Oposição ou sectarismo em Rio Grande/RS
- Opinión
Como militante político, primeiro no movimento estudantil, depois no movimento ecológico, fiz muito trabalho de oposição ao longo da minha vida. Foram pautas em defesa do ensino público, gratuito e universal, pela ampliação do serviço público de saúde, defesa dos consumidores, proteção do Bioma Pampa, da Laguna dos Patos, de animais e espécies da biodiversidade, dentre outras. É óbvio que lutar por alguma pauta significa se opor a outra. Defender a CORSAN como instituição pública, por exemplo, é se opor à sua privatização. Chamo isto de oposição programática, pois por existem conceitos, valores e princípios sendo defendidos. O ideal de uma CORSAN pública significa que a água é um bem essencial, o acesso à água um direito fundamental, motivo pelo qual a sua gestão deve ser orientada pelo interesse público e não pelo mercado.
Ocorre que nem sempre a oposição política se comporta desta forma. Existem interesses outros, muitos dos quais nunca saberemos quais, às vezes a simples oposição sistemática por ser oposição, os quais orientam a ação de parlamentares e agentes sociais contra o governos. E assim, chegamos ao caso da cidade de Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul.
O arranjo oposicionista formado na Câmara de Vereadores já se opôs e impediu uma série de ações importantes por parte do Município desde o mandato passado, como a construção do anel viário na região da antiga Fábrica Rheingantz (o famoso binário), a aplicação de recursos na reforma de prédios, formação e assistência técnica a cooperativas de catadores e catadoras de materiais recicláveis, levou a discussão da renovação do contrato com a CORSAN até os últimos dias, mesmo que este tenha representado um investimento de R$ 200 milhões para a cidade, adiou a possibilidade de parcelamento das taxas de licenciamento ambiental até o último momento, mesmo que isto beneficiasse toda a economia do município e a própria proteção ambiental, pois empresa regularizada é aquela que segue a lei, dentre outros absurdos.
A última “obra” da bancada de oposição é muito mais do que simplesmente irresponsável, “beira a insanidade”! No momento em que todos os Municípios do país sofrem com a falta de recursos, os nobres Edis tentam impedir o acesso da Prefeitura aos créditos do Programa Nacional de Financiamento à Infraestrutura e Saneamento – o FINISA, o que pode representar a aplicação direta de R$ 72 milhões em saúde, drenagem urbana, pavimentação e uma série de outros ganhos essenciais que beneficiam a vida da população. Enquanto todo mundo morre em juros extorsivos de mais de 100% ao ano em bancos. O FINISA, da Caixa, contempla módicos 2,46% ao ano, com pagamentos a perder de vista.
É um jogo de soma positiva, onde só quem ganha é a população da cidade. Mesmo assim, a bancada de oposição tem travado a votação do projeto e, novamente, poderá fazer com que a cidade perca os recursos.
Pergunto: como os Vereadores da oposição vão explicar para as pessoas que sofrem com inundações que impediram que a população pudesse ter drenagem na sua rua? Ou, por que ninguém poderá ser recebido em uma UPA com atendimento de 24 h? Tenho a impressão que há pouca preocupação com os resultados efetivos desta ação. Na prática, a bancada de oposição de Rio Grande carece da falta de diretriz programática, motivo pelo qual confunde ação de fiscalização com mero sectarismo patrimonialista!
- Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais
https://sustentabilidadeedemocracia.wordpress.com/2017/08/24/oposicao-x-sectarismo-em-rio-granders/
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