Breves comentários sobre economia ecológica
24/05/2011
- Opinión
À medida que o meio ambiente apresenta evidentes sinais de estar enfraquecido em face da agressão patrocinada pela expansão econômica sem freios, abre-se perspectiva de maior inserção dos preceitos que emolduram a Economia Ecológica. Mas, o que significa Economia Ecológica?
Economia Ecológica (EE) é uma compreensão de que o sistema econômico “gira” (ou funciona) em torno do mundo biofísico de onde saem matérias-primas e energia. Essencialmente, a (EE) busca nas Leis da Termodinâmica (calor, potência, energia, movimento) a base para explicar teoricamente a realidade socioeconômica e ambiental. Busca promover a interface entre os ecossistemas naturais e o sistema econômico. O ponto relevante da (EE) repousa sobre o entendimento de que o sistema econômico é aberto ao universo na tentativa de captação de energia. É assim que a (EE) toma as leis da física para explicar os limites do crescimento econômico. Com isso, promove-se a velha e boa discussão entre consumo x ambiente; dito de outra forma, o que está em debate é a velocidade de crescimento econômico versus a capacidade de regeneração dos recursos naturais, afinal, habitamos um planeta em que três quartos da população mundial vivem em países que consomem mais recursos do que conseguem repor.
A existência, portanto, de uma corrente de pensamento denominada de Economia Ecológica se prende a um ponto factual: não há economia (produção – consumo – distribuição) sem sistema ecológico. Pensar a economia fora dessa questão ambiental é o mesmo que pensar, de forma absurda, diga-se de passagem, um mundo sem a presença das pessoas, habitado, apenas e tão somente, por insetos e seus congêneres. Por essa perspectiva, somos levados a pontuar um fato inexorável: a economia está “dentro” de algo muito maior chamado meio ambiente. E o meio ambiente é escasso, não “vive” se expandindo todos os dias.
Em que pese o fato da economia tradicional se “julgar” superior ao meio ambiente, o que representa, per si, uma visão estreita, o ponto de maior relevância é que a economia (atividade) é completamente dependente das coisas da natureza, e não o contrário.
Reforça ainda mais esse argumento outro fato importante: a capacidade de sobrevivência da espécie humana é integralmente dependente das condições ambientais. Quando então por essa mesma via pensamos a economia e sua relação com a perspectiva sócio-ambiental, não se pode perder de vista, a título de melhor compreensão, a brilhante definição dada por Lionel Robbins (1898-1984) à economia como sendo “a ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre fins e meios escassos que têm usos alternativos”.
Desse modo, promover a interface entre as pessoas, a economia e o meio ambiente nos parece ser de fundamental importância, visto que tanto a economia quanto as pessoas dependem integralmente do meio ambiente, e a economia depende, por seu turno, das pessoas assim como também as pessoas dependem da economia, mas, o meio ambiente, não. Esse último é soberano; não depende de ninguém e poderá ficar sozinho “ad eternun”.
Com isso, o meio ambiente se encontra em posição superior a tudo, e não o contrário como ainda insistem alguns, em especial os defensores da velha economia tradicional que acreditam na possibilidade de expansão econômica sem restrições, como se o mundo fosse uma grande massa que se expande ininterruptamente.
Entender os conceitos que formam a base teórica da (EE) significa compreender definitivamente que o ecossistema é o TODO; a economia (atividade), por sua vez, é apenas uma PARTE dependente desse todo. Esse é, em síntese, o discurso mais proeminente que emerge da (EE) que traz ainda em seu bojo a necessidade de condenar veementemente o discurso predominante da macroeconomia tradicional que apenas intenciona fazer a economia crescer a qualquer preço. Ora, pensar assim, medindo a economia apenas com a régua macroeconômica, é olhar para a questão ambiental e vê-la tão somente como mais uma mera externalidade.
Definitivamente, a (EE) entende o sistema econômico a partir de sua inserção e relação com as questões ambientais, sabendo da existência de limites, pois aponta dedo em riste para o fato de que o planeta Terra não aumentará de tamanho.
O meio ambiente é escasso e limitado, e por mais que se tente imaginar mil maneiras diferentes, não sofrerá aumento em seu tamanho. Isso é fato, e não retórica. Portanto, essa questão fica mais clara assim: não é possível crescer a qualquer preço! Há e sempre haverá limites físicos. O freio a ser dado, portanto, reside no lado das necessidades humanas. Diminuir a voracidade de consumo para dar respiro ao ecossistema. Que a Economia Ecológica esteja sempre presente nas ações e no ideário de todos que sonham viver num mundo melhor. A vida e o planeta Terra certamente saberão agradecer.
- Marcus Eduardo de Oliveira é Economista brasileiro. Especialista em Política Internacional e Mestre em Integração da América Latina (USP). Professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo. Articulista do Portal EcoDebate, da Agência Zwela de Notícias (Angola) e do jornal Diário Liberdade (Galiza) twitter.com/marcuseduoliv http://blogdoprofmarcuseduardo.blogspot
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