Nasce a Unasur
26/05/2008
- Opinión
É largo o tempo que separa estes dias da atribulada época das guerras de libertação. Mas, num certo sentido, como se fosse possível viver um desses “buracos de minhoca”, que cria um túnel no tempo e espaço, eis que nossa geração se aproxima da de Bolívar, San Martin, Miranda, Sucre, Manuela Saenz e tantas outras figuras que sonharam e caminharam na direção de uma Pátria Grande. Nasce, enfim, depois de longas tratativas feitas a partir do venezuelano Hugo Chávez, a Unasur. É um passo a mais no rumo daquela idéia grandiosa de uma federação de nações, tal como propôs Bolívar no Congresso Anfictiônico do Panamá em 1826.
A idéia de uma União das Nações Sul-americanas começou a se desenhar no ano de 2006, na Cúpula de Cochabamba, a partir da proposta de Chávez de se fazer uma integração energética. Depois, nos sucessivos encontros que envolveram os presidentes dos diversos países da América do Sul, a proposta foi tomando corpo até culminar, na última semana, na assinatura do acordo. Agora, os 12 países da América do Sul formam um único bloco e assim deverão discutir e negociar com os Estados Unidos, com a União Européia, e outros países do mundo.
Chegar a esse ponto não foi uma coisa fácil, principalmente em tempos em que o governo da Colômbia tem fomentado vários atritos com Venezuela e Equador. Mas, ainda que todos esses conflitos não tenham sido totalmente superados, a proposta vai se solidificando. Resta saber se a idéia de integração vai ultrapassar a lógica redutora do comércio. É bom lembrar que, para isso, o presidente Chávez também já anunciou propostas como a Alternativa Bolivariana para as Américas, que busca uma cooperação em todos os campos. Coisas para serem alcançadas.
Além disso, o presidente do Brasil, Luis Inácio, jogou a idéia de um Conselho de Defesa, fora dos domínios dos Estados Unidos, no que já foi imediatamente retrucado pelo presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, conhecido gerente dos interesses estadunidenses na América do Sul. Ter uma América do Sul integrada no campo militar vai além de qualquer possibilidade para estes que só sabem pensar com a cabeça alheia. Ainda assim, Luis Inácio acredita que pode convencê-lo num curto prazo. Resta esperar para ver.
Na avaliação da professora Guadelupe Bertussi, da Universidade Pedagógica Nacional, do México, a proposta da Unasur é um passo bem diferente de tudo o que já foi pensado até agora, desde o Pacto Andino ou do Mercosul. “É um avanço e uma boa novidade ainda que traga com ela também uma debilidade. Ou seja, sendo uma iniciativa desta envergadura, em que a América do Sul aparece como um bloco com voz própria, está também muito exposta ao ataque depredador das políticas dos Estados Unidos que sempre nos consideraram o pátio traseiro da casa branca. Sem dúvida, eles farão de tudo para debilitar e impedir a pronta e eficiente ação da Unasur”.
O certo é que muita água ainda vai rolar por baixo deste moinho e muito longe ainda se está do sonho de Tupac Amaru e Tupac Catari, que, muito mais do que uma liga de nações, queriam um território verdadeiramente livre e soberano. Por isso morreram. Mas, quem duvida que outro “buraco de minhoca” não possa acontecer e desde os vacilantes passos de uma Unasur, não se possa chegar à mítica Abya Yala, a terra do esplendor. Nada que a luta renhida dos povos desta parte do continente não possa lograr.
Elaine Tavares – jornalista no IELA
Existe vida no Jornalismo
A idéia de uma União das Nações Sul-americanas começou a se desenhar no ano de 2006, na Cúpula de Cochabamba, a partir da proposta de Chávez de se fazer uma integração energética. Depois, nos sucessivos encontros que envolveram os presidentes dos diversos países da América do Sul, a proposta foi tomando corpo até culminar, na última semana, na assinatura do acordo. Agora, os 12 países da América do Sul formam um único bloco e assim deverão discutir e negociar com os Estados Unidos, com a União Européia, e outros países do mundo.
Chegar a esse ponto não foi uma coisa fácil, principalmente em tempos em que o governo da Colômbia tem fomentado vários atritos com Venezuela e Equador. Mas, ainda que todos esses conflitos não tenham sido totalmente superados, a proposta vai se solidificando. Resta saber se a idéia de integração vai ultrapassar a lógica redutora do comércio. É bom lembrar que, para isso, o presidente Chávez também já anunciou propostas como a Alternativa Bolivariana para as Américas, que busca uma cooperação em todos os campos. Coisas para serem alcançadas.
Além disso, o presidente do Brasil, Luis Inácio, jogou a idéia de um Conselho de Defesa, fora dos domínios dos Estados Unidos, no que já foi imediatamente retrucado pelo presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, conhecido gerente dos interesses estadunidenses na América do Sul. Ter uma América do Sul integrada no campo militar vai além de qualquer possibilidade para estes que só sabem pensar com a cabeça alheia. Ainda assim, Luis Inácio acredita que pode convencê-lo num curto prazo. Resta esperar para ver.
Na avaliação da professora Guadelupe Bertussi, da Universidade Pedagógica Nacional, do México, a proposta da Unasur é um passo bem diferente de tudo o que já foi pensado até agora, desde o Pacto Andino ou do Mercosul. “É um avanço e uma boa novidade ainda que traga com ela também uma debilidade. Ou seja, sendo uma iniciativa desta envergadura, em que a América do Sul aparece como um bloco com voz própria, está também muito exposta ao ataque depredador das políticas dos Estados Unidos que sempre nos consideraram o pátio traseiro da casa branca. Sem dúvida, eles farão de tudo para debilitar e impedir a pronta e eficiente ação da Unasur”.
O certo é que muita água ainda vai rolar por baixo deste moinho e muito longe ainda se está do sonho de Tupac Amaru e Tupac Catari, que, muito mais do que uma liga de nações, queriam um território verdadeiramente livre e soberano. Por isso morreram. Mas, quem duvida que outro “buraco de minhoca” não possa acontecer e desde os vacilantes passos de uma Unasur, não se possa chegar à mítica Abya Yala, a terra do esplendor. Nada que a luta renhida dos povos desta parte do continente não possa lograr.
Elaine Tavares – jornalista no IELA
Existe vida no Jornalismo
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