Evo sai na frente e afirma contar com votos do campo para vencer no 1º turno
- Opinión
La Paz, Bolívia.- O presidente da Bolívia, Evo Morales, reiterou neste domingo estar seguro de que continuará à frente do governo no período 2020-2025 e comemorou o triunfo do Movimento Ao Socialismo (MAS), que “conquistou a maioria absoluta na Câmara dos Deputados e no Senado” nas eleições realizadas neste domingo.
“A informação que vem do campo nos deixa confiantes de que fomos vitoriosos. Este é um novo triunfo mais, quatro eleições consecutivas, ganhamos de uma direita que quer voltar ao passado”, enfatizou o presidente, que historicamente tem obtido um massivo respaldo na área rural. Até mesmo em Santa Cruz, reduto oposicionista, a projeção é de que o candidato do MAS vença em cinco das sete circunscrições.
Com 83,7% das urnas apuradas pelo Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP), Evo Morales alcança 2.256.603 votos (45,28%) contra 1.901.891 (38,16%) do principal opositor, Carlos Mesa. Pela legislação eleitoral, para vencer no primeiro turno o candidato precisaria obter 50% dos votos ou 40% e uma diferença de 10%.
Acompanhado do vice-presidente Álvaro Garcia Linera, também candidato à reeleição, Evo agradeceu a militância “por ter lutado com esforço e enfrentado tantas mentiras daqueles que se opõem ao processo de mudanças”. Para o presidente, é sinal que chegou a hora de aprofundar a “revolução democrática e cultural” e saudou “a consciência do povo boliviano” por buscar consolidar um processo de avanços.
Outubro negro
Vice-presidente de Gonzalo Sanchéz de Losada, responsável pelo “Outubro Negro”, em 2003, quando foram assassinados 67 manifestantes e feridos mais de 400, Carlos Mesa abriu a noite dizendo a que veio, lançando incertezas e, com o apoio dos grandes conglomerados privados de comunicação, apostou abertamente num clima de incerteza e confrontação.
“Realizamos um triunfo inquestionável que nos permite dizer com absoluta certeza e segurança, tanto pela informação da mídia quanto pelo nosso próprio cálculo interno: estamos no segundo turno”, disse Mesa. Na hipótese de um segundo turno, conta que a embaixada dos Estados Unidos, que tem investido pesado um mar de dólares na oposição ao governo, colocaria seu cofre à disposição.
Acompanhando a apuração junto ao Órgão Eleitoral, pude comprovar como alguns poucos seguidores de Mesa buscavam atrair os holofotes da mídia e dos observadores internacionais gritando “contra a fraude” e “Evo assassino”. Como sempre, o teatro sensibilizou um ou outro elemento da mais do que suspeita Organização dos Estados Americanos (OEA).
Fazendo coro à armação, Bolsonaro usou o Itamaraty para dizer que “o Brasil acompanha com atenção o primeiro turno da eleição na Bolívia” – como se houvesse necessidade de um segundo turno – e que “preocupa muito a interrupção imprevista da apuração e a falta de resposta das autoridades eleitorais bolivianas aos pedidos de esclarecimento da OEA”. A OEP informou que por ser manual o cômputo final sairá nos próximos dias.
Mídia instrumentalizada
Durante todo o tempo em que transmitiam a apuração, alguns canais de televisão aproveitavam para despejar seu ódio contra o governo e insuflar o eleitorado de direita a não reconhecer a derrota. Numa das mensagens, um telespectador enviava um twitter para Evo, reproduzido pela emissora: “respeite os resultados e vá dignamente para o segundo turno, pois caso se consolidar a fraude a sociedade civil vai desconhecer”.
Para o jornalista Israel Soltillo, da rádio 95.3 FM de Valencia, Venezuela, “o combate desigual com que a mídia privada se uniu nestas eleições contra o presidente e o povo boliviano, utilizando numerosos recursos para mentir e difamar, é uma vergonha”. Na verdade, frisou, “é um apoio explícito a candidaturas que encarnam o retrocesso neoliberal e a consequente perda de direitos”. Na avaliação de Israel, “em seu próximo mandato, Evo necessita garantir a democratizacão da comunicacão, pois do contrário estaria colocando seu próprio povo em risco, exposto à ânsia e ao terror dos que querem obter o poder a qualquer custo”. Prova disso, sublinhou, “é que esses meios exercem o jornalismo sem nenhuma ética, agindo como simples instrumentos de poder das elites”.
21 de outubro de 2019
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