É proibido sonhar

30/08/2007
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Quem tem mais força, tem mais razão; quem dispõe de mais poder, está revestido de mais autoridade. Pois não foi a razão cínica que possibilitou aos EUA anexarem a seu território, entre 1836 e 1848, vastas extensões do México, como o Texas e a Califórnia, e todo um país soberano como Porto Rico (1898)? A utopia que a dominação neocolonialista disseminou no continente é fabricada nos estúdios de Hollywood. Mas, como sonhar com tão estreita porta? Como subir tantos degraus se nos faltam pernas e mãos? É proibido sonhar com um mundo onde não haja opressores e oprimidos e no qual as diferenças sexuais, raciais, étnicas e religiosas não estabeleçam desigualdades entre pessoas? Dizem que agora chegamos ao "fim da história". A única opção que resta é entre capitalismo e capitalismo. Não matam os nossos sonhos, apenas ensinam que não são abstratos nem se situam na ponta do tempo. São concretos e palpáveis, situam-se em nosso espaço e custam dinheiro. Só eles devem ser objetos de nosso desejo: um par de tênis, uma bicicleta, um carro novo, uma casa de campo, férias no exterior e dinheiro no banco. O fim da história coincide com o advento das prateleiras. As catedrais góticas ficam agora à sombra dos shopping- centers. Hoje, o sonho já não precisa ser conquistado nem exige heroísmo. Talvez um pouco de sacrifício para ser comprado. E a ascética econômica, sob promessa de glórias futuras, é especialidade do FMI. Agora, somos considerados pela grife que portamos. Saem os ideais, entra o mercado. Em meio a tanta competitividade, fica bem falar em solidariedade, como convém tecer loas à democracia para que a maioria não desconfie que se encontra excluída das decisões e das realizações do poder.
https://www.alainet.org/fr/node/107414
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