Referendo define rumos da revolução bolivariana

02/12/2007
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de Caracas (Venezuela)

 

Neste domingo (2), os venezuelanos vão às urnas para definir em um referendo se aprovam ou não a modificação de 69 artigos da Constituição do país, com os quais o presidente Hugo Chávez pretende abrir o caminho para a consolidação do socialismo.

A jornada eleitoral que começou às 6 horas da manhã será marcada por expectativas e tensão. Na reta final da acirrada campanha eleitoral, a oposição ameaçou não reconhecer os resultados no caso de uma derrota, alegando que o governo manipularia a eleição (leia reportagem). O governo diz que respeitará os resultados. Chávez advertiu a seus opositores que não tolerará atos de violência e responsabilizou ao governo dos Estados Unidos de tentar desestabilizar o país ao financiar a oposição. 

 

Reeleição

A reforma constitucional lançada por Chávez em agosto acentuou uma vez mais a polarização no país. A inclusão da propriedade social e coletiva no bojo da propriedade pública e privada, a redução da jornada de trabalho de 40 a 36 horas semanais, a inclusão dos trabalhadores informais como beneficiários do seguro social são os pontos mais populares do projeto de reforma constitucional (Veja aqui as mudanças propostas pelas reforma).

O mais polêmico dos artigos sujeitos à mudança é o que permite a reeleição do presidente sem limites no número de candidaturas e estende o seu mandato de seis para sete anos. A oposição argumenta que Chávez pretende “perpetuar-se no poder” ao alterar a Carta Magna. O fim da autonomia do Banco Central, a atribuição de novos poderes ao presidente, como o de eleger mais de um vice-presidente e a idéia de um Estado socialista são temas criticados pela oposição.

A oposição - que estava dividida entre o grupo que chamava a votar pelo "Não" e o que convocava a abstenção - se aliou na reta final e decidiu entrar no jogo eleitoral. Um setor do emergente movimento estudantil, a alta hierarquia da Igreja Católica e os partidos políticos defendem o “Não” à reforma.

Para o governo, a reforma corrige as limitações da atual Constituição, elaborada em 1999, e gera condições para modificar a estrutura do atual Estado. Pouco mais de 16 milhões de venezuelanos poderão participar do referendo (o voto é facultativo) e definir se aprofundam as transformações em curso no país “ou se desaceleram a revolução”, como afirmou Chávez, ao explicar o que significaria uma derrota do “Sim”.

 

Parafusos soltos

Em uma curta campanha eleitoral, de apenas um mês, Chávez sofreu duas baixas, embora mantenha indíces de popularidade de 62%, . A saída do partido Podemos (social-democrata) da sua base aliada e a do general retirado e seu compadre, Raúl Isaías Baduel, que afirmou que Chávez pretendia dar um “golpe constitucional” enfraqueceram o apoio ao "Sim". “Quanto mais fundo vai o submarino, os parafusos que estão soltos vão saindo”, justificou Chávez, ao afirmar que outros “parafusos soltos” deverão sair do processo conduzido por ele, se for aprovada a reforma.

Repetindo o cenário do referendo revogatório de 2004 – em que Chávez saiu vitorioso com 58% dos votos –, a oposição ameaça não reconhecer os resultados e na última semana passou a questionar a transparência e imparcialidade do Conselho Nacional Eleitoral.

Tanto o governo como a oposição cantam vitória. "Estamos totalmente seguros da nossa vitória (...) Ai estão as cifras, aí está a rua" disse Chávez neste sábado em uma entrevista coletiva. O CNE proibiu a divulgação de resultados de boca-de-urna. Na noite deste domingo ou na madrugada da segunda-feira se saberá se a festa será celebrada nos casarões do leste da capital Caracas, ou se pela décima vez consecutiva o festejo será no emblemático Balcão do Povo, no Palácio Miraflores.

 

http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/especiais/especial-venezuela/...

https://www.alainet.org/fr/node/124524
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