Articulação das comunidades é necessária para conter devastação provocada pelo capital na região

Fórum social ecoa grito dos povos

27/01/2009
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Parauapebas (PA)

A região de Carajás, localizada no sudoeste do Pará, dentro da Amazônia, precisa de ajuda para evitar o caos ambiental e social. Esse foi o recado deixado por movimentos sociais, sindicatos, entidades da sociedade civil e algumas autoridades do poder público reunidas, entre os dias 24 e 27 de janeiro, no Fórum Social Carajás.

O coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Isidoro Revers, conhecido como Galego, salientou que os projetos empresariais que vêm destruindo a Amazônia tentam se vender, com muita propaganda, como sustentáveis e, assim, confundem os cidadãos.

De modo a se contrapor a esse modelo, faz-se necessária uma ampla articulação. Para o representante da CPT, o grande problema das comunidades dessas regiões que ficam na fronteira de expansão do capital transnacional é que elas têm a responsabilidade de fazer o enfrentamento com o modelo e ao mesmo tempo precisam lutar para sobreviver. “Eu acho que nós precisamos fazer um grande pacto no enfrentamento, fundamentalmente, a essa concentração do capital na mão de pouquíssimas empresas”, opina.

As denúncias apontaram os impactos da pecuária, da exploração de madeira, de monoculturas como a soja, mas principalmente da instalação de hidrelétricas e de projetos de mineração na região.

Modelo capitalista

Até a década de 1960, os ciclos de exploração da floresta exigiam a sua preservação. Hoje, quase a totalidade dos empreendimentos demandam a derrubada.

A cada tonelada de minério de ferro exportada, o Brasil fica com apenas R$ 40, denuncia Ariovaldo Umbelino, professor de geografia da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com ele, são explorados na Amazônia cobre, ferro, estanho, alumínio, zinco e níquel.

Os impactos ambientais das hidrelétricas também foram alvo de denúncias dos participantes do fórum. Estimam-se que 306 novas hidrelétricas serão construídas na região amazônica até 2030 no projeto de expansão energética do governo federal.

Ariovaldo considera muito importante a realização do fórum no centro desse investimento que o capital tem feito na Amazônia. Para ele, esse aporte tem as suas raízes ainda no período da ditadura civil militar, mas, aos poucos, foi se consolidando.

Violência

 Nós últimos 30 anos, mais de 870 trabalhadores e lideranças foram assassinados na região, como no caso do massacre de Eldorado dos Carajás. Além disso, Ariovaldo denuncia que quando o capital chega na fronteira e explora os bens naturais, o período de atuação desse capital é extremamente curto, porque o que explora é um bem que não se reproduz.

“O minério demorou bilhões de anos para existir e, agora, está sendo tirado num período de 30, 40 anos, o que vai nos sobrar? Uma enorme cratera aberta na natureza e a grande contaminação nos rios. E sem nenhum ganho, porque toda essa riqueza foi exportada. Ficará o caos social e ambiental”, adverte o geógrafo.

“Será que a humanidade precisa de tanto ferro assim? Para quê? Para continuar construindo automóvel, que vai precisar de cada vez mais petróleo? A humanidade não pode se preocupar em projetar meios de transporte mais coletivos?”, questiona. (NV)

Fonte: Brasil de Fato, http://www.brasildefato.com.br

https://www.alainet.org/es/node/132049
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