Para Naomi Klein, movimentos têm de trazer Obama para a esquerda
13/11/2008
- Opinión
“Barack Obama chega ao poder como um político de centro. A tarefa dos movimentos progressistas é trazê-lo para a esquerda”. A avaliação é da jornalista canadense Naomi Klein e foi exposta numa conferência realizada em Madison, capital do Estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, no dia 7. Autora de “Sem logo” (Record, 2002) e “A doutrina do choque” (Nova Fronteira, 2008), ela é uma das principais intelectuais e militantes altermundialistas da América do Norte.
A jornalista acredita que a crise econômica e social que os Estados Unidos atravessam coloca a população diante de um dilema. Por um lado, pode “confiar que a autoridade e seus especialistas vão resolver a situação”, isto é, deixar a solução da crise para o recém-eleito presidente dos Estados Unidos. Por outro, pode “amadurecer e pressionar o governo para atender a suas demandas”. Ela acredita que os movimentos sociais têm de fortalecer a segunda opção.
O dilema, acredita Naomi, não existia no governo de George W. Bush, contra o qual era necessário adotar uma atitude de oposição permanente. A eleição de Obama expressa uma mudança na atitude popular: “Estava em Washington [capital dos Estados Unidos] no dia da eleição [4 de novembro], em frente a um palacete de uma das ruas mais chiques da cidade dois negros comemoravam. Eram o porteiro e o motorista da limusine estacionada na porta. De repente, sai do palacete um velho, branco, estereótipo do conservadorismo estadunidense. Estava totalmente emburrado. Após abrir a porta para seu empregador, o motorista da limusine olhou para seu colega e ambos caíram na gargalhada. A vitória de Obama representou isso, num país onde durante décadas os trabalhadores negros foram marginalizados da política e humilhados tiveram sua noite de troco”.
Conto de fadas
A euforia com a derrota dos republicanos, adverte Naomi, não pode substituir a clara avaliação das bases conservadoras de Obama. Para ela, a campanha do candidato democrata se consolidou como um referendo entre a politica neoliberal do governo Bush e a alternativa econômica que ele diz representar – “mas que alternativa é essa?”. Obama colocou toda a culpa da crise nos republicanos, mas todo o processo começou com as políticas de desregulamentação iniciadas na Presidência do democrata Bill Clinton, analisa a jornalista canadense.
Segundo Naomi, a estratégia inicial de Obama se resume em continuar a política de Clinton, ou seja, manter um neoliberalismo mais brando. Ela avalia a indicação de políticos conservadores para formar o ministério do novo governo como um sinal disso. “Cansada de dois mandatos republicanos, a população estadunidense se deixou levar pelo conto de fadas de que Obama seria a resposta progressista à crise. Só ouvimos do discurso dele o que quisemos. Fomos surdos aos sinais de continuismo que ele representa”, afirmou. Ovacionada pela platéia da conferência, composta de cerca de 800 pessoas, ela ainda afirmou: “Amadurecer com a escolha de Obama e entender que somos nós, o povo mobilizado, que temos de fazer a eleição dele ser um processo de transformação”.
http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/internacional/para-naomi-kle...
A jornalista acredita que a crise econômica e social que os Estados Unidos atravessam coloca a população diante de um dilema. Por um lado, pode “confiar que a autoridade e seus especialistas vão resolver a situação”, isto é, deixar a solução da crise para o recém-eleito presidente dos Estados Unidos. Por outro, pode “amadurecer e pressionar o governo para atender a suas demandas”. Ela acredita que os movimentos sociais têm de fortalecer a segunda opção.
O dilema, acredita Naomi, não existia no governo de George W. Bush, contra o qual era necessário adotar uma atitude de oposição permanente. A eleição de Obama expressa uma mudança na atitude popular: “Estava em Washington [capital dos Estados Unidos] no dia da eleição [4 de novembro], em frente a um palacete de uma das ruas mais chiques da cidade dois negros comemoravam. Eram o porteiro e o motorista da limusine estacionada na porta. De repente, sai do palacete um velho, branco, estereótipo do conservadorismo estadunidense. Estava totalmente emburrado. Após abrir a porta para seu empregador, o motorista da limusine olhou para seu colega e ambos caíram na gargalhada. A vitória de Obama representou isso, num país onde durante décadas os trabalhadores negros foram marginalizados da política e humilhados tiveram sua noite de troco”.
Conto de fadas
A euforia com a derrota dos republicanos, adverte Naomi, não pode substituir a clara avaliação das bases conservadoras de Obama. Para ela, a campanha do candidato democrata se consolidou como um referendo entre a politica neoliberal do governo Bush e a alternativa econômica que ele diz representar – “mas que alternativa é essa?”. Obama colocou toda a culpa da crise nos republicanos, mas todo o processo começou com as políticas de desregulamentação iniciadas na Presidência do democrata Bill Clinton, analisa a jornalista canadense.
Segundo Naomi, a estratégia inicial de Obama se resume em continuar a política de Clinton, ou seja, manter um neoliberalismo mais brando. Ela avalia a indicação de políticos conservadores para formar o ministério do novo governo como um sinal disso. “Cansada de dois mandatos republicanos, a população estadunidense se deixou levar pelo conto de fadas de que Obama seria a resposta progressista à crise. Só ouvimos do discurso dele o que quisemos. Fomos surdos aos sinais de continuismo que ele representa”, afirmou. Ovacionada pela platéia da conferência, composta de cerca de 800 pessoas, ela ainda afirmou: “Amadurecer com a escolha de Obama e entender que somos nós, o povo mobilizado, que temos de fazer a eleição dele ser um processo de transformação”.
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https://www.alainet.org/en/node/130862
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