Lula e a farsa-tarefa
- Opinión
Em pronunciamento público, Lula falou com indignação ao revelar a real motivação política das mentiras e da perseguição contra ele e sua família e o PT, culminando na denúncia, sem provas, anunciada por procuradores fascistas em espetáculo midiático.
Não é de hoje que a elite conservadora age à margem da lei para atacar aqueles que defendem os interesses nacionais e os direitos da maioria da população brasileira. Foi assim com Vargas, levado ao suicídio. Foi assim com Juscelino, cassado e morto em estranho acidente, e foi assim com Jango, deposto do governo e do país. Foi assim com milhares de brasileiros presos, exilados, torturados e executados pela ditadura militar.
Lula é um nordestino que sofreu as agruras da seca, da fome e do desemprego, sendo obrigado junto com a mãe D. Lindu e os irmãos a buscar a sobrevivência em São Paulo. Lá ele cresceu e se formou no ofício de metalúrgico, tornando-se o principal líder das greves operárias do ABC paulista, no final da década de 1970, no período da ditadura.
Na luta ao lado dos trabalhadores e contra a ditadura, ele se juntou a outras lideranças sindicais, religiosas, intelectuais e socialistas para fundar um novo partido político em defesa dos trabalhadores, das causas sociais e do Brasil – o Partido dos Trabalhadores. O PT tornou-se o maior partido de esquerda da América Latina, nascido das lutas operárias e democráticas e crítico ao burocratismo do socialismo real no Leste Europeu.
Ao longo de sua trajetória vitoriosa, o PT elegeu vereadores, prefeitos, deputados estaduais, distritais e federais, senadores e governadores. Em 2002, após três eleições presidenciais, o povo brasileiro elegeu Lula, o primeiro operário presidente do Brasil.
A partir da posse de Lula, em 1º de janeiro de 2003, começa o maior desafio do PT e da esquerda brasileira. Sem maioria parlamentar, longe disso, para garantir a propalada governabilidade, teve de organizar um governo de coalização com forças heterogêneas. Com essas forças, o programa levado a efeito possibilitou construir uma agenda política que combinou crescimento econômico com distribuição de renda e inclusão social.
Foi daí que nasceu o Fome Zero, o Bolsa Família, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), o Prouni, o Fundeb, as novas Universidades e Escolas Técnicas, o Luz para Todos, o Minha Casa Minha Vida, o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), o apoio aos assentamentos e a ampliação do Pronaf.
As políticas sociais, o aumento real do salário mínimo e a geração de emprego e renda, principalmente com carteira assinada, promoveram a maior inclusão e ascensão social da história brasileira, que reduziu drasticamente a miséria, a pobreza e retirou o Brasil do Mapa Mundial da Fome, fazendo surgir uma nova classe trabalhadora que impulsionou o nosso desenvolvimento com redução das desigualdades sociais.
Além disso, segmentos sociais historicamente marginalizados e excluídos como as mulheres, os negros, os quilombolas, o segmento LGBT, as crianças e os adolescentes, a juventude, os idosos, as pessoas com deficiência e a população de rua passaram a ter voz nas conferências setoriais e instâncias governamentais, garantindo a participação popular e democratizando a definição e o acompanhamento das políticas públicas.
Uma revolução democrática sem armas passou a ser atacada a partir de 2005 com a crise do chamado “mensalão”, quando se tentou fragilizar e inviabilizar o governo Lula, o que acabou acontecendo no governo Dilma com o impeachment sem crime. O golpe parlamentar na democracia foi deflagrado a partir da Operação Lava-Jato, que articulou forças do Congresso Nacional, do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário, respaldas pela mídia monopolista, por grupos econômicos internos e conglomerados externos com interesse no enfraquecimento da Petrobras e na exploração do pré-sal.
Condenaram várias lideranças, massacraram o PT e derrubaram a presidente da República, mas faltava o alvo principal: Lula, o maior líder popular da história brasileira, o comandante máximo do combate à fome e líder das pesquisas eleitorais para 2018. Do triplex ao sítio, que não são dele, procuradores usam seus cargos e o dinheiro público para organizar a maior farsa jurídica do Ministério Público brasileiro, acusando Lula declaradamente sem provas, mas por “convicção” da força-tarefa.
O mundo do trabalho, da ciência e da cultura, professores, juristas e advogados, partidos e lideranças democráticas e de esquerda, organizações e movimentos sociais, sindicais e estudantis, mulheres, intelectuais, artistas, escritores, jornalistas e personalidades mundiais estão se manifestando contra o estupro da cidadania. É hora da nação se levantar contra mais essa farsa que ofende o Brasil e o Estado Democrático de Direito.
Osvaldo Russo é estatístico, foi chefe de Gabinete e secretário de Inclusão Educacional do Ministério da Educação e secretário nacional de Assistência Social, no governo Lula.
Artigo publicado no Brasil Popular – 19/09/2016
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