Terrorismo
27/11/2006
- Opinión
O século 21 e o Terceiro Milênio começaram na terça-feira, 11 de
setembro. O que ocorreu nos EUA extrapolou todas as previsões (cadê o
escudo antimíssel do Bush?) e toda a imaginação dos roteiristas de
Hollywood. Ninguém jamais podia supor que o terrorismo seqüestraria
aviões domésticos e os levaria a chocar-se contra edifícios que
simbolizam o império ianque. Mais uma vez, a realidade extrapolou a
ficção.
O ato terrorista é execrável, ainda que praticado pela esquerda, pois
todo terrorismo só beneficia um lado: a extrema direita. Mas ninguém
na vida colhe o que não planta. Isso vale para a vida pessoal e
social. Se os EUA são hoje atacados de forma tão violenta e injusta é
porque, de alguma forma, humilham povos e etnias. Há anos os EUA
abusam de seu poder, como é o caso da ocupação de Porto Rico, a base
naval encravada em Cuba, o bloqueio ao Iraque, a participação nas
guerras da Europa Central, a omissão diante dos conflitos africanos.
Já era tempo de os EUA terem induzido árabes e israelenses a chegarem
a um acordo de paz. Tudo isso foi sendo protelado, em nome da
hegemonia de Tio Sam no planeta. De repente, o ódio irrompeu da forma
mais brutal, mostrando que o inimigo age, também, fora de toda ética,
com a única diferença de que ele não dispõe de fóruns internacionais
para legitimar sua ação criminosa.
Quem conhece a história da América Latina sabe muito bem como os EUA,
nos últimos 200 anos, interferiram diretamente na soberania de nossos
países, disseminando o terror. Maurice Bishop foi assassinado pelos
boinas verdes em Granada; os sandinistas foram derrubados pelo
terrorismo desencadeado por Reagan; os cubanos continuam bloqueados
desde 1961, sem direito a relações normais com os demais países do
mundo. Ditaduras no Brasil, na Argentina, no Chile, no Uruguai e na
Bolívia foram instauradas com o patrocínio da CIA e sob a orientação
de Henry Kissinger.
Violência atrai violência, dizia dom Helder Câmara. O terrorismo não
leva a nada; endurece a direita e suprime a democracia, reforçando
nos poderosos a convicção de que o povo é incapaz de governar por si
mesmo.
Não se podem sacrificar vítimas inocentes para satisfazer a ganância
de governos imperiais e de conflitos daqueles que se julgam donos do
mundo e querem repartir o planeta como se fosse fatias de um
apetitoso bolo. Os atentados de 11 de setembro demonstram que não há
ciência ou tecnologia capaz de proteger pessoas ou nações. Inútil os
EUA gastarem US$ 400 bilhões este ano em esquemas sofisticados de
defesa. Melhor seria que esta fortuna fosse aplicada na paz mundial,
que só irromperá no dia em que for filha da justiça.
https://www.alainet.org/fr/node/105300
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