Inquérito da Polícia Federal acusa 36 em esquema de caixa 2
25/09/2007
- Opinión
MENSALÃO TUCANO Procurador-geral irá denunciar investigados por esquema de corrupção de campanha do PSDB em Mingas Gerais
O tema é o mesmo: caixa dois e desvio de dinheiro público. Mudam apenas alguns dos beneficiados. Sai o PT; e entra o PSDB no banco dos réus. O crime é semelhante, mas o discurso sobre ele tem sido bem diferente. Para os meios de comunicação hegemônicos, o episódio envolvendo José Dirceu e a cúpula petista era chamado de "mensalão do governo Lula" ou "mensalão petista". Agora, a designação é mais sutil: "mensalão mineiro" - embora o principal envolvido seja o ex-presidente do PSDB, ex-governador de Minas Gerais e atual senador Eduardo Azeredo (MG).
Para o jornalista e sociólogo Venício de Lima, é evidente que a mídia corporativa tem atuado de forma distinta na cobertura destes episódios. “No primeiro caso, identificou a crise com o partido e agora vem usando uma referência geográfica. Para ser coerente, deveria tratar do esquema ligado ao PT como ´mensalão paulista´”, diz.
O tucano Azeredo será um dos políticos denunciados pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ao Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento num esquema de caixa dois na campanha do PSDB ao governo mineiro, em 1998. A denúncia, que deve ser apresentada ao STF até o dia 30 de setembro, será feita com base num inquérito da Polícia Federal que aponta Azeredo como principal beneficiário de um modelo de arrecadação ilegal de recursos quando disputou a reeleição ao governo do Estado.
Mais que isso, o esquema é apontado como o precursor do utilizado depois pela cúpula petista. O inquérito relacionou 36 pessoas, entre elas o atual ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, o publicitário Duda Mendonça e o empresário Marcos Valério, que também foi responsável pela arrecadação e distribuição de recursos no chamado mensalão petista.
Segundo o relatório da PF, a coligação de Azeredo, que tinha como vice o ex-deputado Clésio Andrade, do PFL (atual DEM), injetou dinheiro ilegal na campanha, por meio de caixa dois. A coligação só declarou à Justiça Eleitoral R$ 8,55 milhões, dos mais de R$ 80 milhões gastos na campanha, sem contar os R$ 20 milhões que ficou devendo.
Doações sigilosas
A lista inclui ainda os coordenadores da campanha de Azeredo, dirigentes de estatais mineiras e executivos de empresas, sobretudo empreiteiras, que tinham negócios com o governo e fizeram grandes doações sigilosas. O esquema teria arrecadado mais de R$ 100 milhões entre desvios de estatais e empréstimos de fachada feitos pelo empresário. Com os resultados obtidos pela PF, parte dos envolvidos poderá ser enquadrada nos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
O documento também reproduz lista que descreve o envio de R$ 110 mil do esquema para a campanha do então candidato a deputado e atual governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Embora a imprensa corporativa tenha citado brevemente o envolvimento do governador mineiro no esquema de caixa dois, “ele teve participação ativa, pois na época estava em plena campanha para deputado federal”, afirma Willian Santos, advogado do diretório estadual do PT de Minas Gerais.
Segundo Luis Ronaldo Carvalho, da Consulta Popular, quando o esquema de desvio de verbas foi descoberto no Estado, os setores que começaram a denunciá-lo foram alvo de ameaças. “Sem falar na imprensa que num geral não noticia nada porque é totalmente refém do Estado e os jornalistas que ousam tratar do assunto são ameaçados de demissão”, revela.
Lista de Furnas
O deputado estadual Padre João (PT-MG) lembra que, além do caixa dois que ocorreu em 1998, nas eleições de 2002, em que os candidatos eram os tucanos José Serra (para presidente), Geraldo Alckmin (para governador de São Paulo) e Aécio Neves (para governador de Minas Gerais), o esquema se manteve com a chamada Lista de Furnas, “com o caixa dois superando o valor de R$ 25 milhões somente para os cargos majoritários”, diz ele.
Segundo o deputado, “a perícia da Polícia Federal constatou isso na lista em que Serra aparece como beneficiário de R$ 7 milhões, Alckmin de R$ 9,3 milhões e Aécio Neves com R$ 5,5 milhões. Além do atual governador de Minas, pessoas ligadas a ele, como a sua irmã Andréia Neves e o Secretário de Governo também receberam recursos”.
De acordo com o relatório da PF, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PTB), atuou para indicar políticos que receberiam dinheiro da campanha de Eduardo Azeredo, organizou a contratação do publicitário Duda Mendonça e levantou empréstimos no Banco Rural. O relatório aponta que foram repassados a Mares Guia R$ 24 milhões para pagamentos das despesas.
Fonte: Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br
O tema é o mesmo: caixa dois e desvio de dinheiro público. Mudam apenas alguns dos beneficiados. Sai o PT; e entra o PSDB no banco dos réus. O crime é semelhante, mas o discurso sobre ele tem sido bem diferente. Para os meios de comunicação hegemônicos, o episódio envolvendo José Dirceu e a cúpula petista era chamado de "mensalão do governo Lula" ou "mensalão petista". Agora, a designação é mais sutil: "mensalão mineiro" - embora o principal envolvido seja o ex-presidente do PSDB, ex-governador de Minas Gerais e atual senador Eduardo Azeredo (MG).
Para o jornalista e sociólogo Venício de Lima, é evidente que a mídia corporativa tem atuado de forma distinta na cobertura destes episódios. “No primeiro caso, identificou a crise com o partido e agora vem usando uma referência geográfica. Para ser coerente, deveria tratar do esquema ligado ao PT como ´mensalão paulista´”, diz.
O tucano Azeredo será um dos políticos denunciados pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, ao Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento num esquema de caixa dois na campanha do PSDB ao governo mineiro, em 1998. A denúncia, que deve ser apresentada ao STF até o dia 30 de setembro, será feita com base num inquérito da Polícia Federal que aponta Azeredo como principal beneficiário de um modelo de arrecadação ilegal de recursos quando disputou a reeleição ao governo do Estado.
Mais que isso, o esquema é apontado como o precursor do utilizado depois pela cúpula petista. O inquérito relacionou 36 pessoas, entre elas o atual ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, o publicitário Duda Mendonça e o empresário Marcos Valério, que também foi responsável pela arrecadação e distribuição de recursos no chamado mensalão petista.
Segundo o relatório da PF, a coligação de Azeredo, que tinha como vice o ex-deputado Clésio Andrade, do PFL (atual DEM), injetou dinheiro ilegal na campanha, por meio de caixa dois. A coligação só declarou à Justiça Eleitoral R$ 8,55 milhões, dos mais de R$ 80 milhões gastos na campanha, sem contar os R$ 20 milhões que ficou devendo.
Doações sigilosas
A lista inclui ainda os coordenadores da campanha de Azeredo, dirigentes de estatais mineiras e executivos de empresas, sobretudo empreiteiras, que tinham negócios com o governo e fizeram grandes doações sigilosas. O esquema teria arrecadado mais de R$ 100 milhões entre desvios de estatais e empréstimos de fachada feitos pelo empresário. Com os resultados obtidos pela PF, parte dos envolvidos poderá ser enquadrada nos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
O documento também reproduz lista que descreve o envio de R$ 110 mil do esquema para a campanha do então candidato a deputado e atual governador de Minas, Aécio Neves (PSDB). Embora a imprensa corporativa tenha citado brevemente o envolvimento do governador mineiro no esquema de caixa dois, “ele teve participação ativa, pois na época estava em plena campanha para deputado federal”, afirma Willian Santos, advogado do diretório estadual do PT de Minas Gerais.
Segundo Luis Ronaldo Carvalho, da Consulta Popular, quando o esquema de desvio de verbas foi descoberto no Estado, os setores que começaram a denunciá-lo foram alvo de ameaças. “Sem falar na imprensa que num geral não noticia nada porque é totalmente refém do Estado e os jornalistas que ousam tratar do assunto são ameaçados de demissão”, revela.
Lista de Furnas
O deputado estadual Padre João (PT-MG) lembra que, além do caixa dois que ocorreu em 1998, nas eleições de 2002, em que os candidatos eram os tucanos José Serra (para presidente), Geraldo Alckmin (para governador de São Paulo) e Aécio Neves (para governador de Minas Gerais), o esquema se manteve com a chamada Lista de Furnas, “com o caixa dois superando o valor de R$ 25 milhões somente para os cargos majoritários”, diz ele.
Segundo o deputado, “a perícia da Polícia Federal constatou isso na lista em que Serra aparece como beneficiário de R$ 7 milhões, Alckmin de R$ 9,3 milhões e Aécio Neves com R$ 5,5 milhões. Além do atual governador de Minas, pessoas ligadas a ele, como a sua irmã Andréia Neves e o Secretário de Governo também receberam recursos”.
De acordo com o relatório da PF, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PTB), atuou para indicar políticos que receberiam dinheiro da campanha de Eduardo Azeredo, organizou a contratação do publicitário Duda Mendonça e levantou empréstimos no Banco Rural. O relatório aponta que foram repassados a Mares Guia R$ 24 milhões para pagamentos das despesas.
Fonte: Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br
https://www.alainet.org/en/node/123436
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