Ato lança Campanha Nacional contra o envio de tropas brasileiras ao Haiti
13/05/2004
- Opinión
Nesta quinta-feira, 13 de maio, o escritor Fernando de Morais, o
deputado federal Ivan Valente (PT-SP), o economista Plínio de
Arruda Sampaio, o dirigente do PT, Markus Sokol, e o coordenador
do Grito dos Excluídos Continental, Luiz Bassegio, participaram,
juntamente com mais de 150 pessoas, do Ato Público contra a
decisão do governo brasileiro em enviar tropas ao Haiti.
O Ato, que ocorreu na Universidade São Francisco, lançou uma
Campanha Nacional contra o envio de tropas brasileiras para o
Haiti. Enquanto o governo reluta em dar 350 milhões de reais
como verba suplementar às universidades, não hesita em destinar
mais de 200 milhões para o envio de tropas ao Haiti.
Para Fernando Moraes, "não se trata de uma força de paz. É uma
força de ocupação, assim como as tropas americanas e inglesas no
Iraque. Se o Brasil quer ser líder na região, deve, isto sim,
acabar com o analfabetismo e extinguir os bolsões de miséria que
tem. É inadmissível e inaceitável. Não foi para isto que eu
votei no presidente Lula".
Já para Plínio Sampaio, "o Haiti é o primeiro caso de uma nação
negra que se libertou e expulsou os colonizadores. Por isso,
está pagando um alto preço. Não se pode mandar um menino de 20
anos a outro país, correndo o risco de levar um tiro na testa,
sem explicar o porque. Sabemos que o governo quer com esta
atitude, ganhar uma cadeira no conselho de segurança da ONU.
Isto é ridículo. Não foi para isto que elegemos o Lula. Estou
inteiramente envolvido nesta campanha e não vamos desistir".
Ivan Valente, que durante o dia se pronunciou na Câmara dos
Deputados, em Brasília, contra o envio das tropas, disse que "
não temos nenhuma segurança de que as forças em conflito e o
povo haitiano nos considerarão rigorosamente de paz".
Temos que tomar cuidado para não fazer o jogo do governo
americano que, não tem interesse de permanecer no Haiti. Afinal,
estão no Iraque, no Afeganistão, na linha de fogo, cometendo
atrocidades, torturas etc. Não querem aparecer no Haiti mas
querem manter seu domínio na América Central e no Caribe. O
Brasil não pode se prestar a fazer o serviço americano..;
Ao final do ato, tirou-se uma comissão para ir a Brasília
entregar uma petição ao Presidente Lula contra esse envio de
tropas previsto para 1o de junho, encabeçada por mais de 100
personalidades, parlamentares, sindicalistas e religiosos, a
qual já conta com mais de 7 mil adesões.
* Luiz Bassegio é secretário do Grito dos Excluídos Continental.
https://www.alainet.org/es/node/109928
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