posso comentar_, ou _não tenho relatório sobre
esse assunto_, quando se trata ou de baixas entre as forças do
terror/imperial, ou ações fracassadas
A grande preocupação dos norte-americanos parece ser a de viabilizar
um espaço próximo à capital do Iraque, ou em seus arredores, para
instalar um governo provisório e, a partir dele, consumar, para o
resto do mundo, uma verdade criada e montada pelo centro do terror
mundial, a Casa Branca
É um jogo político, muito mais que um jogo militar e essa nova tática
dos Estados Unidos tem uma explicação simples: a guerra vai durar
muito tempo, não há previsão de que a resistência ceda, ou seja
aniquilada, o que quer dizer, complicação política da grossa
Bush é um homem de efeitos especiais. Montagem, trucagem e sabe usar
isso como ninguém, ele e seus terroristas. O alvo, volto a dizer, é a
opinião pública do seu país. A do resto do mundo, como governos dos
outros países, isso continua sendo secundário. O império/terrorista
não dá a mínima para o resto do mundo. Conta apenas a vontade da
turma da _justiça infinita_
A declaração do terrorista Donald Rumsfeld, na sua entrevista de
segunda-feira, de que o controle do Iraque será americano e os
futuros integrantes do governo provisório podem, por exemplo,
_controlar o Ministério da Agricultura_, é um escárnio. Um desprezo
solene e absoluto por tudo o que não gravita na órbita da operação
_Choque e Pavor_
Tony Blair está tentando salvar a própria pele ao reivindicar
participação da Europa no processo que chamam de _reconstrução do
Iraque_. Mais adequadamente, processo de loteamento daquele país
Imaginar que o Iraque vá expulsar os invasores é acreditar em contos
de fadas. Mas ter a certeza que os americanos estão se metendo num
atoleiro, isso é de bom senso. Está óbvio que o povo iraquiano não
aceita e não tolera os invasores, tanto quanto vai resistir o
possível, aliás, está resistindo o impossível
De qualquer forma vai ser difícil para o terrorismo/imperial segurar,
um dado, o número de baixas dentre os zumbis, por muito tempo. Por
mais anestesiada que esteja, a sociedade nos Estados Unidos, num
determinado momento alguém vai mostrar que o número divulgado pelos
comandos terroristas/imperiais é bem menor que o real
A história mostra que esse tipo de procedimento tem arrastado
governos, nos Estados Unidos, à desmoralização. São muitas mentiras
a um só tempo
O bombardeio ao comboio russo, com bandeiras russas, bandeiras
brancas, é outro problema. Não matou ninguém, mas restam dúvidas
sobre se apenas um equívoco, ou como dizem alguns setores, do
próprio governo russo, em represália pela negativa de se dirigirem a
Amã, como queriam os terroristas/imperiais. Os russos optaram pela
Síria e isso teria reforçado a opinião da Casa Branca que estariam
transportando os tais aparelhos que interferem nas missões aéreas
das tais armas inteligentes
Um ato de vingança. Por que não? Não respeitam nada e nem ninguém
Uma constatação óbvia: desde que perceberam que a reação era forte e
ao contrário do que supunham, teriam que lutar e não passear, as
forças do terror/imperial passaram a bombardear por ar, por terra e
por mar, tudo o que se move no lado adversário, seja civil, ou não,
aliás, sem essa preocupação. O importante é ganhar, liquidar o
adversário
Na lógica de Bush, os iraquianos são _mamíferos_ e não _criaturas de
Deus_, como os americanos
Mais ou menos como Clint Eastwood, em _Os Imperdoáveis_: _já matei
tudo o que anda, rasteja, voa ou nada e quem se atrever morre_.
Continuam matando, em escala mundial.
https://www.alainet.org/es/node/107292
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