Informe de Rafael Alegria
21/09/2009
- Opinión
O presidente Zelaia retornou ao país e está neste momento na embaixada brasileira. Assim que saiu a notícia de seu retorno, se reuniu uma multidão de cerca de 30 mil pessoas ao redor da embaixada. E se realizou um ato politico pelo retorno a democracia. Hoje de madrugada, os militares golpistas enviaram forças especiais para impedir que as pessoas voltem a se concentrar ao redor da embaixada e reprimir qualquer manifestação e já prenderam mais de 300 pessoas, que são levadas para uma espécie de campo de concentração, como na época do golpe no Chile.
Os militares decretaram toque de recolher e prendem qualquer pessoa que permanece nas ruas. Há notícia de pelo menos 17 pessoas feridas. Os líderes populares estão sendo perseguidos. Mais cedo, eu estava em um carro que foi baleado. Fomos perseguidos por policiais em uma moto, que apontavam armas e atiravam.
A situação no país é bastante tensa e há muitos confrontos com a polícia. Há grandes manifestações em apoio a Zelaia em varias cidades, apesar do toque de recolher. Os militares bloquearam as estradas e impedem a passagem dos manifestantes que querem chegar a capital.
O governo golpista ameaça invadir a embaixada brasileira. Foram cortados serviços básicos para a embaixada, como energia e água, além do bloqueio para a entrada de alimentos. Há cerca de 300 pessoas refugiadas na embaixada neste momento. Os golpistas ameaçam também fechar os aeroportos para impedir a entrada de delegações internacionais de negociação, como a OEA e a ONU.
A presença do presidente Zalaia anima e povo e a resistência continua. A solidariedade internacional é muito importante neste momento. O povo hondurenho apóia uma saída pacífica e defende uma nova Constituinte, participativa e democrática.
Diante do retorno do presidente Zelaya, os movimentos mobilizados acreditam que agora se alterou a correlação de forças e que agora não se trata mais apenas de rediscutir o calendário eleitoral das próximas eleições presidenciais, mas entrou o tema da necessidade de uma constituinte, para repactuar as leis do país, de acordo com as mudanças necessárias que o povo exige na rua.
O presidente Zelaya alertou no comício de ontem que as propostas do acordo de San Jose, agora estão vencidos. Como os golpistas não aceitaram, gora, não há outro caminho, é preciso avançar.
O sr. Micheleti, teve a petulância de pedir que Lula oferecera asilo politico a Zelaya, uma aitude que foi ridicularizada por todas as forças políticas.
Os próximos dias serão chave para os desdobramentos. Esperamos que as organizações populares continuem solidárias, se manifestem nas embaixadas e consulados Hondurenhos, recuperem esses espaços, como espaços do povo hondurenho que foram usurpados pelos golpistas. Esperamos que as Nações Unidas tenham uma posição firme, e enquanto isso estaremos promovendo novas mobilizações.
Convidamos a todos os militantes, internacionalistas, personalidades, intelectuais e artistas a virem a Tegucigalpa, nos dias 8 a 10 de outubro, para o encontro internacional de solidariedade a Honduras.
- Informe de Rafael Alegria é dirigente da Via Campesina
Desde Honduras, 22 de setembro de 2009, 17h.
https://www.alainet.org/es/node/136536
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