A roda-gigante da economia e o carrossel da educação no Brasil
04/01/2011
- Opinión
Considerações iniciais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser considerado o grande responsável pela “roda-gigante” da economia brasileira estar girando mais rápido nos últimos anos, sobretudo, fazendo com que mais trabalhadores tomem seus assentos e participem do mercado de trabalho e de consumo.
Essa alusão à roda-gigante é emblemática. Em setembro de 2008, no início da crise econômica mundial que assolou a maior economia do planeta, o presidente Lula comparou nossa economia a uma roda-gigante que não pode parar de girar. Nas palavras do agora ex-presidente: “Tudo isso para fazer girar a economia, como se nós estivéssemos em uma roda-gigante. E nós não queremos que a roda-gigante pare. Nós queremos que as pessoas continuem girando, que a renda continue crescendo, fomentando o crédito, a expansão industrial”.
Pois bem, nosso Produto Interno Bruto (PIB) está em R$ 3,1 trilhões. Com isso nos posicionamos entre as dez maiores economias do mundo e, pelos ajustes macroeconômicos alcançados nos últimos 15 anos, com estabilidade monetária e crescimento econômico capaz de absorver partes consideráveis da mão de obra qualificada, fomos o último país a entrar na crise econômica internacional de 2008 e o primeiro a sair dela, quase que incólumes.
No apagar das luzes de 2010, encerrou-se o ciclo da chamada Era Lula. O PIB brasileiro pelas projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI) deverá crescer 7,5% - um patamar nada desprezível se lembrarmos das pífias taxas de crescimento econômico registradas nas três últimas décadas, contadas a partir da “Década Perdida” que marcou a estagnação dos anos oitenta do século XX.
Nos oito anos de governo Lula, o PIB brasileiro cresceu em média 4,0% ao ano. Esse resultado é inferior ao de Rússia (4,8%), Índia (8,2%) e China (10,9%); países emergentes que ao lado do Brasil formam o acrônimo BRIC.
Contudo, podemos afirmar que o Brasil, nos dias de hoje, passa por um momento histórico melhor. É inevitável, pois, nesse sentido, a comparação com décadas anteriores, embora saibamos que os momentos sejam diversos; cada qual com suas idiossincrasias, com suas políticas do momento.
Entretanto, quando se põe a “lupa da observação” nos dados concernentes ao combate da pobreza, temos claro que o País logrou êxito. Nesse pormenor, foram 27 milhões de brasileiros que “subiram”, com o perdão da redundância, para o andar de cima, de 2000 a 2010, melhorando de vida e alcançando alguma colocação no mercado de trabalho.
Os números a esse respeito não deixam margem de dúvidas. No início dessa década do século XXI, o Brasil contava entre pobres e miseráveis com 57 milhões de pessoas nessas pífias condições. Ao término de 2010, o último levantamento feito pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) aponta a ainda incômoda existência de 30 milhões de brasileiros entre pobres e miseráveis, tomando por base, para esse cálculo, os critérios utilizados no país para medir o ganho per capita de R$ 140/mês (Linha de Pobreza) e R$ 70/mês (Linha de Indigência). Logo, 27 milhões de brasileiros deixaram essas incômodas linhas, o que representa, em média, 2,7 milhões de pessoas “melhorando” de vida a cada ano.
Ao todo, o Programa Bolsa Família, espécie de “cartão de visita social” do governo Lula, talvez sua marca mais emblemática, beneficiou 12,8 milhões de famílias (40 milhões de pessoas), com recursos federais da ordem de R$ 13,4 bilhões. A pobreza extrema no Brasil, pelos critérios adotados metodologicamente e citados acima, caiu de 12%, em 2003, para 4,8%, em 2008. A julgar o discurso de posse da presidenta Dilma Rousseff, esse será também seu grande desafio, uma vez que as palavras da atual governante apontam para a busca da erradicação da fome até 2014.
Ademais, isso nos permite olhar para o futuro e deixarmos no ar algumas indagações. É possível aumentar ainda mais o PIB e na esteira desse crescimento econômico transformar essa “variável” em desenvolvimento, erradicando a fome, criando empregos e distribuindo renda? É possível que na essência dessas políticas públicas, em especial a econômica, haja melhora substancial no indicador conhecido como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)?
Para encontrarem-se essas respostas, é mister, antes, o entendimento do que vem acontecendo no Brasil de hoje, tomando-se principalmente o espectro da economia como caminho de análise.
Nessa seara, num passado não muito distante, brigamos por várias décadas contra o “monstro” da inflação alta – situação que “corroia” o poder de compra de milhões de assalariados. Essa “briga” nos custou à elaboração de diversificados planos econômicos. Todavia, a inflação foi finalmente vencida com a chegada do Plano Real, em meados de 1994. A inflação foi controlada, o ajuste macroeconômico foi feito e o Brasil, finalmente, recomeçou a andar com a cabeça erguida.
Contudo, como não é somente a economia que responde afirmativamente pela posição de destaque de qualquer nação, a educação – condição de formação dos novos quadros dirigentes de um país -, andou e ainda continua andando mal das pernas, comprometendo assim, sobremaneira, a capacidade de fazer o país continuar avançando.
Em relação a isso, perdemos e estamos perdendo muito no que tange ao processo educacional, entendido aqui como a capacidade de organizar a mão de obra sob as bases de um melhor ensino-aprendizagem, com incentivo à pesquisa científica e analítica com capacidade de fomentar a ciência e a tecnologia num País ainda muito carente de boa formação.
Essa questão, em nosso entendimento, se põe como crucial para a compreensão da atual situação de um país que conta, ao longo da história, com poucos anos de estudo em média; na atualidade, são parcos 7,2 anos em média de estudos para cada brasileiro. Afora isso, tem-se como enorme obstáculo a necessidade de superar-se a indecente marca do analfabetismo que “fere”, mortalmente, quase 11% da população.
Dessa forma, se de um lado o governo Lula soube administrar eficazmente o comportamento macroeconômico, incluindo nesse rol à administração das metas de inflação, do regime de câmbio flexível e das metas de superávit fiscal primário, do outro pecou sensivelmente em não superar o atraso educacional pondo fim a chaga social mais nefasta: o analfabetismo brasileiro.
Desejamos enfatizar, nesse pormenor, que o governo Lula tão somente continuou a política econômica adotada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, melhorando-a em alguns aspectos, sobretudo, a ponto de pagar as dívidas externas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com o Clube de Paris, registrando ainda a menor taxa de desemprego desde 2002. Mas, como pontuamos acima, o País não avançou no combate ao analfabetismo nesses últimos oito anos: nesse começo de 2011, infelizmente, os números mostram a existência de mais de 10 milhões de brasileiros analfabetos.
Os Números do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
Atentemos, pormenorizadamente, sobre os números recentes do levantamento do IDH (índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, elaborados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), expostos no Quadro 1, que abarcam o quesito “Anos Médios de “Estudo” e “Anos Esperados de Escolaridade” para refletirmos, a seguir, sobre isso.
Quadro 1.
Índice de Desenvolvimento Humano do BrasilÍndice de Desenvolvimento Humano do Brasil em 2010
Indicadores
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Brasil
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IDH IDH
|
0,699 (73° posição) 0,699 (73º lugar)
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Esperança de Vida ao Nascer Esperança de vida ao nascer
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72,9 anos 72,9 anos
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Anos Médios de Estudo Anos médios de estudo
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7,2 anos 7,2 anos
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Anos Esperados de Escolaridade Anos esperados de escolaridade
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13,8 anos 13,8 anos
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Rendimento Nacional Bruto Rendimento Nacional Bruto per capita
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US$ 10.607US$ 10.607 PPC
|
Fonte: PNUD, Relatório do Desenvolvimento Humano 2010
Pelos critérios da pesquisa do PNUD, o Brasil é um país de “Desenvolvimento Humano Alto”, mas somente quando superarmos a indecente marca do analfabetismo poderemos conhecer, de fato, um novo país.
De acordo com dados de 2008 da PNAD, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo no Brasil foi de 10% entre pessoas de 15 anos ou mais de idade. Já no Nordeste, essa taxa foi de 19,4%. Os três piores estados brasileiros, no aspecto educação-analfabetismo, se concentram na região Nordeste; são eles: Alagoas (25,7%), Piauí (24,4%) e Paraíba (23,5%).
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA)
A comprovação que evidencia nosso distanciamento em relação a uma educação de qualidade fica por conta de alguns programas internacionais de avaliação de desempenho. No último deles, conhecido como Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, na sigla em inglês), elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico), o Brasil ficou com a 53ª colocação entre 65 países. Com a média geral de 401 pontos, o Brasil ficou atrás de países europeus como Bulgária e Romênia e de latino-americanos como México, Chile e Uruguai.
A título de melhor entendimento, cabe ressaltar que o PISA é um programa internacional da OCDE que avalia estudantes de 15 anos, idade de conclusão da escolaridade básica na maioria dos países. Esse programa avalia três áreas de conhecimento: leitura, matemática e ciências. Para melhor aferir as respostas, esse programa utiliza a TRI (Teoria de Resposta ao Item); uma tecnologia de questões que garante a comparação entre as provas. Comparando, trata-se da mesma fórmula usada na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no Brasil. É forçoso destacar ainda que a escala do PISA vai até 800 pontos.
Em relação a esse estudo, o Brasil está à frente apenas de países como a Colômbia, Cazaquistão, Argentina, Tunísia, Azerbaijão, Indonésia, Albânia, Catar, Panamá, Peru e Quirguistão. Ficamos, no cômputo geral, com apenas 401 pontos; bem abaixo da média da OCDE, de 496 pontos. Os cinco melhores colocados foram a China, com 577 pontos; Hong Kong, com 546; Finlândia e Cingapura, ambas com 543 e, por fim, a Coréia do Sul, com 541 pontos.
No geral, o Brasil obteve os seguintes resultados: Leitura, 53º lugar; Ciências, 53º lugar; e Matemática, 57º lugar. A nota do Brasil, como apontamos acima, foi de 401 pontos, portanto, distante 176 pontos, da China, a primeira colocada, com 577 pontos. Baseado nos dados recentes da OCDE percebe-se que o Brasil está muito longe de uma educação de qualidade para todos. Assim, o País segue entre os piores colocados no ranking internacional daquilo que se convenciona chamar de melhor ensino.
A Questão do “Carrossel da Educação”
Por esses dados concernentes à educação brasileira nos cabe ainda lançarmos mão de outra indagação: O que move a roda-gigante da economia que mencionamos no início deste artigo?
A resposta é bem simplista. Em nosso entendimento, é a energia que faz a roda-gigante girar. Essa mesma energia move também o carrossel encontrado nos parques de diversões. Pois bem, voltando nossas ponderações sobre a economia, em especial, sobre o que começamos a chamar de “carrossel da educação”, é oportuno pontuar os fatores que movem esse carrossel e essa roda-gigante que aqui estamos utilizando como figuras ilustrativas. De acordo com André Tosi Furtado, economista vinculado a UNICAMP: “A energia é um insumo indispensável ao desenvolvimento econômico”.
No entanto, a questão energética tem sido tão ou mais menosprezada no Brasil quanto à questão educacional, obstaculizando, sobremaneira, qualquer tentativa de fazer o país avançar ainda mais.
Potencialmente somos o terceiro maior consumidor de energia de origem hidráulica do mundo, atrás apenas da China e do Canadá. Mas, é extremamente parco, por exemplo, o investimento em energia solar; - energia essa totalmente limpa e infinitamente renovável. O Quadro 2, a seguir, com base em dados de 2009, evidencia os tipos de energia e a participação da fonte de geração no Brasil.
Quadro 2.
A Energia no Brasil em 2009
Tipos de Energia
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Participação da Fonte de Geração
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Hidrelétrica
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75%
|
Gás Natural
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11%
|
Óleo Combustível
|
5%
|
Biomassa
|
5%
|
Nuclear
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2%
|
Eólica
|
1%
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Carvão
|
1%
|
BRASIL
|
100%
|
Fonte: Ministério de Minas e Energia.
Conforme pontuamos, o que de fato move a roda-gigante da economia é a energia, assim como uma população toda alfabetizada e bem educada faz com que essa mesma roda-gigante se mova com mais rapidez, proporcionando mais igualdade entre os que têm assento garantido.
Metaforicamente, compreendemos o “Carrossel da Educação” como um brinquedo dos parques de diversões constituído de uma grande peça circular que girando em torno de um eixo vertical, tem em suas extremidades uma figura de madeira ou de outro material qualquer, como cavalos, aviões, cadeiras, etc., que servem de assento. O principal objetivo desse carrossel é fazer com que todos se sintam mais felizes. Para isso, a primeira condição é que todos, sem exceção, tenham plenas possibilidades de entrarem nessa “roda-gigante da economia”, “brincando” também no “carrossel da educação”.
O alfabeto do desenvolvimento
Retomando uma argumentação trabalhada em outro artigo, é forçoso enaltecer a premissa que, caso queiramos ser considerados um país sério, é necessário fazer com que os políticos, com raras exceções, e dentre essas se destaca o economista pernambucano e senador pelo Distrito Federal, Cristovam Buarque, voltem aos bancos escolares para fazer a primeira das mais básicas lições do “alfabeto do desenvolvimento”: erradicar o analfabetismo, qualificar o indivíduo e dar-lhes oportunidades de prosperarem na vida mediante um posto de trabalho, com carteira assinada e salário digno ao final do mês.
Todavia, isso não se consegue com baixo nível educacional, fruto de anos de descaso do poder público para com a questão da erradicação do analfabetismo num País que ainda não deu, em pleno desenrolar do século XXI, o devido valor à educação. Seria desnecessário, nesse aspecto, enfatizar a velha e conhecida prédica de que quanto mais brasileiros analfabetos aprenderem a ler e a escrever, menor será, num futuro próximo, o nível de desigualdade sócio-econômico no País.
É previamente sabido que não se alcança o desenvolvimento humano, digno desse nome, sem acesso à educação de qualidade e, antes disso, à saúde também de qualidade. É imprescindível, nesse último aspecto, um adequado atendimento às crianças em seus primeiros anos de vida para que não sejam vítimas de má formação em suas estruturas cerebrais quando da falta de alimentação, o que comprometerá, sensivelmente, sua capacidade de raciocínio para o resto da vida.
Livros por habitante
Retomando a questão da educação, outro dado que chama a atenção diz respeito ao comprometimento com a leitura. De acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL) estamos, nesse momento, com apenas 4,8 livros por habitante ao ano.
O índice de leitura no Brasil é muito baixo. O recado? Ler mais, escrever mais; essa nos parece ser a questão de cunho fundamental para uma sensível transformação cultural.
Aqui aproveitamos para, de forma despretensiosa, sugerir algumas leituras. Para leitores acima dos 15 anos de idade, desejosos de entender a formação econômica brasileira, sugerirmos a leitura dos mais de 30 livros do célebre economista paraibano Celso Furtado, especialmente a leitura do livro “Formação Econômica do Brasil”, além dos livros seminais sobre o nosso País, tais como “Casa-Grande & Senzala” de Gilberto Freyre, “Formação do Brasil Contemporâneo” de Caio Prado Júnior, “Raízes do Brasil” de Sérgio Buarque de Holanda, “Cultura Brasileira” de Fernando Azevedo, “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro, “Quatro Séculos de Latifúndio” de Alberto Passos Guimarães, “Os Dois Brasis” de Jacques Lambert, “O Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro, “O Escravismo Colonial” de Jacob Gorender, “Minha Formação” de Joaquim Nabuco, “Retratos do Brasil” de Paulo Prado e “A Desordem do Progresso” de Cristovam Buarque.
Para leitores entre 10 e 15 anos sugerimos os livros do renomado escritor paraibano José Lins do Rego, especialmente a leitura de “Menino de Engenho”. Nesse rol, incluem-se ainda os livros de Mário de Andrade, Rachel de Queiróz, Jorge Amado, Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano Ramos, Joaquim Manuel de Macedo, João Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Lygia Fagundes Telles e tantos outros nomes de relevo de nossa literatura.
Para leitores entre 5 e 10 anos recomendamos os diversos livros infantis do inesquecível escritor paulista Monteiro Lobato, além do de Pedro Bandeira, Ziraldo e Ruth Rocha.
Essencialmente entendemos que o crescimento econômico do Brasil depende do nosso potencial educacional. O desenvolvimento humano de qualquer País passa antes pelo potencial da educação (com mais leitura, com mais aprendizado técnico), e que essa educação seja capaz de profundas transformações.
De finitivamente entendemos que algumas soluções para os graves problemas sociais, econômicos e ambientais com os quais o Brasil convive diariamente dependem de grandes investimentos em educação. Nesse aspecto, o Brasil investe apenas 5,2% do PIB em educação. Nos últimos anos foram construídas mais de 210 escolas técnicas federais. Bilhões de reais foram gastos para essa infraestrutura. Conquanto, lançamos nova pergunta: quantos bilhões de reais são necessários para erradicar, de uma vez por todas, o analfabetismo entre nossa gente?
O “Carrossel da Educação”, para voltarmos a essa figura metafórica, caso não receba os investimentos necessários, não será capaz de transformar o Brasil num país desenvolvido e de desenvolvimento humano muito alto na segunda década do século XXI. O desafio que se lança à frente é enorme.
Ainda há sérios problemas a serem resolvidos nas cinco regiões do País. Vejamos, nesse sentido, alguns indicadores econômicos e sociais que mostram desafios a serem superados: O PIB per capita brasileiro é de US$ 10.470. O Índice de Gini é de 56,7. Apenas 11% da população adulta possui ensino superior. O País investe somente 2,8% do PIB em infraestrutura. A dívida pública líquida é de 42% do PIB. A carga tributária gira em torno de 35% do produto interno bruto. A taxa de juro real (descontada a expectativa inflacionária) continua sendo a mais alta do mundo. O déficit habitacional chega a 7,2 milhões de moradias. A taxa de mortalidade infantil é de 24 por mil nascidos vivos. Cinquenta por cento dos estudantes brasileiros chegam à 4ª série do ensino fundamental sem saber ler. Um em cada dez alunos abandona a escola no ensino médio.
Considerações Finais
Finalizando essa abordagem em rápidas linhas, pontuamos que temos de aproveitar o cenário futuro de um país que será sede da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016 para gerar uma conscientização que um país sem educação de qualidade não é (e nem será) uma nação campeã em nenhum quesito.
O planejamento, palavra-chave para se projetar o futuro de uma nação, é fundamental para o sucesso do Brasil nos megaeventos esportivos que se avizinham como também para o crescimento econômico e o desenvolvimento humano que todos almejam ver e sentir.
Todo e qualquer planejamento, por sinal, principalmente aqueles que sintetizam a busca pelo crescimento e desenvolvimento econômico, social e humano passa pela aposta, primeiramente, em educação de qualidade e educação com qualidade.
Nosso enorme potencial de crescimento econômico e de desenvolvimento humano depende, substancialmente, do aumento do nível educacional, erradicando, para tanto, o indecente índice de analfabetismo que pontuamos acima. Esse seria, em nosso entendimento, o grande desafio que se avizinha para a administração de Dilma Rousseff.
A EDUCAÇÃO DE (E COM) QUALIDADE são as sementes e o DESENVOLVIMENTO (E O CRESCIMENTO) SUSTENTÁVEIS são as grandes árvores. Os frutos? Um país mais próspero, mais justo, mais competitivo, que seja capaz de enfrentar qualquer adversidade tendo filhos que nunca fugirão à luta!
Definitivamente, já que entraremos em breve no “espírito” de ser país sede de uma copa do mundo, a grande conquista do Brasil será erguer a taça de campeão que simboliza o fim do analfabetismo nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. A maior e mais duradoura e frutífera vitória será colocar no peito de cada cidadão e cidadã analfabeto (a) a medalha de ouro que simboliza o fim do analfabetismo numa economia que está entre as dez maiores do mundo. O País precisa erradicar o analfabetismo já! Isso é possível e perfeitamente exeqüível. Basta, para tanto, vontade política e determinação dos que tomam a decisão. Que os próximos anos sejam voltados a esse grande desafio. O futuro saberá agradecer.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANCO DO NORDESTE. Nordeste do Brasil Sinopse Estatística 2010. Fortaleza: Banco do Nordeste, 2010.
EXAME. Anuário Exame de Infraestrutura 2010-2011. São Paulo: Abril, Dezembro/2010.
EXAME, Revista. O Brasil pós-Lula. As questões sociais e econômicas que o próximo presidente terá de enfrentar – se quiser levar o país ao verdadeiro desenvolvimento. Edição nº. 977, Ano 44, nº. 18. São Paulo: Abril, 06/10/2010.
OLIVEIRA, Marcus Eduardo de & PINTO, Hugo Eduardo Meza. Por que todo mundo fala sobre a importância da educação e poucos fazem alguma coisa para melhorá-la? Disponível em: http://www.zwelangola.com/ler.php?id=3019. Acesso em 26 de dezembro de 2010.
OS AUTORES:
- Marcus Eduardo de Oliveira é Economista paulista. Formado pela Faculdade de Economia e Administração de São Paulo, em 1994. Especialista em Política Internacional (FESP-SP,1995), e Mestre em Integração da América Latina (USP, 2005). Possui curso de especialização pela Universidad de La Habana - Cuba (2003). Desde 2000, é professor titular do Departamento de Economia da Faculdade de Ciências da Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (FAC-FITO) e do UNIFIEO (Centro Universitário da Fundação Instituto de Ensino de Osasco). Autor dos livros "Conversando sobre Economia", ed. Alínea (2002) e “Pensando como um Economista” (ed. EbookBrasil). http://blogdoprofmarcuseduardo.blogspot.com
- Paulo Galvão Júnior é Economista paraibano. Formado pela UFPB, em 1998. Especialista em Gestão de RH pela FATEC Internacional. Chefe da Divisão de Pesquisa e Tecnologia da Informação (DPTI) da Secretaria Municipal de Turismo (SETUR) da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) e autor dos livros digitais de Economia “RBCAI” e “Reflexões Socioeconômicas”.
https://www.alainet.org/es/node/146499
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