Em defesa da nossa soberania
10/10/2006
- Opinión
Tinha de me manifestar, e apresentei um motivo, a meu ver, suficiente, para
justificar a permanência de Lula no poder
NA ÚLTIMA terça-feira, como fazemos há mais de quatro anos, assistimos às
aulas do nosso amigo, o físico Luiz Alberto Oliveira, nas quais são
debatidos os problemas da vida, da filosofia, deste estranho mundo em que
vivemos.
Nessa noite, prevaleceu em nossa conversa a notícia, divulgada pela
imprensa, de que o Prêmio Nobel de Física tinha sido concedido a John Mather
e George Smoot. E, durante meia hora, Luiz Alberto discorreu sobre a
matéria, entusiasmado com a descoberta daqueles cientistas que apuravam a
teoria do Big Bang, há tantos anos adotada.
Interessados, acompanhamos as explicações do nosso amigo sobre o assunto. E
foi já tarde, pelas 23h, que o problema do segundo turno das eleições
presidenciais nos ocupou, cada um expondo o que pensava sobre o que poderá
ocorrer, todos a apoiar Lula.
E no calor da discussão comentou-se a campanha odiosa levantada contra ele
durante todo o período que precedeu as eleições.
Tinha de me manifestar também, e apresentei um motivo -a meu ver,
suficiente- para justificar a defesa que fazemos da permanência de Lula no
poder.
Insisti em que ele seria indispensável para o movimento de protesto contra o
imperialismo norte-americano que se espalha pela América Latina. Movimento
para o qual o Brasil se faz fundamental, por ser o país mais importante
deste continente em que estamos.
Outro presidente menos interessado no problema, mais preocupado em atender
às pressões dos Estados Unidos -esquecendo-se da nossa Amazônia, tão
ameaçada-, romperia esse movimento em defesa da América Latina que o Brasil,
a Venezuela, a Argentina e a Bolívia vêm sustentando corajosamente.
Precisamos não nos iludir com o argumento de que a política violenta do
presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, começa a declinar. Quem sabe
se, diante do que ocorre, ela não vai se tornar mais cruel ainda -e o
inesperado surge de repente?
Vivemos em um momento no qual a defesa da pátria e da sua soberania entre
nós não pode ser esquecida. E, para isso, a integração de todos os países
que compõem a América Latina se faz essencial.
Nas discussões políticas, a crítica quase sempre é levada a voltar atrás
para descobrir erros cometidos no passado.
Nós, que estamos a favor de Lula, gostaríamos que isso ocorresse para
comprovar que ele sempre permaneceu solidário com aqueles que lutam pela
defesa da América Latina -de mãos dadas com Hugo Chávez, Néstor Kirchner e
Evo Morales.
- OSCAR NIEMEYER , 98, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF). Suas
obras estão edificadas em diversos países, entre os quais Alemanha, Argélia,
EUA, França, Israel, Itália, Líbano e Portugal.
https://www.alainet.org/es/node/117630
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