CADTM

As cifras da dívida 2011

28/07/2011
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Damien Millet, Daniel Munevar e Eric Toussaint
 
Para entender a crise mundial em curso, Damien Millet, Daniel Munevar e Eric Toussaint (CADTM) colocam à nossa disposição um conjunto de dados que permitem decifrar uma das questões fundamentais da situação internacional, considerada desde o ponto de vista do Sul. Desde os anos 60 até esta crise global que afeta todo o planeta, a rede internacional CADTM não tem deixado nem deixa de observar com um enfoque crítico a economia mundial e os mecanismos de dominação que estão em jogo. A análise das estatísticas é um elemento central para identificar os verdadeiros problemas e propor alternativas que estejam à altura dos mesmos. Um desenvolvimento humano lamentável, desigualdades, dívida odiosa, transferências financeiras, preços internacionais das matérias primas, Banco Mundial e FMI, todas estas cifras da dívida tem sido minuciosamente examinadas pelo CADTM em seu vade-mécum 2009.
 
Longe dos discursos dominantes, este estudo projeta uma potente luz sobre as realidades numéricas de um mundo vacilante. Enxergar claramente esta realidade facilita a reflexão que pode proporcionar-nos as bases de uma lógica econômica radicalmente distinta: socialmente justa e ecologicamente sustentável.
 
Abreviação: PED = Países em Desenvolvimento
 
1. O Terceiro Mundo na globalização
 
1.1            População e riqueza
 
 
Terceiro Mundo
PECOT e Asia Central
Países ricos
Mundo
População em 2009
78%
7 %
15%
6,9 bilhões de habitantes
PIB em 2009
23%
5 %
72%
61,3 bilhões de dólares
PIB por habitante
2 660 U$S
8 200 U$S
39 800 U$S
9 100 U$S
*PECOT: Europa central e oriental, mais Turquía
 
1.2             As desigualdades no mundo e o (mal) desenvolvimento humano
 
Em 2008, a renda das 500 pessoas mais ricas do planeta era maior que a renda total das 416 milhões de pessoas mais pobres.
 
Número de pessoas que vivem com menos de 2 u$s por dia em 2005: 2,6 bilhões
Número de pessoas que vivem com menos de 1,25 u$s por dia em 2005: 1,4 bilhão
 
Nas áreas onde os adolescentes representam a maioria da população (Sul da Ásia e África subsaariana), aproximadamente 73% das pessoas vivem com menos de 2 dólares por dia.
 
A crise financeira mundial foi provocada pelo estouro da bolha do setor imobiliário e quebras bancárias nos Estados Unidos no período 2007-2008. Estas se estenderam rapidamente a grande parte do mundo. Desde a Grande Depressão dos anos trinta, nenhuma crise financeira nos países desenvolvidos havia alcançado uma escala tão ampla. O desemprego e a pobreza pioraram consideravelmente: no mundo, 34 milhões de pessoas perderam seus postos de trabalho, e 64 milhões de pessoas caíram abaixo da linha de pobreza de 1,25 dólar por dia. Estas cifras se somam aos 160 - 200 milhões de pessoas que caíram na pobreza devido ao aumento dos preços dos produtos básicos nos anos anteriores. (PNUD 2010)
 
Número de pessoas que vivem com menos de 1 u$s por dia
(em milhões)
1981
1990
2004
África subsahariana
214
299
391
América Latina e Caribe
42
43
46
Ásia do Sul
548
579
596
 
 
Em milhões
2005
2007
2009
2010
Número de pessoas que passam fome
848
923
1.020
925
 
A proporção de pessoas que padecem de fome segue sendo maior na África Sub-sahariana, com 30%. Dois terços das 925 milhões de pessoas desnutridas se encontram em somente sete países: Bangladesh, China, República Democrática do Congo, Etiópia, India, Indonésia e Paquistão.
 
Em média, 7 de cada 10 são mulheres e crianças.
 
Cerca de 69 milhões de crianças em idade escolar não vão à escola. Quase a metade deles (31 milhões) vive na África Sub-sahariana e a 1/4 (18 milhões) no sul da Asia.
 
Cada ano, mais de 350.000 mulheres morrem por complicações relacionadas com a gravidez ou o parto. Quase todas (99%) vivem em países em desenvolvimento.
 
Na África Sub-sahariana, o risco de mortalidade materna para as mulheres é de 1 em 30.
 
Esta mesma proporção nos países desenvolvidos é de 1 para 5600.
 
Quase 9 milhões de crianças morrem anualmente antes de completar os 5 anos. Na África Sub-sahariana, uma em cada sete crianças morre antes de completar cinco anos (dado de 2008).
 
Número de pessoas sem acesso a saneamento básico: 1,2 bilhão.
 
Comparação do Serviço da Dívida Pública em relação ao Gasto em Educação e Saúde, como percentual do PIB e do Orçamento Público[1][2]
 
 
% do PIB
% do Orçamento do Governo Central
Dados de 2007
Serviço Dívida Publica
Gasto Público com educação
Gasto Público com Saúde
Serviço da Dívida Pública
Gasto Público com Educação
Gasto Publico com Saúde
Argentina
10,94
5,10
5,30
46,91
21,88
22,74
Brasil
16,62
5,30
3,20
41,80
13,33
8,05
Chile
3,13
3,20
3,60
16,82
17,18
19,32
Colombia
10,44
4,60
2,40
33,57
14,80
7,72
Equador
14,20
2,62
1,26
59,90
18,40
8,87
Mexico
8,78
5,20
3,10
40,03
23,71
14,14
Peru
7,63
3,40
1,20
43,66
19,45
6,86
Observação: no caso do Brasil, os dados diferem dos números divulgados pela Auditoria Cidadã da Dívida, pelo fato de estar se considerando também, nesta tabela, os gastos de estados e municípios.
 
 
Soma necessária para garantir a toda população mundial os serviços sociais essenciais (educação primária, saúde, água, saneamento): 80 bilhões de dólares por ano durante 10 anos[3].
 
Em 2010, o patrimônio dos mais ricos superou o nível alcançado antes da crise
 
Número de bilionários em 2001: 497 / Seus ativos combinados: 1,5 trilhões de dólares
Número de bilionários em 2007: 1125 / Seus ativos combinados: 4,4 trilhões de dólares
Número de bilionários em 2008: 793 / Seus ativos combinados: 2,4 trilhões de dólares
Número de bilionários em 2009: 1011 / Seus ativos combinados: 3,5 trilhões de dólares
Número de bilionários em 2010: 1210 / Seus ativos combinados: 4,5 trilhões de dólares
 
Os ativos acumulados por 1.210 multimilionários excedem o PIB da Alemanha.
 
Com base nessas cifras, seria possível criar um imposto anual de 2% sobre o patrimônio de 1.011 bilionários com fortunas superiores a 1 bilhão de dólares, em 2009, para arrecadar os 80 bilhões de dólares por ano requeridos para garantir as necessidades básicas de toda a população do planeta em 10 anos. Isto não limita a fixação de metas mais ambiciosas, mas mostra que tais metas são perfeitamente factíveis.
 
Número de milionários em 2009: 10 milhões (crescimento de 17,1% em um ano)
Patrimônio acumulado de milionários: $ 39 trilhões de dólares (crescimento de 18,9% em um ano)
 
Um imposto de 2% sobre este patrimônio seria suficiente para reunir os $ 800 bilhões necessários para garantir as necessidades básicas de toda a população do planeta.
 
2. O que levou à crise da dívida do começo dos anos 80
 
2.1 Os anos 1960 e 1970
 
 
1960
1970
1980
Estoque da dívida externa
8 bilhões
de dólares
70 bilhões
de dólares
540 bilhões
de dólares
 
2.2 A mudança dos anos 80
 
2.2.a – A queda do preço internacional dos bens primários exportados pelo Sul
 
 
Variação anual média entre 1977 e 2001
(em dólares constantes de 1985)
Alimentação
Bebidas tropicais
Grãos oleaginosos e azeites
Matérias primas agrícolas
Metais, minerais
 dos quais petróleo
–2,6 %
–5,6 %
–3,5 %
–2,0 %
–1,9 %
–3,4 %
 
 
2.2.b O aumento das taxas de juros estadunidenses influiu sobre o pagamento da dívida
 
Evolução da Prime Rate (taxa de juros dos Estados Unidos)
Ano
Taxas de Juros nominais
Taxas de juros reais
(descontada a inflação)
1970
1975
1979
1980
1981
7,9 %
7,9 %
12,7 %
15,3 %
18,9 %
2,0 %
–1,3 %
1,4 %
1,8 %
8,6 %
 
 
No caso da América Latina, a taxa de juros real passou de uma média de –3,4 % (taxa negativa favorável aos devedores), entre 1970 e 1980, para 19,9 % em 1981, 27,5 % em 1982 e 17, 4 % em 1983, evidentemente todas positivas[4].
 
2.3 A utilização dos empréstimos
 
Desvio e corrupção
 
Fortuna de Mobutu em 1997
8 bilhões US$
Dívida do Zaïre em 1997
12 bilhões US$
Fortuna de Duvalier em 1986
900 milhões US$
Dívida de Haiti em 1986
750 Milhões US$
 
 Um exemplo de projeto faraônico , com espoliação das populações
Gasoduto Tchad-Camarões
 
Comprimento do gasoduto
1 070 km
Custo da construção do gasoduto
3,7 bilhões US$
Preço pago às populações por m² de amendoim destruído
3,7 cents de US$
Preço pago às populações por m² de milho destruído
0,7 cent de US$
Preço pago às populações por mangueira destruída
4,5 US$
Renda da primeira colheita de uma mangueira (1000 mangas)
150 US$
 
Uma dívida amplamente odiosa (em bilhões US$)
 
País
Regime ditatorial
Período da ditadura
Dívida odiosa (ditadura)
Estoque da dívida em 2006
(em bilhões $)
Indonésia
Suharto
1965-1998
150
131
Iraque
Saddam Hussein
1979-2003
122
92
Brasil
Junta militar
1965-1985
100
194
Argentina
Junta militar
1976-1983
45
122
Coréia do Sul
Regime militar
1961-1987
33
154
Nigéria
Buhari/Abacha
1984-1998
30
8
Turquia
Régime militar
1980-1989
30
208
Filipinas
Marcos
1965-1986
27
60
África do sul
Apartheid
1948-1991
22
36
Syria
Assad
1971-
21
7
Tailandia
Militares
1966-1988
21
55
Marroco
Hassan II
1961-1999
19
18
Tunisia
Ben Ali
1987-
18
18
Zaïre/RDC
Mobutu
1965-1997
13
11
Chile
Pinochet
1973-1990
12
48
Paquistão
Militares
1978-1988
10
36
Peru
Fujimori
1990-2000
9
28
Sudão
Nimeiry
1969-1985
9
19
Etiópia
Mengistu
1977-1991
8
2,3
Congo
Sassou
1979-
6,1
6,1
Quenia
Moi
1978-2003
5,8
6,5
Iran
Shah
1941-1979
4,5
20
Bolívia
Junta militar
1964-1982
3,0
5,3
Guatemala
Regime militar
1954-1985
2,7
5,5
Mali
Traoré
1968-1991
2,5
1,4
Myanmar (Birmania)
Regime militar
1988-
2,3
6,8
Somália
Siad Barre
1969-1991
2,3
2,8
Malawi
Banda
1966-1994
2,2
0,9
Paraguai
Stroessner
1954-1989
2,1
3,4
Nicaragua
Anastacio Somoza
1974-1979
2,0
4,4
Camboja
Khmers Rouges
1976-1989
1,8
3,5
Togo
Eyadema
1967-
1,8
1,8
Liberia
Doe
1980-1990
1,2
2,7
Ruanda
Habyarimana
1973-1994
1,0
0,4
Salvador
Junta militar
1962-1980
1,0
9,1
Haiti
Duvalier
1957-1986
0,8
1,2
Uganda
Idi Amin Dada
1971-1979
0,6
1,3
África central
Bokassa
1966-1979
0,2
1,0
 
[A dívida odiosa calculada é a dívida contraída durante a ditadura. Não se inclui neste cálculo a parte contraída depois da ditadura para reembolsar esta dívida.]
 
3. A dívida externa pública e privada dos países em desenvolvimento desde 1980
 
 
Estoque (em bilhões de US$)
Serviço (em bilhões de US$)
Distribuição por Devedor
 
Dívida Pública
Dívida Privada
1980
520
83
50
30
1990
1.280
140
119
21
1995
1.890
210
154
52
2000
2.180
360
201
144
2005
2.489
438
253
185
2009
3.545
536
173
363
 
 
4. A divisão atual da dívida
 
4.1. Respeito aos devedores
 
 
Dívida Externa 2009
3,54 bilhões de dólares
 
 
 
 
Dívida Externa Pública
(tomada ou garantida pelos poderes públicos)
1,46 bilhões de dólares
 
Dívida Externa Privada
(tomada por corporações e entidades privadas)
2,08 bilhões de dólares
 
4.2 Os credores da dívida externa pública
 
 
Dívida Externa Pública
2009
1,46 bilhões de dólares
 
 
 
 
Parte Multilateral
(devida às IFIs)
34%
Parte Bilateral
(devida a outros Estados)
22%
Parte Privada
(devida a entidades privadas)
44%
 
4.3 A dívida externa pública por região em 2009
 
 
Estoque
em bilhões de dólares
Serviço
em bilhões de dólares
América Latina
434
60
África subsahariana
145
11
Oriente Medio e África do norte
113
15
Asia do sul
169
11
Asia do leste
294
34
PECOT e Asia central
305
42
Total
1 460
173
 
5. A dívida interna dos países em desenvolvimento
 
Dívida interna pública dos PED em 1997: 1,3 trilhões de U$S
Dívida interna pública dos PED em 2005: 3,5 trilhões de U$S
Serviço da dívida interna pública dos PED em 2008: 600 bilhões de U$S
 
6. Os fluxos ligados à dívida
 
6.1 O balanço dos reembolsos da dívida externa pública e privada desde 1970
 
Em bilhões de dólares
Estoque
Da qual, Dívida Publica
Estoque da dívida em 1970
70
46
Estoque da dívida em 2008
3 545
1460
Reembolso entre 1980 e 2008
7 675
4529
 
 
Os países em desenvolvimento pagaram, até 2009, 110 vezes o que deviam em 1970, no entanto durante este mesmo período sua dívida externa se multiplicou por 50.
 
Os poderes públicos dos países em desenvolvimento pagaram, até 2009, 98 vezes o que deviam em 1970, no entanto, durante este mesmo período sua dívida se multiplicou por 32.
 
6.2 A transferência líquida da dívida (diferença entre os empréstimos recebidos e os reembolsos totais)
 
Em 2009, pela primeira vez desde 1993, a transferência líquida sobre a dívida pública externa foi positiva: os Estados reembolsaram uma quantia menor que a recebida em novos empréstimos. Os empréstimos do FMI aos países em desenvolvimento se multiplicaram por 14 em dois anos. Em geral, desde 1985, a transferência de recursos das populações do Sul para os credores estrangeiros é enorme.
 
Transferencia Líquida sobre a Dívida Publica Externa 2009
+45 000 Milhões de Dólares
Transferencia Líquida sobre a Dívida Publica Externa 2008
-23 000 Milhões de Dólares
Transferencia Líquida sobre a Dívida Publica Externa 2007
-12 000 Milhões de Dólares
Transferencia Líquida sobre a Dívida Publica Externa 2006
-137 000 Milhões de Dólares
Transferencia Líquida sobre a Dívida Publica Externa 2005
-107 000 Milhões de Dólares
Total 1985-2009
-666 000 Milhões de Dólares
 
6.3 O equivalente a quase 7 “Planos Marshall” enviados ao Norte desde o Sul
 
Plano Marshall para Europa, após o fim da segunda guerra mundial
100 bilhões de Dólares
Transferência líquida sobre a dívida externa pública durante o período 1985-2009
-666 bilhões de Dólares
Quantidade de Planos Marshall transferidos para os países ricos entre 1985 e 2009
Cerca de 6.5
 
6.4 Comparação de diversas somas de dinheiro que entraram e saíram dos PED durante 2009
 
Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (AOD)
+120 bilhões de Dólares
Repatriação de lucros de multinacionais (cifra de 2007)
-244 bilhões de Dólares
Remessas de emigrantes (previsões)
+243 bilhões de Dólares
Serviço da dívida externa pública
-173 bilhões de Dólares
 
6.5 Os países em desenvolvimento são credores líquidos dos países desenvolvidos
 
Soma global das reservas internacionais[5] dos PED em 2008: 4,5 trilhões de dólares
 
Dívida externa pública dos PED: 1,43 trilhões de dólares.
 
Comparação entre as reservas internacionais e a dívida externa pública
(bilhões de dólares)
Pais
Reservas Internacionais (Dezembro de 2010)
Dívida Pública Externa (Dezembro 2009)
China
2 622
93,1
Russia
483,1
99,9
India
284,1
76,5
Brasil
290,9
87,3
Peru
44,1
20,7
Argelia
150,1
2,8
 
 
Quem são os credores externos dos Estados Unidos?
 
País
Total de títulos dos EUA em junho de 2007 (em bilhões de dólares)
China (incluindo Hong Kong)
1.000
Japão
976
Grã Bretanha
500
Luxemburgo
469
Ilhas Caiman
461
Bélgica
372
Irlanda
261
Países do Golfo (Exportadores de petróleo) + Irã
169
Alemanha
166
Suíça
155
Russia
148
Ilhas Bermudas
148
Países Baixos
140
Coréia do Sul
132
Canadá
127
Taiwan
110
Brasil
105
França
90
México
89
 
Região
Total de títulos dos EUA em junho de 2007 (em bilhões de dólares)
Total da Ásia
2.583
Total da Europa
2.553
3 ilhas “paraísos fiscais” (Cayman, Bermudas e Jersey)
664
Total da América Latina
265
Países do Golfo (Exportadores de petróleo) + Irã
169
Canadá
127
Total da África
20
Países desconhecidos
213
Instituições internacionais
39
Outros países conhecidos
9
Total mundial
6.642
Dos quais correspondem aos países em desenvolvimento
2.055
 
7. A dependência frente aos produtos de exportação
 
País
Principal produto de exportação
Parte correspondente a esse produto nas receitas de exportação
em 2000
Benín
Algodão
84 %
Malí
Algodão
47 %
Burkina Faso
Algodão
39 %
Uganda
Café
56 %
Ruanda
Café
43 %
Etiópia
Café
40 %
Nicarágua
Café
25 %
Honduras
Café
22 %
São Tomé e Príncipe
Cacau
78 %
Malawi
Tabaco
61 %
Mauritânia
Pesca
54 %
Senegal
Pesca
25 %
Guiné
Bauxita
37 %
Zambia
Cobre
48 %
Níger
Uranio
51 %
Bolivia
Gas natural
18 %
 
Participação das Matérias Primas no Total das Exportações (2007)[6]
Região
Alimentos, Animais, Bebidas e Tabaco
Matérias Primas Excluindo Petróleo
Petróleo e Derivados
Participação de Matérias Primas nas Exportações Totais
Países da Ex União Soviética
3,5
5,2
54
62,7 %
Africa do Norte
3,2
2,2
75,3
80,9 %
Africa Sub-sahariana
7,5
7,8
54,3
69,6 %
America Latina e Caribe
13,6
11,6
21,4
46,6 %
Asia do Sul
7,5
5,1
35,2
47,8 %
Asia do Oeste
2,2
0,9
60,8
63,9 %
Asia do Leste
1,9
1,0
2,7
5,6 %
Asia do Sudeste
5,3
6,7
15,0
27,0 %
 
Subvenções agrícolas dos países do Norte a suas culturas agrícolas: 1 bilhão de dólares por dia.
 
8. A iniciativa HIPC (High Indebted Poor Countries - Países Pobres Altamente Endividados)
 
8.1 Um pequeno número de países afetados
 
Iniciativa HIPC
 
Número de países HIPC
49
Percentual de população dos HIPC em relação à população total dos PED
11%
HIPC que têm uma dívida considerada sustentável
4
HIPC que rechaçaram entrar na iniciativa
5
HIPC que podem ser elegíveis
40
HIPC que alcançaram o ponto de decisão em agosto de 2009
35
PPME que alcançaram o ponto de culminação em agosto de 2009
25
 
8.2 Uma iniciativa que chega com atraso (em principio devia haver terminado em 2004)
 
Ponto de culminação alcançado
Ponto de decisão alcançado
Em espera
Uganda
Maio 2000
Guiné-Bissau
Dez. 2000
Comores
Bolivia
Junho 2001
Guiné
Dez. 2000
Eritrea
Moçambique
Set. 2001
Chad
Maio 2001
República Kirguisa
Tanzania
Nov. 2001
R. D. do Congo
Julho 2003
Somalia
Burkina Faso
Abril 2002
Congo
Março 2006
Sudão
Mauritania
Junho 2002
Afeganistão
Julho 2007
 
Malí
Março 2003
R. Centroafricana
Jan 2008
 
Benín
Março 2003
Liberia
Março 2008
 
Guiana
Dez. 2003
Togo
Nov. 2008
 
Nicaragua
Jan 2004
Costa do Marfim
Abril 2009
 
Níger
Abril 2004
 
 
Países que rechaçaram
Senegal
Abril 2004
 
 
Laos
Etiópia
Abril 2004
 
 
Myanmar
Gana
Julio 2004
 
 
Sri Lanka
Madagascar
Out. 2004
 
 
Butão
Honduras
Abril 2005
 
 
Nepal
Zambia
Abril 2005
 
 
 
Ruanda
Abril 2005
 
 
Países expulsos
Camarões
Abril 2006
 
 
Angola
Malawi
Set. 2006
 
 
Kenia
Serra Leoa
Dez. 2006
 
 
Vietnam
São Tomé e Príncipe
Março 2007
 
 
Yemen
Gambia
Dez. 2007
 
 
 
Burundi
Jan 2009
 
 
 
Haití
Junho 2009
 
 
 
 
(Em itálico: os países que não estavam inscritos inicialmente, mas foram incorporados à lista em 2006)
 
8.3 Os pagamentos dos HIPC não diminuem
 
 
Serviço da Dívida dos 36 países elegíveis para o HIPC (2010)
(em bilhões de dólares)
2001
3,27
2002
3,33
2003
3,93
2004
4,14
2005
3,97
2006
3,73
2007
3,10
2008
3,33
2009
2,80
 
8.4 Os falsos alívios de dívida
 
Percentual do valor atual líquido da dívida / exportações. O objetivo da iniciativa HIPC é colocar o percentual em menos de 150%.
 
País
Ano do ponto de culminação
Percentual previsto no ponto de decisão
Percentual constatado no ponto de culminação
Burkina Faso
2002
185,5%
207,5%
Etiópia
2004
173,5%
218,4%
Níger
2004
184,8%
208,7%
Ruanda
2005
193,2%
326,5%
Malawi
2006
169,0%
229,1%
São Tomé e Príncipe
2007
139,7%
298,7%
 
9. Dívida no Norte e Dívida no Sul
 
9.1 As cifras da dívida no Norte em 2009
 
 
Em bilhões de dólares
Dívida pública dos países ricos
40 000
Dívida pública dos Estados Unidos
13 800
Dívida pública do Japão
9 700
Dívida pública da zona euro
9 400
Dívida pública do Reino Unido
1 400
Dívida total nos Estados Unidos
52 300
Dívida externa pública dos PED
1 460
 
 
9.2 Dívida dos países do Norte e das regiões do Sul com as quais tem vínculos privilegiados
 
Cifras 2009
Em Bilhões de Dólares
Dívida Publica Externa de todos os países em desenvolvimento
1 460
Dívida Publica Externa da França
1 200
Dívida Publica Externa da Espanha
318
Dívida Publica Externa da Africa Sub-sahariana
130
Dívida Publica Externa dos Estados Unidos
3 500
Dívida Publica Externa da America Latina
410
Dívida Publica Externa do Sudeste Asiático
440
 
9.3 Gastos relacionados a um estilo de vida do Norte
 
Gastos anuais em publicidade
450 bilhões de dólares
Gastos militares anuais
1,531 trilhões de dólares
Serviço anual da dívida externa pública dos PED
173 bilhões de dólares
Gastos anuais relacionados com o narcotráfico
400 bilhões de dólares
Total de gastos realizados pelos Estados Unidos,
relacionados diretamente à guerra do Iraque até fins de 2007
400 bilhões de dólares
Gastos anuais para os 67 milhões de cachorros e gatos domésticos na França (em média, 2.200 U$S por cachorro e 1.560 U$S por gato)
4,5 bilhões de dólares
Renda anual per capita na República democrática do Congo-Kinshasa
120 dólares
Orçamento anual do Estado da Republica democrática do Congo-Kinshasa (RDC, 65 milhões de habitantes)
3,9 bilhões de U$S
 
9.4 Os depósitos dos ricos dos países em desenvolvimento nos bancos do Norte
 
 
Dívida externa pública em 2008
(em bilhões de dólares)
Depósito dos ricos dos PED nos bancos do Norte em 2007
(em bilhões de dólares)
América Latina e Caribe
420
490
Oriente Médio e África do norte
100
360
África subsaariana
130
230
Ásia do sul
200
190
Ásia do leste e Pacífico
260
450
PECOT e Ásia central
320
660
Total
1.430
2.380
*PECOT: Europa central e oriental, mais Turquia
 
Bens mal havidos devolvidos pela Suíça a alguns países em desenvolvimento (Nigéria, Filipinas, Perú,...): 1,6 bilhão de dólares
 
9.5 A crise internacional de 2008
 
O enorme custo de resgatar bancos e empresas de seguros aumentou fortemente a dívida pública no Norte, e consequentemente os pagamentos aos grandes credores privados. A crise também levou a uma redução muito forte das receitas fiscais. Após o estouro da crise da dívida privada de 2007, uma nova crise da dívida pública estourou em 2009-2010, começando pela Grécia e Irlanda.
 
Planos de Resgate Financeiro na Europa após a Crise (em euros) [7] [8]
 
País
Compromissos Financeiros Adquiridos pelos Governos
Compromissos + Garantias
Bélgica
41 083 100 000
103 042 400 000
Alemanha
186 536 100 000
345 566 100 000
Irlanda
6 664 800 000
287 840 800 000
Grécia
3 768 500 000
11 385 500 000
Espanha
38 670 000 000
87 678 000 000
França
12 647 000 000
112 758 000 000
Italia
8 100 000 000
8 100 000 000
Holanda
113 699 000 000
193 411 000 000
Austria
11 288 000 000
34 588 000 000
Portugal
-
8 350 000 000
Suecia
2 744 700 000
29 156 000 000
Reino Unido
205 796 600 000
816 168 500 000
Total Zona Euro
427 491 200 000
1 201 267 700 000
Total União Européia 27
661 448 700 000
2 079 794 500 000
 
Financiamento[9] colocado à disposição dos mercados pelos bancos centrais dos Estados entre abril e outubro de 2008: $ 7,8 trilhões de dólares.
 
Dívida pública externa de todos os países em desenvolvimento: $ 1,46 trilhão de dólares.
 
Perdas[10] dos bancos dos EUA e Europa entre 2007 e 2010: $ 1,34 trilhão de dólares.
 
A dívida pública nos países em desenvolvimento com bancos privados em 2009[11]: $ 0,13 trilhão de dólares.
 
10. As cifras do FMI
 
10.1 Os direitos de voto do FMI
 
Distribuição dos direitos de voto entre os 24 administradores do FMI em Março de 2011
Pais
%
Grupo Presidido Por
%
Grupo Presidido Por
%
Estados Unidos
16,17
Bélgica
5,01
Tailandia
3,63
Japão
5,82
Países Baixos
4,85
Egito
3,32
Alemanha
5,68
Mexico
4,44
Lesotho
3,46
França
4,70
Italia
4,08
Brasil
2,50
Reino Unido
4,70
Canadá
3,73
India
2,34
China
3,55
Dinamarca
3,46
Irã
2,46
Arabia Saudita
3,07
Australia
3,74
Argentina
2,00
Russia
2,61
Suíça
2,87
Togo
1,62
 
(Guiné, Madagascar e Somalia não tomaram parte no voto)
 
10.2 Comparação dos direitos de voto de diferentes países com a população respectiva
 
País ou grupo
População em 2010
(em milhões)
Direitos de voto
no FMI
(%)
China
1354
3,55
India
1215
2,34
Estados Unidos
318
16,17
Grupo presidido
por Togo
233
1,62
Russia
140
2,61
Japão
127
5,82
França
63
4,70
Arabia Saudita
26
3,07
Belgica
11
2,03
Suíça
8
1,53
Luxemburgo
0,5
0,15
 
10.3 A evolução dos direitos de voto desde 1945
 
País
1945
1981
2000
Países industrializados, como:
67,5
60,0
63,7
 Estados Unidos
32,0
20,0
17,7
 Japão
-
4,0
6,3
 Alemanha
-
5,1
6,2
 França
5,9
4,6
5,1
 Reino Unido
15,3
7,0
5,1
 
 
 
 
Países petroleiros, como:
1,4
9,3
7,0
 Arabia Saudita
-
3,5
3,3
 
 
 
 
Países em desenvolvimento, como:
31,1
30,7
29,3
 Russia
-
-
2,8
 China
7,2
3,0
2,2
 India
5,0
2,8
2,0
 Brasil
2,0
1,6
1,4
 
11. O Banco Mundial
 
11.1 Os direitos de voto no Banco Mundial
 
Distribuição dos direitos de voto entre os administradores do Banco Mundial em Março de 2011
País
%
Grupo presidido por
%
Grupo presidido por
%
Estados Unidos
16,40
Austria
4,68
Brasil
3,59
Japão
7,87
Países Baixos
4,52
India
3,40
Alemanha
4,49
Espanha
4,50
Paquistão
3,19
França
4,31
Canadá
3,85
Kuwait
2,91
Reino Unido
4,31
Italia
3,51
Indonesia
2,54
Arabia Saudita
2,79
Australia
3,48
Argentina
2,32
China
2,79
Suécia
3,34
Africa do Sul
1,83
Russia
2,79
Suíça
3,24
Sao Tome e Principe
1,72
 
 
 
 
Sudão
1,67
 
(Guiné, Madagascar e Somalia não tomaram parte no voto)
 
11.2 Comparação dos direitos de voto no Banco Mundial de alguns países com respeito à sua população
 
País ou grupo
População em 2010
(em milhões)
Direitos de voto no
BIRD (%)
China
1354
2,79
India
1215
3,40
Estados Unidos
318
16,40
Grupo presidido por São Tome
233
1,72
Russia
140
2,79
Japão
127
7,87
França
63
4,31
Arabia Saudita
26
2,79
Belgica
11
1,80
Suiça
8
1,66
Luxemburgo
0,5
0,12
[Fontes: Banco Mundial, FMI, OCDE, PNUD, FAO, CNUCED, BPI, Forbes]
 
- Damien Millet, Daniel Munevar e Eric Toussaint são co-autores do livro La Dette ou la Vie, co-edicion ADEN-CADTM, Bruselas-Lieja, 2011 que sairá nas livrarias en Junho de 2011.


[1] Fontes: IADB Macro Watch Tool; Base de Datos Estadísticos de la CEPAL; Secretaria de Finanzas de Argentina; Auditoria Cidadã da Dívida do Brasil; Ministério de Hacienda de Colombia; Banco Central del Ecuador; Secretaria de Finanzas de México; Ministerio de Finanzas de Perú.
[2] A informação sobre o Equador corresponde ao Orçamento Nacional da República del Ecuador em 2007. Como tal, não leva em conta o efeito da redução da dívida pública resultante da Comisión de Auditoria Integral del Crédito Publico, que operou entre 2007 e 2008. A poupança gerada por esta decisão permitiu o incremento do gasto público social. Entre 2007 e 2010, o gasto público em educação e saúde passou de 3.88% a 6.34% do PIB.
[3] Banco Mundial, OMS, PNUD, UNESCO, UNFPA, UNICEF, Implementing the 20/20 Initiative. Achieving universal access to basic social services, 1998, www.unicef.org/2020/2020.pdf. As organizações mencionadas calculam em 80 bilhões de dólares por ano (dólar de 1995) a soma adicional que se deveria dedicar anualmente aos gastos relativos aos serviços sociais básicos, já que atualmente lhes dedicam cerca de 136 bilhões de dólares. O aporte necessário total anual varia entre 206 bilhões e 216 bilhões de dólares. Para ver o cálculo em detalhe, ver o documento antes citado, p. 20.
[4] Fonte: Sebastián Edwards, Crisis y Reforma en América latina, 1997, p. 35, citado por Eric Toussaint, en Las finanzas contra los pueblos. La Bolsa o la Vida. Buenos Aires, Clacso, 2004; capítulo 8.
[5] As reservas internacionais em divisas estrangeiras possuídas pelo Banco Central.
[6] Fonte: UN International Mechandise Trade Statistics, International Trade Statistics Yearbook 2009, http://comtrade.un.org/pb/first.aspx
[7] Cifras para o periodo 2007-2009. Fonte: Commission européenne, DG des Affaires économiques et financières, Octubre 2010, http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/government_finance_statistics/excessive_deficit/supplementary_tables_financial_turmoil. As cifras não incluem planos de estímulo econômico nem financiamento outorgado pelo Banco Central Europeu.
[8] As cifras para Irlanda não incluem o aumento das garantias outorgadas aos bancos em 2010. Somente compreende as cifras oficiais suministradas pelo governo da Irlanda à União Européia para o período 2007-2009 no marco do programa da Comissão Européia para a estimativa do custo da crise, de acordo aos princípios do Sistema Europeu de Contabilidade.
[11] World Bank Global Development Finance Online Database

 

https://www.alainet.org/es/node/151649?language=en

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