O PT deve enfrentar a crise política e cumprir seu papel histórico: politizar a política

10/05/2016
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 crisis politica
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 Ao longo dos seus quase 40 anos o Partidos dos Trabalhadores foi responsável pela construção de iniciativas pioneiras em termos de transformação da sociedade, muitas das quais receberam reconhecimento internacional.

 

Nunca podemos esquecer do vínculo do partido com o movimento sindical e os movimentos sociais, a construção do mais inovador modelo de gestão pública do país, o orçamento participativo, a criação do Fórum Social Mundial, em oposição ao Fórum Econômico Mundial das grandes potencias internacionais, a disseminação das polícias de economia solidária, dentre outros.

 

É óbvio que muitas destas ações não são derivadas de mérito individual do PT e dos seus militantes, mas da sua abertura social, da sua transversalidade cultural, e da sua base assentada na luta política dos movimentos de esquerda e democráticos.

 

O certo é que na origem do partido o seu vínculo temos um projeto alternativo de sociedade, com a disseminação da esperança e da vontade de transformar a sociedade. Tal halo transformador foi aos poucos sendo afastando com a adesão schumpteriana ao pragmatismo eleitoral. Mas de algum modo sobreviveu, tanto que milhões de pessoas ainda depositam na bandeira desta organização política o sonho de ver a defesa radicalizada da democracia e da implantação de um modelo social mais justo.

 

Daí pergunta-se, com tamanha crise política, com a perseguição de intelectuais e militantes, com a tentativa espúria de condenação da sigla e dos seus símbolos, além de uma óbvia busca de aniquilação da sua imagem, para onde vai o PT? Existem dois caminhos: o primeiro o da aceitação e submissão ao jogo posto pelo pensamento elitista; o segundo é o retorno às bases sociais e o fortalecimento de uma agenda transformadora, com a possível organização de uma grande frente democrática e de esquerda envolvendo o PCdoB, o PSOL, o PDT, parte do PSB, outros partidos de esquerda e movimentos sociais.

 

Apesar do silêncio crepuscular de algumas lideranças, que sentiram o peso das pancadas da mídia e da SS golpista, as bases partidárias já demonstram a opção pelo segundo caminho. As grandes mobilizações sociais de rua no pré e pós dia 17 de abril, a movimentação massiva nas redes sociais pela legalidade, a manifestação contínua de intelectuais em defesa do projeto inaugurado pelos governos de Lula e Dilma, e pelo fortalecimento das ações de transformação social e radicalização da democracia, demonstram que a chama da esperança ainda segue viva dentro do Partido dos Trabalhadores e de outras organizações de esquerda, com um potencial gigantesco para mudar a sociedade.

 

Desta forma, se as bases sociais já mandaram a sua mensagem, não pode haver silêncio das lideranças políticas. Não é momento para capitular ou buscar navegar por águas mais calmas, fazendo acordos de transição. A crise criada pelos golpistas exige ação política, politização da sociedade, politização das ruas e, principalmente, politização da política.

 

O mundo não vai ser transformado enquanto muitos ainda tratarem a ação política como uma guerra de torcidas, embora muitas torcidas de futebol tenham dado o exemplo e assumido um papel importantíssimo na luta contra o golpe. O PT deve fazer uma leitura correta do momento político que atravessamos, e este exige transformação e fortalecimento da cidadania! O partido deve assumir o seu compromisso histórico como principal trincheira da esquerda latino-americana, e liderar a luta social que está emergindo no seio da sociedade.

 

 Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais.

 

https://sustentabilidadeedemocracia.wordpress.com/2016/05/10/o-pt-deve-enfrentar-a-crise-politica-e-cumprir-seu-papel-historico-politizar-a-politica/

 

https://www.alainet.org/es/node/177330
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