Dificil o dia que a imprensa européia nao publica alguma noticia de migraçoes. Por terra, por mar ou pelo ar, os migrantes tentam entrar na Europa. Veem da Africa, da Asia, da América Latina. As imagens diarias sao as mais eloquentes. Vao desde os barcos abarrotados que chegam das costas do continente africano, até os cladestinos que tentam burlar a vigilancia dos aeroportos. Os debates por aqui sao intensos e dividem-se em distintas posiçoes. Enquanto uns procuram impedir a todo custo a entrada de extra- comunitarios, outros trabalham pelo abrandamento da legislaçao. Outros, ainda, nada dizem, limitando-se a torcer o nariz diante da presença de tantos \"negros\", \"amarelos\" e \"indigenas\". Juntamente com os acontecimentos do Iraque e com a politica nacional, o tema das migraçoes ocupa as primeiras paginas dos jornais e amplo espaço na midia em geral. Ontem mesmo, em Roma e em outras cidades italianas, centenas de imigrantes sairam às ruas, exigindo o direito à regularizaçao de sua permanencia. Na verdade, as autoridades os deixam entrar clandestinamente, pois necessitam de mao-de-obra facil e barata. Mas quando se trata de estender a eles os direitos basicos de todo cidadao, as coisas se complicam. Sao aceitos como trabalhadores, geralmente braçais, e ao mesmo tempo rechaçados como cidadaos de direitos. * Alfredo J. Gonçalves. Piacenza, Italia