Movimentos sociais fazem mobilização contra transnacionais em todo o país
09/06/2008
- Opinión
Protestos, organizados pela Via Campesina e pela Assembléia Popular, defendem a mudança do modelo econômico e da produção agrícola no país visando a distribuição de renda e alimentos mais baratos.
Organizações camponesas e urbanas iniciariam nesta terça-feira (10) uma série de protestos em todo o país para denunciar o poder das transnacionais e o modelo do agronegócio. Ontem, foram realizadas mobilizações em 13 Estados: Pernambuco, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Santa Catarina, Alagoas. As ações são encampadas pela Via Campesina e pela Assembléia Popular, duas articulações de movimentos sociais camponeses e urbanosç
Resumo:
Em São Paulo, os manifestantes ocuparam prédio da Votorantim, no centro da capital, para protestar contra a construção da barragem de Tijuco Alto, no Rio Ribeira de Iguape, divisa com o Paraná. Os movimentos denunciam os impactos sociais e ambientais do empreendimento. A mobilização foi reprimida com violência pela Polícia Militar, que invadiu o prédio usando bombas de gás de pimenta. Cinco manifestantes foram presos.
Já em Minas Gerais, o alvo dos protestos foi a Vale do Rio Doce. Manifestantes ligados à Assembléia Popular bloquearam a linha de trens controlada pela transnacional, próximo a Belo Horizonte. A ação foi feita para denunciar os impactos locais do transporte de minérios feito pela Vale. Segundo os manifestantes, o tráfego de veículos fica paralisado por até duas horas pelas composições. A Assembléia Popular divulga que quatro pessoas já morreram em ambulâncias por conta da interrupção do trânsito. Os moradores dos bairros vizinhos – São Geraldo, Caetano Furkim, Boa Vista, Casa Branca e Vila Mariana de Abreu – reivindicam a transposição da linha há 25 anos.
No Rio Grande do Sul, manifestantes ocuparam área de uma das maiores transnacionais do setor de alimentos, a Bunge, na cidade de Passo Fundo. Segundo documento divulgado pelos organizadores da ação, as empresas de alimentos são as principais responsáveis pela alta dos preços dos alimentos, pois exercem um monopólio no setor.
Já no Ceará mais de mil pessoas ocuparam o Porto do Pecém, situado em São Gonçalo do Amarante (região metropolitana). Foram fechadas as áreas de carga e descarga do terminal em protesto contra o projeto de instalação de cinco termoelétricas, uma refinaria e uma siderúrgica no complexo, que vão causar danos ambientais e sociais. Os trabalhadores protestam contra a alta dos preços dos alimentos, transposição do Rio São Francisco e instalação de uma refinaria da Petrobrás, que será construída em cima da bacia hidrográfica e o consumo de água será equivalente a uma cidade de 30 mil habitantes.
Na Bahia, agricultores da Via Campesina ocuparam a barragem da usina de Sobradinho para denunciar que os grandes projetos de irrigação beneficiam apenas os latifundiários do agronegócio, especialmente o projeto de transposição do Rio São Francisco, o Pontal Sul, em Petrolina, e o Projeto Salitre, na cidade vizinha de Juazeiro, na Bahia.
Em Santa Catarina ocorreram duas manifestações, uma delas em frente à Klabin, empresa de papel e celulose, que detém 160 mil hectares de pinho e eucalipto no estado; outra no trevo da BR 282, os manifestantes trancaram a rodovia, que dá acesso à cidade de Aurora, onde farão protestos contra a Aurora, que representa o modelo de produção do agronegócio.
Na Paraíba, mais de 200 trabalhadores rurais da Via Campesina ocuparam o latifúndio Nossa Senhora de Lourdes, localizado a 5 km da cidade de Mari, que possui 1.100 hectares com a monocultura da cana. A propriedade de Carlos Ribeiro Coutinho foi arrendada para a Usina Jacungu.
Em Alagoas, cerca de mil pessoas de diversas organizações populares, Via Campesina, grupos, pastorais, povos e comunidades tradicionais (Indígenas, Quilombolas e Pescadores Artesanais) fizeram protestos na hidrelétrica de Xingó contra a transposição do Rio São Francisco, a construção das novas barragens e a baixa vazão do rio, que causa fortes impactos na Foz do rio. Os manifestantes denunciam que a transposição e as novas barragens beneficiam apenas os latifundiários do agronegócio.
Já em Pernambuco, aproximadamente 200 agricultores da Via Campesina ocuparam a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar (EECAC), no município de Carpina, Zona da Mata Norte de Pernambuco, nesta manhã, em protesto contra o avanço da monocultura de cana-de-açúcar na região, que contribui para a elevação da crise dos alimentos no país.
Fonte: Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br
https://www.alainet.org/es/node/128099?language=es
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