Agenda 2004 para combater a dívida

20/01/2004
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Reunião do "Jubileu Sul" define ações para este ano: o "infeliz aniversário" de FMI e Banco Mundial, e o aprofundamento das auditorias da dívida Prestes a completar 60 anos, em abril próximo, o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) devem receber um presente das organizações que acompanham de perto o trabalho de ambas. São os cartões de "infeliz aniversário" que ativistas do Jubileu Sul – uma coalizão de movimentos, sindicatos e outras organizações, de 35 países, que lutam contra o peso excessivo da dívida externa sobre os ombros dos países empobrecidos. Segundo Lidy Nacpil, da seção do Jubileu Sul nas Filipinas, "os cartões serão enviados com protestos por pessoas que vivem em países afetados pelas políticas de FMI e BM". O encontro anual das duas instituições em Washington será, desta vez, em abril, e não em setembro – para ser realizado na data de suas fundações, em 1944. Aprofundar auditorias e boicotar o Banco Mundial A reunião de representantes do Jubileu Sul de vários países – Filipinas, Argentina, Paraguai, África do Sul, Índia, Haiti, Estados Unidos, Níger... – serviu justamente para tratar os próximos passos da campanha. Durante a manhã deste último dia de IV FSM, os membros do Jubileu trocaram informações sobre os países onde houve mais avanços. Um deles foi a Filipinas, onde a campanha contra a dívida externa juntou-se à luta contra a privatização da água. "Isso foi muito importante para nós, porque a venda das estatais é apresentada, em todos os países, como a solução para a questão da dívida. E pudemos informar a população de quais os verdadeiros motivos da dívida e porque a privatização só tende a aumentá-la", relata Lidy Nacpil. Outro país em que a luta contra a dívida avançou foi na África do Sul. Lá, o Jubileu Sul pede que parte da dívida seja anulada por ter sido contraída durante um governo ilegítimo, o que referendou o regime de apartheid. "O apartheid foi um crime contra a humanidade, portanto, os bancos que financiaram esse governo, que agiu contra os direitos humanos, não podem, além de tudo, lucrar bilhões com os juros de seu empréstimo", acusa Brian Ashley, do Jubileu sul africano. Para alimentar essa e outras campanhas com dados e informações, o Jubileu considerou importante aprofundar a auditoria cidadã da dívida que vem sendo feita por alguns países. Outro caso apresentado como bem-sucedido foi o da Campanha pelo Boicote aos Bônus do Banco Mundial, realizada nos Estados Unidos, Europa e Canadá. "A principal fonte de financiamento do BM é a compra de títulos seus no mercado financeiro. Estamos conseguindo que sindicatos, igrejas e alguns governos deixem de comprar seus títulos", diz Lidy. Segundo ela, a campanha tem dado resultado: o próprio presidente do Banco Mundial já se encontrou pessoalmente com o representante de uma organização católica dos EUA (a Conference of Major Superiors of Men), que havia aderido ao boicote. "Nossa meta é colocar mais força nessa campanha, tornando-a a principal nos EUA e Europa", afirma. * Daniel Merli, Planeta Porto Alegre
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