A globalização da indústria editorial
24/09/2013
- Opinión
A globalização impõe a intensificação dos processos de monopolização em todas as esferas da economia mundial. A indústria editorial não poderia ficar imune a esse processo.
Pelo lado da produção e pelo lado das vendas, o fenômeno se alastra. Os best sellers são fabricados e impostos pelos mecanismos da globalização editorial. Eu pude viajar por distintos países e continentes nos últimos meses e me dei conta de que um mesmo livro – Inferno, de Dan Brown – aparecia sempre em destaque como mais vendido. Como se, de repente, por milagre, as pessoas tomassem gosto por um único livro, “descobrissem” seus méritos e corressem para comprá-lo.
É o resultado da máquina de fabricar best sellers produzida pela monopolização da indústria editorial em torno de algumas grandes editoras, elas mesmas articuladas com gigantescos consórcios econômicos e financeiros.
Na Feira de Frankfurt – a mais importante do mundo – em cinco dos seus sete dias fica fechada para o publico, enquanto os agentes produzem e concertam os maiores best sellers do futuro. De repente, surge o sucesso global do “Da Vinci”, dos não sei quantos tons de cinza, dos Dan Browns.
Essa monopolização se articula com a monopolização das livrarias, cada vez mais articuladas em redes. Estas têm o privilégio das grandes editoras, que costumam dar em consignação para as redes e não para as livrarias independentes.
Assim, as livrarias se parecem cada vez mais umas às outras, se somando aos outros exemplos de “não lugares”: os aeroportos, os shopping centers, os hotéis.
A monopolização atenta contra a diversidade, a independência, o pensamento crítico, contribuindo para achatar ainda mais as formas de consumo e os gostos individuais.
O que está em risco é a pluralidade, é a independência, é a diversidade, é a liberdade, é a democracia, sacrificadas no altar do mercado. A globalização, mercantilizando radicalmente a produção e a venda de livros, estreita a produção e o acesso aos livros, no polo oposto do conhecimento como patrimônio da humanidade.
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- Emir Sader, cientista político, e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quartas
https://www.alainet.org/fr/node/79575
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