Reagan não foi ninguém. só um coadjuvante
09/06/2004
- Opinión
Apetites terroristas aparecem e reaparecem com freqüência
nos Estados Unidos. Basta que se mexa no mundo do petróleo
ou das armas. Não foi diferente na eleição de Ronald
Reagan. Derrotou Jimmy Carter que tentava a reeleição e
quatro anos depois se reelegeu contra Walter Mondale, um
democrata de plástico e que fora vice de Carter.
Reagan sequer foi um astro em Hollywood. Cumpriu carreira
medíocre e ao que parece num único filme, nem tipo B, tipo
C, foi o protagonista principal.
Nancy Reagan, atriz como ele e com mais sucesso, foi amante
de Frank Sinatra, inclusive nos oito anos da presidência do
marido.
Recebia o cantor em seus aposentos privados na Casa Branca.
Todo o país sabia disso. Não afetava, nem afetou, por um
instante sequer, o prestígio presidencial. No dia de Ação
de Graças apareciam juntos, felizes, compartilhavam o peru
e a oração. É o mundo hipócrita do protestantismo norte-
americano.
Imagem é o que vale.
Mais alguns anos e Reagan vai ser como William Taft. Foi
presidente dos EUA no início do século XX, roubou adoidado,
ficou milionário e ninguém se lembra a não ser quando olha
a lista dos presidentes.
A derrubada do xá do Irã e o governo dos aiatolás, esses os
fatores que assustaram a extrema direita no Texas. Um
tempinho antes das eleições estudantes iranianos ocuparam a
embaixada dos EUA em Terra, fizeram reféns e a crise tomou
dimensões de vida ou morte.
Aguçou a voracidade das companhias petrolíferas temerosas
que revoluções xiitas acontecessem nos países vizinhos. A
crise pegou Carter de calça curtas, sua diplomacia não
conseguiu respostas imediatas e a máquina é toda
terrorista, ou basicamente terrorista. Logo...
George Bush, o pai, é um idiota como o filho. Foi diretor
da CIA, político influente no Texas, dono de companhia
petrolífera, ligado à indústria armamentista e era o
candidato preferido do terror de mercado. Não tinha
chances.
'O diretor do filme chamou Reagan e explicou que seria o
maior papel de sua vida. Já havia desempenhado algo
semelhante no governo da Califórnia. Bastava se comportar
como sempre o fez, coadjuvante, que tudo estaria resolvido.
O nome que apareceria como principal nos créditos, seria o
dele.
Topou. Virou presidente e Bush foi o vice.
Nancy, que ao contrário do marido tinha cérebro, palpitou e
decidiu mais que o marido.
A primeira eleição de Reagan não foi das mais fáceis. A
segunda não. Barbada. Mondale tinha alguns vazamentos.
Enchiam de ar pela manhã e à tarde já estava um tanto
murcho.
O Departamento de Estado conseguiu negociar a libertação
dos reféns na embaixada em Teerã e a crise seria
solucionada antes do dia da eleição. A CIA, terreno de
Bush, segurou as pontas, atrasou os procedimentos e isso
foi devastador para o presidente Carter. Gerou a sensação
de governante fraco. Incapaz. O tipo bonzinho, mas só para
avô. E mesmo assim...
Eleito Reagan e a crise, em seguida, acabou. No dia da
posse, ou na véspera, ou no primeiro dia de seu governo, o
próprio Reagan, obedecendo ao comando do diretor, teve um
gesto de piedade. Pediu a Carter que recebesse os reféns
como heróis.
O democrata lá foi. Hoje faz parte do esquema golpista
contra Chávez.
A morte de Reagan é só a morte de um ator de segunda. Nada
além disso. Canastrão no melhor estilo dos vilões de
Hollywood. Foi o seu papel principal. Como todo sujeito
medíocre aceitou desde os chifres que Sinatra lhe punha, a
cumprir à risca o script dos texanos.
Nos seus oito anos todos os fatos, foram fatos
importantíssimos, o tempo de Gorbachev, funcionou como
ventríloquo dos cowboys do petróleo e das armas. Só isso.
https://www.alainet.org/es/node/110072
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