Carta al Diretor Geral do Fundo Monetário Internacional
09/09/2004
- Opinión
Ilmo. Sr.
Diretor Geral do Fundo Monetário Internacional
Senhor Rodrigo Rato,
Somos um grande movimento, presente em várias partes do
mundo, que vem se manifestando contra as políticas do FMI.
Defendemos que 60 anos de Bretton Woods bastam e que a dívida
externa já foi paga. Para comprovar isso, queremos uma
auditoria pública desta dívida conforme prevê o Artigo 26 do
ADCT da Constituição Federal do Brasil, realizadas sob
controle da sociedade civil.
Dizemos NÃO às políticas do Fundo Monetário Internacional e
dizemos NÃO porque constatamos de forma crescente os efeitos
perversos de suas políticas: o desemprego crescente, o
aumento das desigualdades e a destruição da possibilidade de
desenvolvimento soberano e solidário. Por essa razão, as
reuniões anuais do Fundo e do Banco Mundial são marcadas pelo
protesto de milhares de pessoas que vão às ruas lutar para
que suas nações reconquistem a autonomia na definição de suas
políticas econômicas, para dizer não ao pagamento da dívida
externa e defender o ser humano e o meio ambiente como focos
centrais de qualquer modelo econômico, diante da
preponderância atual do tema finanças.
Em 2000, a Campanha Jubileu Sul realizou no Brasil uma
consulta popular que contou com a participação de mais de 6
milhões de pessoas. Destas, 93,6% disseram que o Brasil não
deveria manter o acordo com o FMI. Consideramos que
mecanismos como estes, de consulta direta à população, devam
ser os verdadeiros instrumentos de diálogo com a sociedade
civil. Não consideramos esse grupo aqui reunido apto a
representar a sociedade civil brasileira. Somos parte desta
sociedade, mas não temos mandato para representá-la.
Há praticamente um consenso global a respeito da ineficácia
do FMI. Para países do Sul ele funciona como 'guardião dos
interesses dos credores internacionais, na medida em que
impõe políticas sobre os governos destes países, que incluem
programas de ajustes, bem como a condicionalidade de abertura
da conta de capital. Essas não somente causam devastação
social, mas também solapam as bases do desenvolvimento
econômico.
Os efeitos negativos das políticas aplicadas em decorrência
dos acordos celebrados com o FMI e o fracasso das operações
financiadas levaram os países em desenvolvimento a graves
crises de endividamento e ao crescente reconhecimento da
necessidade de equacionamento da dívida externa. Após os
inúmeros problemas associados à crise asiática, os
governantes dos países desenvolvidos chegaram a uma conclusão
óbvia, já bastante conhecida de muitos analistas de países em
desenvolvimento que têm sofrido o impacto devastador dos
acordos do FMI: os acordos e os recursos do FMI são incapazes
de resolver problemas estruturais de balanço de pagamentos
resultantes de desigualdades históricas entre Norte e Sul.
Portanto, Sr. Diretor Geral, estamos aqui para dizer que não
apoiamos as políticas do FMI. Discordamos da postura
desrespeitosa e anti-democrática desta instituição, cuja
direção o Sr. acabou de assumir, sendo urgente e necessário
que ela seja radicalmente democratizada. Queremos dizer,
também, que a administração da saúde financeira de um país
deve ser tarefa autônoma e soberana de cada governo,
refletindo sempre e claramente a autêntica vontade do povo.
Enfatizamos ainda que, em caso de crise, deveríamos poder
contar com organizações financeiras que funcionem de forma
solidária e dialógica - sem impor condicionalidades - na
concessão de seus empréstimos.
Por fim, não queremos a continuidade do FMI e de suas
políticas atuais. Elas são implementadas à revelia do
controle democrático e social e beneficiam, em detrimento das
aspirações dos povos, os interesses dos grandes investidores
internacionais.
60 ANOS BASTAM!
Campanha Jubileu Sul
Coordenação da Auditoria Cidadã da Dívida
Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais
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Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais
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