Chavismo alcança hegemonia e governará em quase todo o país

01/11/2004
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
-A +A
Caracas O Palácio Miraflores amanheceu em festa nesta segunda-feira com a "gigantesca" vitória dos candidatos do governo nas eleições regionais, da qual saiu fortalecido o processo político conduzido pelo presidente Hugo Chávez. O primeiro boletim "extraoficial" emitido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) indica que os candidatos do governo receberam a maioria dos votos em 20 dos 22 Estados em que foram disputadass as eleições para governador, prefeitos e deputados. "Tivemos uma vitória monumental, gigantesca. A revolução chegou para sempre e isso não tem volta atrás", disse Chávez na madrugada desta segunda-feira, onde centenas de apoiadores do governo cercarvam a sede do governo desde o início da tarde, confiantes na vitória. O governo recuperou cinco dos oito Estados que estavam sob comando da oposição: Anzoátegui, Apure, Monagas, Bolívar e Miranda. A oposição venceu em Nova Esparta e se manteve em Zulia, principal Estado petroleiro. Além dos estados, os candidatos chavistas ganharam outros postos importantes: a prefeitura metropolitana de Caracas e se manteve na administração no munípio Libertador, o maior da capital do país. Em Chacao, Baruta e El Hatillo, redutos da classe média, os candidatos de oposição foram reeleitos. Oposição alega fraude Em uma reedição do referendo, a oposição dá sinais de que não vai reconhecer os resultados das urnas. O atual governador do estado Miranda, Enrique Mendonza, que perdeu para o candidato do governo Diosdado Cabello (53% a 47%), afirma que saírá às ruas "se preciso for", para defender sua vitória. "Espero que o CNE não siga tentando criar confusão (...) é um intento de fraude, que se pretende fazer no estado Miranda e em outras regiões do país", disse Mendonza. Um dos principais líderes da oposição, o governador vem perdendo credibilidade junto aos simpatizantes da oposição desde o referendo revogatório de 15 de agosto, quando junto à Coordenadora Democrática, denunciou uma suposta fraude nos resultados sem apresentar provas. A derrota já era admitida por líderes dos partidos opositores antes mesmo das eleições. "Temos que admitir que o chavismo tem a maioria dos votos. Infelizmente o governo vai ganhar", afirmou dias antes do pleito, Alberto Quiróz Corradi, um dos representantes da opositora Coordenadora Democrática. Chávez que convocou os candidatos de oposição a reconhecer os resultados e a "respeitar o árbitro" indicou quais caminhos o governo deve traçar nesta nova etapa. "Agora temos que fixar os joelhos na terra para entrar em uma nova etapa onde o processo bolivariano tem que travar uma luta de morte contra a corrupção, o burocratismo e a ineficiência", afirmou o presidente. No domingo em que o candidato de esquerda do partido Frente Amplio, Tabaré Vasquez, venceu as eleições presidenciais no Uruguai, Chávez parabenizou seu futuro homólogo pela vitória. "É mais um caminho para a construção de uma nova América Latina. Um novo mundo está nascendo e é impresncindível para a vida de todos e todas", disse o presidente venezuelano. Presidente convoca vencedores a governar "coordenados" Nas eleições regionais deste domingo, em que está em jogo a ampliação da hegemonia do governo, o único centro de votação em que se pode presenciar maior movimentação foi na escola Francisco Fajardo, bairro 23 de janeiro, onde votou o presidente Hugo Chávez. Acompanhado do prefeito do município Libertador e candidato à reeleição Freddy Bernal, do candidato à prefeitura de Caracas, Juan Barreto e de alguns ministros, o presidente afirmou que independentemente de quem vença o pleito, fará um chamado à unidade. "Começaremos uma nova etapa. Independente do partido vou chamar a todos hoje mesmo para que possamos trabalhar coordenados pelo futuro da Venezuela", afirmou o presidente. Chávez se negou a fazer projeções sobre a preferência do eleitorado, mas afirmou que "o governo estará mais fortalecido a partir de hoje" e voltou a chamar sua equipe de governo e os novos governadores a "atacar" a corrupção e a burocracia. "Hoje é um dia muito importante porque mais de 50 milhões de pessoas em toda a América Latina estão escolhendo novos caminhos", referindo-se também às eleições regionais disputadas em Brasil e Chile e ao pleito presidencial no Uruguai, onde o candidato de esquerda da Frente Amplia, Tabaré Vasquez, lidera a preferência do eleitorado. "Isso significa um processo de transformação política em que as lideranças têm que estar a altura desses povos. Há uma rebelião do voto", afirmou Chávez. Líderes "ignoram" AL Sobre possíveis mudanças no diálogo entre Caracas e Washington após as eleições de 3 de novembro nos Estados Unidos, Chávez diz não esperar nenhuma alteração significativa nas relações entre os dois países. "Não tenho esperanças de que haverá mudanças que se poderá notar. Espero que os líderes estadunidenses reconheçam o que está acontecendo na América Latina. O que vemos hoje é uma profunda ignorância [dos líderes] sobre o continente", afirma. Chávez voltou a criticar a administração Bush e a invasão no Iraque ao comentar a declaração da assessora estadunidense do departamento de segurança, Condoleeza Rice, que na última semana daclarou que Chávez era um "problema" para a América Latina. "Problema maior para o mundo é Bush que invade países e massacra a população. Espero que os estadunidenses exijam do próximo presidente que cumpra suas leis e que não atropele outros povos", disse o presidente venezuelano.
https://www.alainet.org/es/node/110824
Suscribirse a America Latina en Movimiento - RSS