Cancun: a montanha pariu um rato!!
19/12/2010
- Opinión
Durante quinze dias, representantes de governos de 140 paises se reuniram nos hotéis mais luxuosos do nosso continente, no balneario de Canunc(mexico), para debater os problemas da crise climática do planeta. Terminada a reunião, à parte do conforto nababesco e do isolamento que a policia mexicana impôs, para que nenhuma manifestação popular chegasse a menos de 12 km, o fracasso foi evidente. Nenhuma resolução importante foi tomada pelos governos.
A própria imprensa burguesa, ao longo do evento relativizou sua importância, e não deu a cobertura que havia dado na conferencia similar, realizada no ano passado em Copenhague. E a imensa maioria dos governos enviaram representações ministeriais, com presença insignificante de presidentes.
E ainda tiveram a petulancia de anunciar de que, como nada de importante se decidiu, as conversações continuarão em dezembro de 2011, na proxima conferencia a realizar-se na África do sul.
Mas afinal, por que essas conferencias governamentais não conseguem ter nenhum resultado pratico? Certamente há muitas razões. Mas a principal delas é que existe uma contradição política posta hoje no mundo, que gerou uma dicotomia entre o poder econômico e o poder político internacional.
O poder econômico é exercido em todo planeta pelas 500 maiores empresas transnacionais, que controlam 53% de toda riqueza produzida, apesar de darem emprego para apenas 8% da mão-de-obra empregada no mundo. Essas empresas são as responsáveis pela crise climática, ao se apoderarem da natureza, ao utilizarem fontes energéticas poluidoras e ao buscarem apenas o lucro máximo e da forma mais irresponsável possível.
(Por exemplo, enquanto todos especialistas de saúde publica adverte que a poluição do uso do transporte individual, pelo automóvel das grandes cidades é o principal causador de doenças, mortes e péssimas condições do meio ambiente para bilhões de seres humanos que se aglomeram nessas megalópoles, a industria automobilsitica mundial, controlada por não mais de 15 empresas, anuncia novas fabricas, novos créditos, novos veículos !)
Temos o poder político exercido por governos nacionais, neoliberais, totalmente servis a esse poder econômico e que raramente representam os verdadeiros interesses de suas populações. Não querem legislar sobre o poder economico.
E por outro lado, não existe um poder político internacional que consiga ser representativo da humanidade e que possa colocar regras e freios ao crescimento insano das agressões do poder econômico sobre o meio ambiente.
Mesmo quando temos governos nacionais mais sensíveis, como o caso da Bolívia, dos governos da ALBA, ou de pequenos paises do Pacífico, esses governos são insuficientes, pois a s regras para o meio ambiente devem ser para todo mundo, o planeta é um só e funciona em equilíbrio global. Assim, uma agressão ao meio ambiente, no Brasil, na Austrália ou na China, de certa forma acaba trazendo conseqüências para todos os seres vivos que habitam esse planeta, em toda parte.
Por tanto, em primeiro lugar, será necessário resolver essa contradição: enquanto não tivermos um poder político que tenha força suficiente para, em nome da população, impor condicionantes ao poder econômico, essas conferencias serão apenas teatro para enganar alguns incautos.
Em segundo lugar, os analistas e cientistas sérios denunciam que as raizes dos desequilíbrios ambientais e a crise climática que estamos vivendo tem como causa fundamental, o modo de vida imposto pelo consumismo irresponsável da produção capitalista, que produz incansavelmente mercadorias para serem vendidas, não importa suas conseqüências. Por tanto, temos que refletir sobre o modus de vida que nos é imposto.
Em terceiro lugar, é urgente que hajam campanhas de conscientização de toda população sobre a gravidade dessa crise climática, sobre a vida humana e a vida de todo planeta. Em geral, as pessoas sofrem, muitos pagam com a vida, mas há uma alienação geral, provocada pelo monopólio dos meios de comunicação da burguesia, que ilude as pessoas com o consumismo e com práticas agressoras ao meio ambiente.
Daí, que movimentos sociais de todo mundo, ambientalistas, via campesina, marcha mundial das mulheres estão empenhados, junto com alguns governos progressistas a desenvolver durante o ano de 2011 uma grande consulta mundial sobre a crise climatica, que terá como objetivo principal conscientizar a população em todo mundo sobre a gravidade da crise climática.
Esse processo de consulta mundial se baseará em cinco temas, já acordados numa conferencia realizada em abril desse ano em Cochabamba, e está relacionado com: o modelo capitalista de superprodução; o uso abusivo de recursos humanos e econômicos para gastos militares, que também afetam o meio ambiente; a responsabilidade das empresas que agridem o meio ambiente, e sobre a necessidade de constituir-se um tribunal internacional para julgar e punir todos os crimes ambientais práticados por empresas e governos, que hoje estão impunes, pois as legislações nacionais não os controlam.
Teremos ainda um longo caminho pela frente para podermos enfrentar os graves problemas de desequilíbrios ambientais. E certamente não podemos contar com muitos governos. Mais preocupados com as empresas que financiaram suas campanhas e ou com taxas de crescimento econômico. Mas é urgente estimularmos a que todos os movimentos sociais e as forças populares debatam esses temas, para gerar uma consciência mundial das mudanças necessárias.
https://www.alainet.org/fr/node/146350
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