O Mercosul e Israel
20/07/2006
- Opinión
Os países membros do Mercosul e Israel estão negociando um acordo, mais
político do que comercial, já que o comércio entre o Mercosul e Israel é
ínfimo. Nada demais se esse acordo político não estivesse sendo feito com
um governo que desrespeita todos os acordos internacionais e viola
direitos humanos.
Israel está, por exemplo, construindo um vergonhoso muro, separando-o dos
palestinos. Este muro viola os direitos humanos e foi condenado, em 9 de
julho de 2004, pela Corte Internacional de Justiça, medida que foi
ratificada pela Assembléia Geral da ONU.
Tendo uma extensão prevista de 350 km, corta cidades ao meio, contorna
outras e anexa partes do território palestino. Além dessa resolução da
ONU, Israel viola diversas resoluções, como a que determina a partilha do
território com a Palestina e a partilha de Jerusalém.
Também demole arbitrariamente casas de palestinos, discrimina estes no
trabalho e anexa os territórios mais férteis. Isto tudo com o uso da força
militar contra um povo que sequer possui exército.
Assim, Israel recria o apartheid numa época em que o mundo luta contra
qualquer forma de discriminação. Povos de vários países do mundo,
inclusive humanistas israelitas, estão em campanha contra o muro e pedem a
condenação de Israel por este ato.
Como se não bastasse, Israel, com o apoio do governo Bush e sob o pretexto
de resgatar três soldados sequestrados, lançou uma sangrenta ofensiva
contra os palestinos e libaneses, ocasionando a morte de centenas de civis
e, inclusive, de crianças brasileiras.
Apenas para refrescar a memória, deve-se lembrar que os nazistas também
tinham por princípio matar dezenas de civis para cada nazista morto. O que
Israel pretende é depor o governo palestino do Hamas e, para tanto,
sacrifica vidas inocentes, usando de seu poderio bélico.
Além de assassinar diversas lideranças ligadas ao Hamas, despeja bombas no
sul do Líbano, destrói vidas e a infraestrutura do país, como pontes,
escolas, centrais elétricas, casas e rodovias. Deseja que a Palestina seja
um Estado subalterno aos seus interesses e destrói, impiedosamente, o país
vizinho.
A Palestina já é hoje um país sem infra- estrutura, sem dinheiro, remédios
e com atendimento precário em hospitais. Diversos países árabes,
subjugados pelos Estados Unidos, viram as costas para os palestinos.
Devemos condenar veementemente qualquer Estado que viole direitos humanos
e, diante deste quadro, o Mercosul deve suspender qualquer negociação com
o Estado de Israel até que este deixe de lado o uso da força bélica para
massacrar civis e discriminar povos.
Possivelmente, a maioria dos israelenses não compactua com este estado de
coisas e deseja viver em paz.
Acredito que a maioria dos israelenses – ao menos aqueles que crêem que um
outro mundo é possível – deseja que o seu país seja mais justo, com menos
desigualdade, menos alinhado com os EUA, com mais recursos para escolas,
saúde e educação do que para a guerra.
Mas, infelizmente, não é assim que pensam e agem o governo e a direita
reacionária israelense.
- Antônio Júlio De Menezes Neto é sociólogo e professor (UFMG)
https://www.alainet.org/es/node/116191
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