FNDC propõe temática para a Conferência
06/11/2007
- Opinión
A Conferência Nacional de Comunicação é uma proposta da sociedade civil que este ano foi acolhida pelo Governo Federal. Acontecerá em 2008, fruto de uma construção conjunta entre entidades representativas de categorias profissionais, do movimento social e o Estado. A idéia da conferência porém, é uma formulação antiga do FNDC, que apresentou recentemente o esboço de uma proposta temática para a conferência. O elenco de temas foi relacionado pelo Fórum a partir do acúmulo de estudos e militância na elaboração teórica e política do setor de comunicações no País.
Soberania, liberdade de expressão, regionalização, inclusão social, diversidade cultural, convergência tecnológica e questões de gênero são, para o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), os princípios fundamentais que devem permear a pauta da Conferência Nacional de Comunicação (a ser realizada em 2008). “Não dá para pensar uma Conferência Nacional sem esta abrangência”, diz Vera Canabrava, da Executiva Nacional do FNDC e dirigente do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
O Fórum apresentou recentemente, na comissão Pró-conferência (movimento que se reúne quinzenalmente para organizar ações e atividades que culminarão na grande assembléia), uma proposta temática para o encontro de 2008. A proposta organiza temas que não poderão faltar nas discussões acerca das políticas de comunicação para o Brasil, considerando o ambiente de convergência dos meios e foco no cidadão.
Meios em transição
A transferência em curso do processo analógico para o digital, que faz convergirem os meios de comunicação, mudará definitivamente a forma como nos relacionamos com a televisão aberta, o rádio, as telecomunicações, cinema, mídia impressa e o mercado editorial. A Conferência Nacional de Comunicação precisará tratar dos meios considerando a situação de transitoriedade pela qual eles passam. “Não podemos abandonar, nesta Conferência, a divisão dos meios físicos. Temos que regulá-los considerando suas características. Assim como a televisão, também o livro, o jornal impresso, todos esses meios que estão em mudança”, defende Celso Schröder, coordenador-geral do FNDC, destacando que não se sabe quanto tempo tais meios vão durar no formato atual.
Durante a Conferência Nacional Preparatória de Comunicação, realizada de 17 a 19 de setembro, em Brasília, o FNDC defendeu o conceito de rede pública e única, com garantia de acesso universal a uma oferta de vídeo, voz e dados à população. O Fórum considera que a convergência no Brasil deve ser planejada no contexto das diversas plataformas tecnológicas de comunicação social e visando a otimização de suas decorrentes possibilidades econômicas, políticas e culturais
Cadeia produtiva
É essencial que o debate sobre a cadeia produtiva seja feito agora (já deveria ter sido feito para o Sistema Brasileiro de TV Digital – SBTVD), defende o FNDC em sua proposta temática. Nesse sentido, o Fórum propõe pensar no cidadão acima do consumidor, ou seja, com outro enfoque. “Colocar os mass media num outro patamar, que não é só de negócios, mas de direito público, pensando no cidadão”, esclarece a psicóloga Vera Canabrava, que representa o FNDC e o CFP na Comissão Pró-conferência . Vera salienta que a proposta do Fórum observa a questão tecnológica nos meios de comunicação com foco no cidadão.
Com a configuração que se desenha no ambiente de convergência, novos comportamentos exigem uma outra forma de pensar a cadeia produtiva da comunicação, basicamente: Produção, Provimento, Distribuição/Circulação, Recepção/Consumo. “A cadeia produtiva tem que ser racionalizada, pensada com todos os serviços que fazem parte dela, não só sobre o negócio. E temos que legislar sobre esses vários aspectos, cada um com suas especificidades e ao mesmo tempo articulados entre si”, detalha o coordenador do FNDC, apontando para a necessidade de se produzir políticas públicas para universalização, financiamento, regulação/legislação, educação para a mídia, pesquisa e desenvolvimento.
Rompendo a lógica dos sistemas
Os sistemas brasileiros – público, estatal e privado – foram montados a partir de uma lógica privada. O FNDC propõe pensá-los com outro foco, mudando para uma ótica pública. “Não é pensar em estatizar, mas criar mecanismos de controle, que nós nem sabemos ainda quais são, podem ser conselhos, ombudsmans, mecanismos pelo quais a sociedade incida sobre a autorização, seja ela privada ou pública”, explica Schröder. Será necessário constituir políticas públicas para a organização dos sistemas, gestão, financiamento, ordem econômica.
A partir da Conferência serão definidos os encaminhamentos necessários,proporcionando uma base para o processo regulatório das comunicações no país e para ações de governo e do Estado nesse sentido. “Da Conferência é bom que saia um ‘mapa\' indicativo com as leis que vamos precisar. Não defendemos uma única lei, mas bases de acordo que permitam leis mais consensuais, rompendo a lógica que se criou no Brasil, que as poucas leis que têm saíram dos interesses patrimonialistas da empresas”, declarou Schröder.
Conferência em construção
Os deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara decidiram, esta semana, encaminhar emenda ao Plano Plurianual (PPA) 2008-2011 referente à destinação de recursos para a gestão da política de comunicações do País. Os parlamentares propõem que sejam destinados R$ 20 milhões para a realização de conferências regionais e nacional de comunicação. “O objetivo da emenda é contribuir para a coordenação do planejamento e a formulação de políticas setoriais com a perspectiva da democratização da comunicação social no país”, justifica o CCTCI.
O movimento Pró-Conferência Nacional de Comunicação foi criado oficialmente ao final do Encontro Nacional de Comunicação, que ocorreu em junho de 2007, por iniciativa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados. É composto por cerca de 30 entidades da sociedade civil de caráter nacional, entre elas o FNDC, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Conselho Federal de Psicologia (CFP), Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Intervozes, Federação Interestadual de Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão (Fitert), Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), Laboratório de Políticas em Comunicação da Universidade de Brasília (LaPCom/UnB), além da CDHM e do Ministério Público Federal.
- Ana Rita Marini - FNDC
http://www.proconferencia.com.br/artnot/22.htm
https://www.alainet.org/es/node/124085
Del mismo autor
Clasificado en
Clasificado en:
Comunicación
- Jorge Majfud 29/03/2022
- Sergio Ferrari 21/03/2022
- Sergio Ferrari 21/03/2022
- Vijay Prashad 03/03/2022
- Anish R M 02/02/2022