As informações mais recentes sobre o assassinato de 10 camponeses (entre os quais uma mulher) no município de Pau D'Arco no Pará apontam para um espetáculo de crueldade, em que os camponeses foram assassinados a sangue frio por policiais civis e militares. Esses policiais estariam obedecendo ordens dos seus chefes imediatos e teriam levado pelo menos um dia para massacrar os trabalhadores rurais. A TV do Pará publicou hoje a notícia sobre essa nova versão sem maior destaque, de modo frio e indiferente.

As opiniões populares em geral vão no sentido de que esse será mais um caso de impunidade, na longa sequência da mortandade planejada que em todo o país tem resultado na impunidade programada pelo Estado e pela iniciativa privada. Até agora, o caso mais gritante de impunidade na prática era o da religiosa norte-americana Dorothy Stang, executada friamente por um pistoleiro contratado por fazendeiros. O caso coletivo mais gritante, também marcado pela impunidade era o de El Dorado de Carajás com cerca de 19 trabalhadores mortos. O caso de Pau D'Arco acontece paralelamente no momento em que as instituições democráticas encontram-se em estado de choque, provocado pela permanência no poder de um grupo de corruptos, a começar pelo presidente ilegítimo Michel Temer. O Brasil que já havia avançado bastante na consolidação de sua democracia e na credibilidade de suas instituições vê-se de repente governado por quadrilhas inescrupulosas que se estendem do Palácio do Planalto até o lugar mais distante onde a nossa bandeira é diariamente hasteada.

Vencer o medo

O quadro atual do país é desolador e cada brasileiro/a honesto/a pergunta-se até que ponto se chegará neste processo político caótico. Nesta hora convém dirigir o pensamento para esses lutadores sociais que são diariamente esmagados pela violência estrutural e vencer o medo que o sistema repressor transmite de todas as formas, a começar pelo mau uso da mídia.