Diante da tentativa de golpe, Venezuela rompe relações com os EUA
- Opinión
Em meio a uma multidão de apoiadores reunidos em frente ao Palácio de Miraflores, sede do governo, o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou o rompimento das relações diplomáticas e políticas com os Estados Unidos. A declaração foi dada após o novo líder da oposição, o deputado e presidente da Assembleia Nacional em desacato, Juan Guaidó, se autoproclamar presidente do país – o que contou com o reconhecimento de países como os EUA e o Brasil.
"Como chefe de Estado, jurei diante do povo defender a soberania da Venezuela. Por isso decidi romper relações diplomáticas com o governo dos EUA", declarou Maduro, ovacionado pela população. O presidente deu 72 horas para o corpo diplomático estadunidense abandonar o país. "Estamos em uma batalha pela independência. Aqui ninguém vai baixar a guarda", enfatizou Maduro.
Ele também criticou o que considera ser uma "intervenção em assuntos internos" da Venezuela. "É uma gravíssima irresponsabilidade dos EUA tentar impor um governo".
Nesta quarta-feira (23), opositores e chavistas convocaram atos contra e pró o governo de Maduro. Diante do que chama de "manipulação da imprensa", o presidente eleito denunciou a cobertura estrangeira sobre o país. "Os grandes meios internacionais só mostraram a marcha da oposição. Nós não existimos para eles, mas nós ainda somos maioria nesse país", afirmou.
"Aqui, quem elege o presidente é o povo. Qualquer pessoa pode se declarar presidente. Mas quem escolhe aqui, através do voto, são os venezuelanos", sentenciou.
Maduro tomou posse no último dia 10 de janeiro em cerimônia no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), já que a Assembleia Nacional encontram-se em desacato por desrespeitar as decisões dos demais poderes do país. Na ocasião, o presidente foi parabenizado por diversas lideranças políticas internacionais. As eleições que reelegeram Maduro para um segundo mandato foram realizados em maio de 2018, em uma disputa com três candidatos opositores, sendo o segundo colocado o candidato de centro-direita Henri Falcón.
Ingerência norte-americana
Enquanto o povo venezuelano marchava em paz e com liberdade, contra e a favor, pelas ruas da capital, o governo dos EUA emitiu um comunicado onde reconhecia o deputado Juan Guaidó como "presidente legítimo" da Venezuela. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, instou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a deixar o cargo para "favorecer o líder legítimo que reflete a vontade do povo venezuelano".
Outros países da região seguiram a posição estadunidense e também declararam reconhecer a Guaidó, entre eles os membros do chamado Grupo de Lima, como Brasil, Argentina, Chile e Canadá.
Marchas pacíficas
Centenas de milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas nesta quarta-feira (23). No centro da cidade, onde congregam todos os poderes do Estado, marcharam os chavistas que apoiam o presidente Nicolás Maduro. Enquanto, na zona leste da capital, em bairros de classe média-alta, a oposição levou um grande número de pessoas à sua manifestação. Nenhum dos protestos tiveram cifras divulgadas.
No palco principal do ato opositor, o deputado Juan Guaidó fez um discurso e também um juramento simbólico como presidente interino da Venezuela, onde assumiu o compromisso de ações políticas pacíficas. No entanto, no final da manifestação, já quando a população se retirava do local, um grupo de opositores mascarados praticaram atos de vandalismo e provocação contra policiais que faziam a segurança.
Já os chavistas marcharam desde diferentes pontos da cidade e se reuniram na Praça O'Leary, próximo ao Palácio Presidencial de Miraflores, onde assistiram ao discurso do presidente Nicolás Maduro, que agradeceu o apoio recebido e também responder às últimas declarações do governo de Donald Trump.
Edição: Vivian Fernandes
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