Lula, Kirchner, Alca, Mercosul
01/05/2003
- Opinión
O favoritismo de Nestor Kirchner para triunfar no segundo
turno das eleições presidenciais argentinas, no dia 18 de
maio, pode representar o impulso que a nova política
externa brasileira precisa para se projetar no plano
internacional. Um aliado de Lula na reformulação,
fortalecimento, ampliação e renovação do Mercosul,
Kirchner como presidente da Argentina pode ser o elo que
falta para que o continente possa criar forças para se
inserir no plano internacional com renovadas forças.
A proposta brasileira de dar um caráter político – isto é,
abrangente – ao Mercosul, com um Parlamento Latino-
americano, que deve incluir o avanço decisivo para a
criação de uma moeda comum regional – necessita do eixo
Brasília/Buenos Aires. Outros elos dessa construção – o
Uruguai, o Paraguai, a Bolívia, a Venezuela, Cuba, o
Equador, o Chile – dependem de uma força política que a
aliança Lula/Kirchner é a única que pode criar.
Um Mercosul renovado e ampliado, por sua vez, será um
interlocutor significativo para dialogar e consolidar os
acordos em vias de conclusão com a União Européia. Mas,
sobretudo, será um interlocutor mais forte para
estabelecer os acordos soberanos que julgue necessários
com os Estados Unidos, mediante acordos bilaterais e para
dar curso à discussão da Alca nos termos que interessem ao
continente.
Outra contribuição de um Mercosul fortalecido é à paz
mundial, promovendo o continente como um novo polo de
debate dos grandes temas em conflito no mundo
contemporâneo, na contramão do unilateralismo e o uso
indiscriminado da força que tem caracterizado a posição
norte-americana. A democratização da ONU, por sua vez,
encontrará no Mercosul um ponto de apoio que terá que
expressar sua força mediante uma representação mais
importante da região.
Em suma, se pode esperara que a partir de 25 de maio – em
que a provável posse de Kirchner pode ser o grande ponto
de partida – o continente e em particular a região do
Mercosul, possa lançar-se como novo protagonista no
tabuleiro político internacional. Isso depende da vitória
de Krichner e do audácia brasileira de levar adiante a
política que Lula anunciou no seu discurso de posse como
presidente do Brasil.
https://www.alainet.org/es/articulo/107439
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