O segundo governo Lula

01/01/2007
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O presidente reeleito toma posse praticamente sem um partido político a sustentar-lhe. O que vale dizer, sem qualquer compromisso com o “seu” partido, o PT (Partido dos Trabalhadores). Uma coalização de partidos que vai da direita a, deixa para lá, vai tentar implementar um projeto Lula. Só isso, nada mais.

Essa fantástica capacidade da marca Lula sobreviver a todo um esquema da mídia e das elites paulistas para derrotá-lo credenciam-na, a marca, a tentar medidas que chama de “destravar” a economia para permitir o tal crescimento econômico.

Ou seja, vai seguir os parâmetros do neoliberalismo, com discurso populista, manter os programas sociais de efeito notável em sua recuperação depois de massacrado por mensalões, Rede Globo, Folha de São Paulo, Veja, etc.

Lula tem consciência das dificuldades e obstáculos, até porque sabe que a partida para 2010 já foi dada nos dois principais estados da Federação (vá lá). São Paulo e Minas Gerais, com os respectivos governadores. José Serra e o reeleito Aécio Neves. E como no Brasil tudo é possível, não é impossível que, no futuro, o próprio presidente, se escore num desses dois, ou nos dois, para sustentar-se diante de pitt bulls do tipo PFL (já quase sem dentes) e PSDB (mais perigoso, pois não foi vacinado e baba de FHC mata em um segundo).

O presidente reeleito não tem ainda Ministério definitivo. Vai esperar pela eleição dos presidentes das mesas da Câmara e do Senado. Quer o que chama de “maior articulação com o Congresso”. Isso, trocado em miúdos, entre outras coisas, pode significar a volta de Severino Cavalcanti, primeiro suplente no seu partido e no seu Estado, Pernambuco.

É óbvio que Dilma Roussef permanece em qualquer circunstância, a não ser que não queira. E seria um desastre trocar o comando da política externa. Na lógica de Lula, a que preside seus objetivos, a permanência do ministro Furlan atende também ao gosto do presidente. Parece que Furlan quer sair.

Tarso Genro se conseguir morder a língua cada vez que abrir a boca e reduzir pela metade o monte de asneiras que fala, tem chances. O resto é incógnita, embora tenha lugar, onde quer que queira, o recém eleito deputado Ciro Gomes, apontado como candidato preferencial de Lula para 2010.

Renan Calheiros vai ser, ou já é, um dos homens fortes do esquema. Michel Temer parece estar em marcha batida para o governo. Depende do valor das luvas e do contrato. E se conseguir sustentar-se na presidência do PMDB.

No frigir dos ovos, o mundo institucional continua o mesmo. Não representa coisa alguma, não tem alternativas e nem saídas fora dos esquemas conhecidos, por menos ruim que Lula seja em relação a Alckmin, ou qualquer tucano, e é. A saída é a preconizado por algumas importantes lideranças: o movimento popular.

A real saída para o Brasil passa pelos sem terra, pelos sem teto, pelos desempregados, pela organização e pela luta popular. Fora isso vamos ouvir e ter que agüentar Paulo Salim Maluf falando em dignidade. E a fiscalização carregando pastinha para lá e para cá, cheia de papéis e vento. E o tal de corte de custos. Corta em cima, corta embaixo.
https://www.alainet.org/es/node/119425
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