Tudo pronto para a Assembléia Popular: Mutirão por um novo Brasil
23/10/2005
- Opinión
A Assembléia Popular “Mutirão por um novo Brasil é fruto de uma longa caminhada. Ela unifica diversos movimentos sociais, igrejas pastorais sociais, redes, organizações da sociedade civil, enfim, lutadores e lutadoras do povo que há mais de 10 anos vem trabalhando na perspectiva de conscientizar, organizar e mobilizar o povo na construção de um projeto realmente popular para o Brasil : “O Brasil que Queremos”.- pautado na democracia econômica, social e política. Um Brasil que rompa com preconceitos e discriminações ligadas ao gênero, à cor, à etnia etc, que respeite e garanta os direitos dos idosos e crianças e que promova o poder popular como fonte soberana em relação a decisões que afetam e dizem respeito à nossa sociedade. Essa luta tem história, tem raízes profundas. Sementes que foram plantadas carinhosamente e em mutirão, já na 1ª Semana Social Brasileira, em 1991. Daí nasceram o Grito dos Excluídos/as, a Campanha Jubileu Brasil, mais outras 3 Semanas Sociais Brasileira. E como deram frutos essas sementes: os Plebiscitos populares sobre a Dívida Externa e o FMI, em 2000 e sobre a ALCA e a Base de Alcântara, em 2002, e tantas outras frentes de luta contra a OMC, o Livre Comércio, pelo resgate das dívidas sociais, a luta contra a guerra e a militarização estadunidense etc.
É por isso que cresce a cada minuto nossa expectativa diante da Assembléia Popular. Já começam a chegar em Brasília os lutadores e lutadoras do povo de diversos estados do país. Esses sim, os verdadeiros revolucionários socialistas, porque não desanimam nunca e continuam caminhando e lutando na perspectiva de que o Brasil que queremos será fruto da organização e participação popular. É do povo que virão as mudanças estruturais necessárias para a democratização radical e a socialização dos bens da natureza.
O espírito que norteará a Assembléia será a do exercício da liberdade dos povos e do estímulo ao povo que toma em suas mãos a história do país. No programa estão previstos o resgate da história e a conjuntura atual, para a partir daí começar um processo de construção do documento “O Brasil que Queremos”. Também a elaboração de um Manifesto e uma Carta de Acordos da Assembléia Popular serão trabalhadas coletivamente, com representantes de cada estado brasileiro para que se olhe, escute e pense o Brasil a partir das suas diferentes regiões e a partir de uma rica unidade de áreas sócio-culturais e biomas diferentes.
Como não poderia deixar de ser, a mística e a simbologia marcarão toda a programação da Assembléia: manifestações culturais dos estados, apresentações musicais e, no dia 26 de outubro, à noite, uma caminhada e vigília com a presença de Dom Luiz Cappio, lutador que com seu jejum paralisou o processo autoritário de transposição do Rio São Francisco.
Algumas linhas gerais deverão nortear a construção dos acordos e lutas comuns: a luta pela valorização do salário mínimo, pelo direito ao trabalho, pelo direito dos migrantes, lutar para dobrar as vagas em universidades públicas, contra o pagamento da dívida interna e os altos juros com dinheiro do orçamento público, pela auditoria e suspensão da dívida externa, por uma reforma política de fato, que mude o processo de representação política e pela democratização da terra e reforma agrária.
Para ampliar a organização de bases e a articulação dos movimentos, a Assembléia Popular quer propor um processo de mutirão de casa em casa. O povo precisa tomar conhecimento de que o Brasil tem saída, que temos um projeto para sair da crise. Para isso, precisamos investir no trabalho de base, construir assembléias populares locais, conselhos populares e se possíve,l investir num estado de Assembléia Popular Permanente para nos mantermos sempre mobilizados.
Enfim, a Assembléia Popular Mutirão por um novo Brasil quer reconhecer as iniciativas que já estão construindo um novo Brasil e somar novas forças para apressar este processo, na certeza de que a sociedade que queremos construir acontecerá de forma plena somente com o protagonismo do povo como um todo.
*Luciane Udovic e Luiz Bassegio, da secretaria Continental do Grito e da Minga Informativa.
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