Organizações preparam mobilização para reunião de cúpula do G-8
24/01/2007
- Opinión
Próximo encontro de cúpula dos oito países mais ricos do mundo será realizado em junho, na Alemanha. Organizações da sociedade civil começam a articular protestos em defesa de mudanças estruturais no modelo de comércio e de desenvolvimento global.
Nairobi (Quenia) – A próxima reunião de Cúpula do G-8, o grupo dos oito países mais ricos do mundo, tem mobilizado a articulação de grupos e a discussão de temas correlatos no VII Fórum Social Mundial. De 6 a 8 de junho, representantes dos governos dos EUA, Canadá, Japão, Grã-Bretanha, França, Itália, Alemanha e Rússia marcaram uma reunião em Helingendamm, próximo a Rostock, Alemanha, na região do Mar Báltico.
“Será um encontro relevante, pois além de assumir a presidência do G-8, a Alemanha também estará ocupando a presidência da União Européia”, adverte Cláudia Warning, presidente da Associação Alemã de Organizações Não-Governamentais (ONGs) de Desenvolvimento - Association of German Development NGOs (Venro) e diretora da Associação de Igrejas Protestantes (EED) da Alemanha.
As organizações ligadas a Venro propõem, entre outras medidas, o aumento do orçamento dos países ricos para a Assistência Oficial para o Desenvolvimento – Official Development Assistence (ODA) - destinado aos países pobres, o cancelamento da dívida externa e justiça no comércio global. “O G-8 insiste na abertura de mercado para atração de investimentos estrangeiros como receita única para o desenvolvimento. Isso não basta. A África do Sul recebe muitos investimentos estrangeiros e continua sendo muito pobre e desigual”, argumentou Cláudia em uma das mesas dedicadas ao assunto.
Os países ricos, realçou a ativista indiana Vandana Shiva, não se podem eximir de suas responsabilidades pelos desequilíbrios provocados por esse modelo único de crescimento e desenvolvimento com base na produção industrial não-sustentável e no livre comércio. “A abertura de mercado imobiliário na Índia apenas abriu as portas para os especuladores tomarem conta do setor", afirmou.
O posicionamento do deputado da Comissão pela Cooperação Econômica do Parlamento Alemão, Saacha Raabe, durante um dos debates sobre o assunto foi bastante sintomático. Raabe declarou que concorda com a necessidade de aumento de doações (ODA) para os países pobres e com a flagrante incoerência da política de subsídios agrários, mas não se privou de fazer uma ressalva: “continuo achando que a integração pelo mercado pode ajudar os países pobres”.
Muitas entidades da sociedade civil, pontuou George Ehusania, secretário da principal entidade que reúne a Igreja Católica na Nigéria, limitam-se a exigência de mais controle e transparência. “Muitas promessas foram feitas em Gleneagles [nos EUA, local da última reunião de Cúpula do G-8 realizada em 2005; naquela ocasião, o primeiro-ministro britanico, Tony Blair, definiu inclusive a iniciativa dos chefes de Estado em Gleneagles como “a esperança de que a pobreza na África poderá ser extinta”]. E nada aconteceu. Precisamos de mudanças estruturais”, completou Ehusania. “Essa não é a agenda da sociedade civil. Os 8 mil milionários na África continuam aumentando o seu patrimônio e detêm aproximadamente US$ 52 bilhões (leia também: "Desigualdade social aflora como tema símbolo do Fórum em Nairobi"). “Precisamos encontrar uma forma de deslegitimar a agenda do G-8”, adicionou o brasileiro Candido Grzybowsky, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
Ações
Entidades organizadas no coletivo “Block G-8” (Bloqueie o G-8) também participaram de discussões e distribuíram panfletos no FSM 2007. Eles pretendem bloquear o encontro de cúpula com um único objetivo: “tráfego zero para e de Helingendamm por todas as entradas possíveis”.
“Nós não vamos deixar as estradas voluntariamente, porque a nossa ação não pretende limitar-se ao simbolismo. Nós queremos real e efetivamente bloquear a Cúpula do G-8 e minar a infra-estrutura de acesso”, promete o panfleto do grupo.“Viemos para ficar”.
Em complemento ao bloqueio, os manifestantes pretendem organizar dias de ação sobre temas específicos como agricultura e migrações e um concerto de “música e mensagens” dirigidas à reunião de Cúpula, além de ações contra o militarismo, a guerra, a tortura e “o estado global de exceção”. A pequena presença de africanos nos painéis relativos ao tema, porém, revelaram um outro problema inescapável para os grupos - majoritariamente europeus - engajados nos protestos contra o G-8: o abismo enorme que os separa não somente dos chefes de Estado, mas também da base social que mais sofre as conseqüências das políticas dos países ricos.
Nairobi (Quenia) – A próxima reunião de Cúpula do G-8, o grupo dos oito países mais ricos do mundo, tem mobilizado a articulação de grupos e a discussão de temas correlatos no VII Fórum Social Mundial. De 6 a 8 de junho, representantes dos governos dos EUA, Canadá, Japão, Grã-Bretanha, França, Itália, Alemanha e Rússia marcaram uma reunião em Helingendamm, próximo a Rostock, Alemanha, na região do Mar Báltico.
“Será um encontro relevante, pois além de assumir a presidência do G-8, a Alemanha também estará ocupando a presidência da União Européia”, adverte Cláudia Warning, presidente da Associação Alemã de Organizações Não-Governamentais (ONGs) de Desenvolvimento - Association of German Development NGOs (Venro) e diretora da Associação de Igrejas Protestantes (EED) da Alemanha.
As organizações ligadas a Venro propõem, entre outras medidas, o aumento do orçamento dos países ricos para a Assistência Oficial para o Desenvolvimento – Official Development Assistence (ODA) - destinado aos países pobres, o cancelamento da dívida externa e justiça no comércio global. “O G-8 insiste na abertura de mercado para atração de investimentos estrangeiros como receita única para o desenvolvimento. Isso não basta. A África do Sul recebe muitos investimentos estrangeiros e continua sendo muito pobre e desigual”, argumentou Cláudia em uma das mesas dedicadas ao assunto.
Os países ricos, realçou a ativista indiana Vandana Shiva, não se podem eximir de suas responsabilidades pelos desequilíbrios provocados por esse modelo único de crescimento e desenvolvimento com base na produção industrial não-sustentável e no livre comércio. “A abertura de mercado imobiliário na Índia apenas abriu as portas para os especuladores tomarem conta do setor", afirmou.
O posicionamento do deputado da Comissão pela Cooperação Econômica do Parlamento Alemão, Saacha Raabe, durante um dos debates sobre o assunto foi bastante sintomático. Raabe declarou que concorda com a necessidade de aumento de doações (ODA) para os países pobres e com a flagrante incoerência da política de subsídios agrários, mas não se privou de fazer uma ressalva: “continuo achando que a integração pelo mercado pode ajudar os países pobres”.
Muitas entidades da sociedade civil, pontuou George Ehusania, secretário da principal entidade que reúne a Igreja Católica na Nigéria, limitam-se a exigência de mais controle e transparência. “Muitas promessas foram feitas em Gleneagles [nos EUA, local da última reunião de Cúpula do G-8 realizada em 2005; naquela ocasião, o primeiro-ministro britanico, Tony Blair, definiu inclusive a iniciativa dos chefes de Estado em Gleneagles como “a esperança de que a pobreza na África poderá ser extinta”]. E nada aconteceu. Precisamos de mudanças estruturais”, completou Ehusania. “Essa não é a agenda da sociedade civil. Os 8 mil milionários na África continuam aumentando o seu patrimônio e detêm aproximadamente US$ 52 bilhões (leia também: "Desigualdade social aflora como tema símbolo do Fórum em Nairobi"). “Precisamos encontrar uma forma de deslegitimar a agenda do G-8”, adicionou o brasileiro Candido Grzybowsky, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
Ações
Entidades organizadas no coletivo “Block G-8” (Bloqueie o G-8) também participaram de discussões e distribuíram panfletos no FSM 2007. Eles pretendem bloquear o encontro de cúpula com um único objetivo: “tráfego zero para e de Helingendamm por todas as entradas possíveis”.
“Nós não vamos deixar as estradas voluntariamente, porque a nossa ação não pretende limitar-se ao simbolismo. Nós queremos real e efetivamente bloquear a Cúpula do G-8 e minar a infra-estrutura de acesso”, promete o panfleto do grupo.“Viemos para ficar”.
Em complemento ao bloqueio, os manifestantes pretendem organizar dias de ação sobre temas específicos como agricultura e migrações e um concerto de “música e mensagens” dirigidas à reunião de Cúpula, além de ações contra o militarismo, a guerra, a tortura e “o estado global de exceção”. A pequena presença de africanos nos painéis relativos ao tema, porém, revelaram um outro problema inescapável para os grupos - majoritariamente europeus - engajados nos protestos contra o G-8: o abismo enorme que os separa não somente dos chefes de Estado, mas também da base social que mais sofre as conseqüências das políticas dos países ricos.
Fonte: Carta Maior
http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13368
https://www.alainet.org/es/node/118930
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