Fusões – a corrida para os oligopólios
17/07/2011
- Opinión
No clássico livro “A Terceira Onda” de Alvim Toffler, ele fazia previsões futuristas de 30 anos atrás, onde alguns vaticínios estão ocorrendo no momento atual. Ele era um apaixonado por suas previsões do futuro, baseado em observações das tendências da ciência e do comportamento civilizatório, sem assumir uma postura de profeta. Entre várias delas, uma era sobre a tendência mundial da concentração capitalista pelo processo de fusão, onde o mundo seria dividido em duas grandes forças finais: empresas transnacionais e as religiões. Deixa transparecer, mas sem intenção apocalíptica, que no final seria o embate entre a força materialista e a força espiritualista. Estas dimensões ultrapassariam as fronteiras geográficas do estado político. De certa maneira isso já é um fato consumado. As transnacionais presentes em todos os países do mundo (onde haja interesse), assim como as religiões, estas materializadas no domínio espiritual, são um fato consumado. Na sua obra posterior, “Criando Uma Nova Civilização” deixa claro o envolvimento, que hoje estamos submetidos pela tecnologia do conhecimento, na aceleração deste processo.
Mas o que mais nos deixa intrigado, justamente nesta era da globalização, é a rápida concentração capitalista levando o mundo ao domínio do oligopólio em termos de mercado. Esta tendência se acelera pelas fusões que a cada dia assistimos na imprensa.
As fusões em princípio são mais fáceis de ocorrer na base primária da produção. Por exemplo, setor químico, petroquímico, farmacêutico que tanto no seu processo de extração como de produção, são fáceis de fundirem com alguma adaptação tecnológica. No setor de serviços, energia elétrica, telecomunicações etc. com protocolos universais, a mesma coisa. À medida que o processo industrial avança em direção a diversificação do consumo final, estas fusões se tornam cada vez mais difíceis. Mas por outro lado, caminha em direção do processo competitivo de mercado. Assim no estágio primário é que está a raiz de toda a oportunidade de dominação.
Entre todos os produtos que fazem parte do universo econômico, o dinheiro é o que se destaca como o mais fácil de todos os ativos, cuja natureza somente trabalha com números. Sua padronização abstrata, precisa e contábil, permite a possibilidade quase instantânea de qualquer movimento na direção do oligopólio e deste para o monopólio. A nível internacional, o câmbio é o único conversor, ainda. Embora cada país, nas suas moedas tenha peculiaridades visíveis, a base numérica que nos aludimos acima é a mesma. Por este viés, vê-se como angustiante esta possibilidade de fusões e mais fusões, como a megafusão monetária e planetária. Pelo lado tecnológico, esta padronização já é universal pelo “bits e bytes” circulando nas redes conectadas. Daí para o passo seguinte, o monopólio financeiro seria apenas uma questão de tempo. Pelo lado prático, seria o elo de união de todos os países agilizando as atividades econômicas, a exemplo que ocorre na Europa. Mas pelo lado político, corre-se um sério risco de domínio e poder inimaginável.
Sergio Sebold – Economista e Professor – sebold@terra.com.br
https://www.alainet.org/fr/node/151242
Del mismo autor
- A grande invasão 02/09/2015
- Falencia financeira do estado politico 16/05/2014
- Fim do Estado político 05/05/2014
- A morte do livro 21/02/2014
- Povo pacífico não faz revolução 12/02/2014
- Também fui “rolezinho” 23/01/2014
- Uma nova Bastilha? 20/08/2013
- O novo “Rato que ruge” 14/04/2013
- O “sorinho” que salvou milhões de crianças 01/04/2013
- A volta do paganismo 25/03/2013